Mato Grosso do Sul está conectado aos países andinos por asfalto, a partir da região de Corumbá. Também se conecta com o Paraguai de forma direta, por ser fronteira, e agora virá uma ponte nova, na região de Porto Murtinho, para o caminho que estão chamando de Rota Bioceânica. Também está no Mercosul pela hidrovia do Paraguai. MS tem seis diferentes portos nessa hidrovia.
O comércio entre os lados flui e o turismo faz parte da pauta de toda a região. A segurança tem meios mais efetivos de combate ao mal feito por causa das diferentes conexões entre os lados da fronteira.
No caso com a Bolívia, o asfalto até MS foi feito pelo próprio governo do país vizinho. Comenta-se que teve até dinheiro emprestado do BNDES para obras ali. Empreiteiras brasileiras fizeram parte das obras também. Até o Acre está conectado ao Peru por asfalto feito com recurso emprestado do Brasil.
E o nosso lado como anda a coisa toda? A novidade está na hidrovia do Paraguai, onde dois novos portos estão sendo construídos, Barranco Vermelho e Paratudal. Esses portos farão MT ter mais comércio com países do Mercosul e ainda sai no Atlântico.
Mas na direção dos países andinos a coisa não anda. Não é que o governo do estado ou Brasília tenham que asfaltar trechos dessa área para se ter uma integração maior. O asfalto que falta é ainda na Bolívia. Já está asfaltado entre Cáceres e San Matias, por exemplo.
O caminho talvez fosse um trabalho de médio e longo prazo, com grupo especifico aqui do estado, junto ao governo boliviano, com presença da prefeitura de Cáceres e prefeituras da Bolívia mais perto de nossa fronteira.
Essa aproximação, com os cuidados diplomáticos necessários, poderia quem sabe convencer o governo boliviano a asfaltar o trecho que falta dentro do país, entre Concepcion e San Matias, na nossa fronteira. Este é o trecho que interessa.
Esse trabalho do governo boliviano deveria ser incentivado e até oferecer suporte para que eles tenham condições de ter empréstimos do BNDES, como se teve em outras empreitadas, para concluir o asfalto para o nosso lado.
Quem mais ganha com isso no estado seria Cáceres. Daí que esse trabalho teria que contar com o apoio e boa vontade de gentes e autoridades do município. Impressiona, ao longo dos anos, a quase indiferença dali para um assunto que daria imenso impulso à economia de Cáceres e região.
Com essa ligação asfáltica se pode chegar ao mercado andino que tem cerca de 150 milhões de habitantes e um PIB regional que beira um trilhão de dólares. Seria uma base enorme para a agroindústria estadual, agora e mais ainda no futuro. Além de aumentar o turismo em ambas as direções e ajudaria também o trabalho de segurança na fronteira.
É um jogo de ganha-ganha e que deveria ter um time para trabalhar essa alternativa de longo prazo. Mato Grosso do Sul tem diferentes alternativas com os vizinhos sul-americanos. Por que não aqui?
Alfredo da Mota Menezes é Analista Político.
E-mail: pox@terra.com.br
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