Onde? Em duas propostas de ferrovias no estado. Começo pela aprovação na Assembleia Legislativa, em primeira votação, da lei que autoriza o estado a fazer a concessão do trecho da ferrovia de Rondonópolis a Lucas ou Sorriso.
A alegação é que é um trecho dentro do estado e que não necessitaria do aval do governo federal. Essa aprovação foi depois de um entendimento com a direção da Rumo Logística para que a ferrovia passe por Cuiabá.
Apareceu gente da área de logística dizendo que a ferrovia não circula somente em MT e, nesse caso, precisaria sim do aval do governo federal para concessão do trecho Roo a Lucas. E que ainda precisaria de um estudo de viabilidade do Ministério da Infraestrutura para ver se a ferrovia pode ou não passar por Cuiabá.
A disputa está clara: Ferrogrão de Sinop a Miritituba ou a Rumo desce a serra e vai para o Nortão. Fatos sugerem que o governo federal teria predileção pela Ferrogrão. O impacto de uma ferrovia, nascendo do zero, seria maior do que a construção do trecho Rondonópolis a Lucas.
O ideal seria sair as duas ferrovias, mas, no capitalismo a la Brasil, duas ferrovias vão competir entre si por frete? Não parece que isso tenha acontecido em outros lugares do Brasil. No nosso caso, cada dia fica mais claro, ou sai a Ferrogrão ou a Rumo vai buscar carga até no Nortão do estado.
Esta ferrovia, ao ter estendida sua concessão e investir na Malha Paulista, quer aumentar sua carga para Santos. Hoje transporta algo como 30 milhões de toneladas e, com os novos investimentos e indo mais longe em MT, poderia transportar até 70 milhões de toneladas.
Voltando à lei aprovada na Assembleia Legislativa e suas consequências. Se o estado tiver o poder de fazer a concessão sem Brasília o assunto estaria resolvido. Se precisar do aval de Brasília, com a preferência dali pela Ferrogrão, o governo Bolsonaro não aprovaria a concessão do trecho Roo a Lucas passando por Cuiabá?
Se pensar em reeleição, vai pensar duas vezes. É que a Baixada Cuiabana tem um terço do eleitorado do estado e também a maior parte da classe politica apoia a concessão do trecho Roo a Lucas. Ou aprovaria a concessão, passando por Cuiabá, e ainda a construção da Ferrogrão e deixa ver quem tem mais bala na agulha?
Acreditando que a Rumo vai a Lucas, passando pela capital, dirigentes empresarias do Distrito Industrial em Cuiabá pedem que o terminal da ferrovia seja naquele Distrito. Que ali tem o Porto Seco, a termoelétrica, o gasoduto e 260 indústrias.
Se a Rumo quer fugir de área urbana lá na Malha Paulista, iria entrar em Cuiabá? Sei não. Aliás, onde é o terreno que diretor da Rumo disse que seria o local do terminal nesta região? Não parece que está no Distrito Industrial. Mas o que importa mesmo é a ferrovia ter um terminal nesta área. Daria um impacto enorme na economia local.
Alfredo da Mota Menezes é Analista Político.
Email: pox@terra.com.br Site: www.alfredomenezes.com
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