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Eleição norte-americana e o Brasil

  • Artigo por Alfredo da Mota Menezes
  • 16/07/2020 08:07:57
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                Eleição nos EUA sempre chama atenção, mas a deste ano tem ingrediente a mais. Vitória ou derrota de Donald Trump mandaria recados para muitos lugares do mundo.  Trump é o resultado do desgaste e dos erros da classe política norte-americana. Não só lá. Cresceu a desconfiança na elite politica em muitos países. Veja o caso brasileiro com a eleição de Bolsonaro.

            Partidos e lideres de partidos como PT, PSDB, MDB são olhados de forma enviesada pelo eleitorado. Estavam atrás de nomes que não fosse do circulo conhecido e que se revezava no poder por muito tempo. Essa rejeição ajudou na escolha do Bolsonaro. Foi o caso de Trump nos EUA também.

                 Trump personificou a cara fora de Washington e que representaria milhões de pessoas que se sentiam marginalizadas na chamada América Profunda.  Americanos de cidades pequenas, conservadores, evangélicos, brancos, com menos estudos. Gentes que veem imigrantes ou estrangeiros como ameaçam a seus empregos e modo de vida. Querem a volta de uma América de sonhos. Trump falou a linguagem dessa gente esquecida.

           Hillary Clinton venceu Trump nos grandes centros e estados, como Califórnia Nova York. Ganhou até no voto popular mas perdeu no colégio eleitoral. Um meio politico inventado ali e que representa mais aquele EUA distante. Trump também usou a mídia social como alternativa para conversar com o interior fora do radar de Washington. Chegou ao eleitorado que se acha esquecido.

            Trump caminhava para ser reeleito com essa postura e também porque a economia estava indo bem. E muitos americanos, principalmente da América Profunda, pensam com o bolso. Mas no meio do caminho tinha uma pedra: a pandemia.

                Com receio de que a economia tivesse problema e atrapalhasse sua reeleição, ele arguia que a doença não era tão forte assim, cloroquina resolvia e indo contra quarentena. Era um perigo, atrapalharia a economia. As coisas caminharam para um lado macabro, ele não soube reagir ou liderar o país nesse assunto e pode ter consequência eleitoral.

                Joe Biden, do partido Democrata, está à frente dele em todas as pesquisas de opinião. Na eleição passada, Hillary Clinton, por essa altura do jogo, também estava. Mas não havia a pandemia.

             Se Trump ganha, o modelo que segue e é líder, espalharia mais ainda pelo mundo. Se perder para o politico tradicional, que vai procurar desmitificar tudo que ele tentou construir, a coisa mudaria em muitos lugares. Chegaria aqui também.

                Como reagiria o governo Bolsonaro com um Democrata no governo nos EUA? Este partido vem acusando o governo brasileiro sobre meio ambiente, de ataques à democracia e direitos humanos. Foi ainda contra o acordo comercial entre os dois países. Bolsonaro mudaria o comportamento, se aproximaria de um novo governo ali? Ernesto Araújo, das Relações Exteriores, vai dizer que os Democratas são esquerdistas?

                A verdade é que, caminhe para esse ou aquele lado, a eleição deste ano nos EUA terá consequências no Brasil. Também em muitos lugares pelo mundo, mas o Brasil é um caso emblemático desse momento mundial na política.

 

Alfredo da Mota Menezes é Analista Político.

E-mail: pox@terra.com.br   Site: www.alfredomenezes.com



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