Gostaria de trazer neste artigo tema para uma boa reflexão da gestão pública tanto no Executivo quando no Legislativo de nosso Estado. Até 1986 Mato Grosso planejava com grande eficiência as suas gestões de olho no futuro. Dessa data em diante nunca mais se planejou a longo prazo. Sempre foram remendos emergenciais.
Havia uma geração de técnicos muito qualificados em planejamento e com grande visão sobre o território e as necessidades num futuro possível. Aposentaram-se. Tudo mudou e mudou pra muito pior na questão do planejamento. Aqui faço uma ressalva. O governo Dante de Oliveira preparou um “Plano de Metas” pra 1995 em diante. Mas encontrou o Estado tão quebrado que precisou tomar o rumo da chamada reforma fiscal e a reforma da gestão. O plano original ficou na gaveta.
De lá pra cá tudo mudou. Em 1994 a safra de soja foi de 3,5 mil toneladas. Em 2017 a safra de grãos passou de 52 milhões de toneladas. As pequenas necessidades de então multiplicaram cerca de 15 vezes junto com o salto da economia. Mas em nenhum momento houve planejamento que acompanhasse essas mudanças.
O futuro será ainda mais desafiador porque mudarão nos próximos anos o volume de produção, as necessidades da logística de transportes, o planejamento e a implantação efetiva de um sistema agroindustrial, a necessidade de mudanças na educação pra os necessários quadros de RH, além da multiplicação de outros setores como educação, serviços do Judiciário, de crédito, etc. Sem contar a inevitável qualificação dos serviços públicos e a melhoria essencial do comprometimento dos servidores públicos.
Há que se considerar a inevitável abertura da economia brasileira a capitais estrangeiros e as parcerias público-privadas, somadas às privatizações. Mato Grosso terá que se abrir para a entrada de capitais estrangeiros na infraestrutura de transportes e nos investimentos industriais. Aí se mexe no urbanismo onde nós ainda engatinhamos. O Estado terá que se voltar pra realidades hoje completamente fora de cogitações.
Mas falta planejamento. Em tudo. Sem planejamento não se saberá onde investir, quanto vai investir, nem quando, nem como, nem quais as prioridades.
Penso que nestes dois anos da gestão Pedro Taques e nos próximos, mais do que construir, será preciso planejar. Sob pena do futuro chegar e nos encontrar completamente fora dos contextos desse e seremos atropelados.
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso
Ainda não há comentários.