No próximo domingo o país voltará às urnas no segundo turno da eleição presidencial de 2018. Duas candidaturas opostas e contraditórias. Identificadas com dois extremos ideológicos. Uma, tradicional, patrocinada pelo Partido dos Trabalhadores reivindicando posições de esquerda, no poder desde 2003. Outra, sem partido, mas identificada com uma onda suprapartidária que surgiu no cenário. Classificada à direita.
A verdade é as duas candidaturas oferecem cenários opostos. Um, “o retorno da felicidade”, lembrando as gestões Lula, entre 2003 e 2010. Outra prometendo “ordem e progresso”. Do ponto de vista da ciência política exclusiva, as duas não se sustentam. Mas do ponto de vista pragmático, o que está na média das duas é uma guerra em nome do Brasil.
Contra a candidatura do PT estão as contradições da economia, da política e da insegurança jurídica que assolam o país. Contra a candidatura oposta, está a identificação com o espírito positivista militar, que se revela no perfil do militar candidato.
Vale aqui recordar o espírito do positivismo retratado na bandeira nacional: “Ordem e Progresso”. De inspiração positivista do século 19, representa a ideia de que não haverá progresso se não houver a ordem. E esta se necessário precisará ser imposta. Prega governos duros. Em função da tutela social pela ordem, o progresso virá como resultado. Na prática, se a vitória se der nessa direção, teremos um governo de autoridade muito forte. Talvez tenha sido isso que seduziu a grande onda que se formou em torno da candidatura Bolsonaro.
Já a candidatura Haddad inspirada no socialismo assusta a classe média, os setores econômicos e parte das classes trabalhadoras pelas crises pós-governo Dilma, da mesma sigla. A inspiração do exemplo vizinho da Venezuela é um fantasma que paira sobre a imaginação coletiva. É uma candidatura que carrega a herança da última década. Muitas explicações a dar.
No domingo cada eleitor entrará na cabine da votação carregando nas costas o imenso peso de re-construir um grande país levado à beira do abismo e muito mal avaliado no mundo inteiro. Semana de muito terrorismo eleitoral. Mas semana que poderá definir que tipo de Brasil teremos a partir de 1º. de janeiro de 2019.
No ar, incertezas. Muitas incertezas!
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso
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