Quando alguém chega ao seu fundo de poço, no momento mais crítico da sua vida, depois de uma sucessão de eventos ou de uma que seja, traumática, por inabilidade e sentimento de impotência para lidar e solucionar, fica desesperançoso, desesperado, sem perspectivas de mudança e superação, muita dor, sofrimento.
Neste instante é preciso ter fontes de força para se sustentar em pé ou deitado, de joelhos somente se for para orar, que possam evitar o mal maior, a memória de seus pais, filhos, enfim, família e amigos.
Pessoas que amam-te puramente, espontaneamente e verdadeiro.
O amor por eles e o amor deles por ti podem preencher, inicialmente, a completa falta de amor-próprio naquele instante.
Se viveu e sobreviveu, aquele momento de isolamento e depressão grave e profunda, pela primeira vez, com pensamentos suicidas, quase efetivados ou não, foi por isso e pela ação de um Deus amoroso e cuidadoso, que lhe devolve à sanidade, sobriedade, alegria de viver e inspirado a melhorar cada dia, mesmo cometendo deslizes.
Tem-se muito, mais muito, para evoluir, ressentimentos para perdoar, reservas para colocar princípios acima de personalidades, reconhecer o real tamanho de cada um, ser mais humilde, esvaziar-se para o espírito entrar.
Essa direção é possível. Dói muito fazer renúncias e movimentos contrários, porém é a única forma de crescer.
O sofrimento, aprende-se na prática, é opcional, fruto de inércia ou complacência com um processo, uma caminhada de recuperação, reforma íntima, desconstrução e reconstrução do ego, sem personagens, sem rei bebê, com acolhimento da criança assustada nos recônditos do inconsciente ou subconsciente, como preferir.
O desafio primeiro e derradeiro, de qualquer um de nós, é desconstruir o egocentrismo, principal sintoma da vulnerabilidade espiritual, que nos leva a preencher o vazio, à carência, com autoengano, autopiedade, dependência, codependência, racionalizações, prepotência, arrogância, obsessões e compulsões.
Tudo, para inverter a fórmula, ao buscar fora, em coisas e pessoas, esse alívio, essa paz de espírito, quando em verdade é de dentro para fora que o sol irradia, na hipótese concreta do ser humano, com autoconhecimento e ajuda-mútua.
Particularmente, tenho procurado burilar e sedimentar valores como honestidade, mente-aberta e boa-vontade, aceitação, amor e fé, serenidade, coragem e sabedoria.
Viver o hoje, nem o ontem, tampouco o amanhã. Nunca chegarei a 100%.
Caso alcance um índice superior a 50%, estarei mais do que satisfeito.
Resumindo, compreendi que no final quem direciona é Deus, não nós. Ele que faz por nós o que não conseguimos fazer.
Temos de largar o controle e permitir sermos conduzidos, mediante pedido de ajuda, para começo de história, ao revés de querer resolver tudo sozinho, como se fossemos autossuficientes.
Somos uma família, não alguém solitário, a humanidade.
Quem precisar partilhar, conversar, pedir retorno ou simplesmente desabafar, pode me ligar qualquer hora, qualquer dia da semana.
Só dando que recebemos, como dizia Francisco, amando somos amados.
Paulo Lemos é advogado - e uma das principais referências de atuação na defesa dos Direitos Humanos.
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