Sou psicopedagoga há quase quatro décadas. Tenho experiência tanto em escolas públicas quanto nas particulares. Também adquiri, ao longo deste tempo, conhecimentos diversos, como o ensino aos alunos especiais, e fui desafiada inúmeras vezes ao longo da minha carreira, sejam pelos próprios alunos, por seus pais ou pelas gestões de ensino. Ainda assim, durante todo este tempo, nunca havia vivido uma pandemia como a do novo coronavírus (COVID-19).
Acredito que o momento que estamos passando é, para diversos de nós e, principalmente, para algumas profissões, uma grande incógnita. Muitos falam sentir saudades do “antes da pandemia”. O questionamento que faço, no entanto, é: estávamos no caminho certo?
No que tange às nossas crianças, estávamos dando a atenção correta? É claro que não desejávamos algo como uma pandemia, quase que descontrolável e que atinge nosso país nas frentes sanitária, econômica e social. O confinamento, no entanto, nos obrigou a olharmos para nós mesmos e para a forma que estamos nos relacionando com nossos filhos, colegas de trabalho e amigos. O isolamento nos obrigou, também, a traçar estratégias para continuarmos seguindo, apesar de tudo.
Na escola que conduzo, o Educandário Jardim das Goiabeiras, em Cuiabá, tive que, ao lado do meu corpo docente, desenvolver e criar atividades para que os pais ajudem seus filhos a continuarem estudando em casa. Primeiro, fizemos o ‘pegue e leve’, em que o material de apoio dos estudos da semana é entregue na porta da escola para os responsáveis. Tudo é devidamente higienizado antes e sugerimos que seja também ao chegar em casa.
A lousa, agora, é uma tela de tablete, notebook ou celular. Não existe mais uma sala de aula repleta de alunos, senão, por vezes, um espaço improvisado em casa.
Sabemos que todos, em maior ou menor grau, sofrem pelas mudanças. Mas é preciso entender exatamente isso: nunca mais seremos os mesmos. Para que o resultado final seja positivo, porém, precisamos que todos entendam que agir de forma colaborativa é mais do que nunca necessário.
As armas para enfrentar não apenas o coronavírus, mas tudo que ele nos trouxe, são coragem, lucidez e empatia. As atitudes corretas e o respeito à comunidade refletem diretamente no controle do vírus.
Invisível a olho nu, o coronavírus mudou completamente a nossa rotina. E ainda deve trazer outras mudanças estruturais nas escolas. E o que faremos? Nos reinventaremos, como já temos feito. Até lá, cuide das pessoas a sua volta. Mas prepare-se para novos tempos.
Ivete Barros é psicopedagoga em Cuiabá.
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