• Cuiabá, 21 de Novembro - 00:00:00

A economia primeiro

Semana passada assisti ao programa “Diálogos”, com o jornalista Mário Sergio Conti, entrevistando o professor Mangabeira Unger. Professor da Universidade Harvard, Mangabeira foi também ministro de assuntos estratégicos no segundo governo Lula. Ele lançou a tese de que a reforma política tão esperada no Brasil não sairá pelas mãos do modelo de Congresso Nacional, de partidos políticos e dos próprios políticos.

O esgotamento é do modelo político que gerou a si mesmo e também gerou o modelo do Estado brasileiro atual. Esgotou aos poucos até chegar agora no seu limite de validade. Bom lembrar que foi a política quem modelou e construiu o sistema econômico brasileiro. Só um registro histórico pra ilustrar: entre 1889 (fundação da República) e 1930, vigorou a chamada “do café com leite”. Minas e São Paulo revezavam-se no governo do país pra proteger com recursos públicos as suas economias ineficientes.

Todo o processo da construção econômica brasileira se deu pelas mãos do Estado e a sua manutenção se deu graças aos “incentivos” do Estado brasileiro. Entenda-se protecionismos diversos, reserva de mercado, fechamento do mercado nacional às importações, favorecimentos tributários, concessões vantajosas, financiamento direto ou indireto dos partidos políticos aliados. Enfim, a economia brasileira tem a cara do Estado brasileiro.

O esgotamento aconteceu nos governos de Lula e Dilma, com o surgimento da ponta do iceberg da corrupção. Ficou claro que o Brasil é governado de fora pra dentro e de dentro pra fora. Trocam-se favores e uma elite política e econômica muito pequena se beneficia e enriquece. Quanto mais enriquece e cresce, mais poder acumula e mais comanda a política. Um cartel, portanto.

A corrupção matou o modelo. Esperar dele reformas é sonho! Pra Mangabeira Unger, o próximo governo, não importa que cara ele tenha, terá forçosamente que incentivar a economia a diversificar-se, modernizar-se e inovar. Uma vez feito isso olhando principalmente o universo das micros, pequenas e médias empresas, a economia se consolidará. Com força, ela vai construir demandas políticas novas e vai empurrar a política pra o segundo plano. Ao contrário de hoje, a economia vai gerir a política. Um novo modelo como nos demais países de regime capitalista. Entenda-se capitalismo como um modelo de economia e não como um modelo político. Fora das ideologias que estão todas com o desodorante vencido.

Não haverá outro caminho pro Brasil, porque a sua política e os partidos morreram faz tempo. A sociedade percebeu isso e espera os movimentos da economia.

 

Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso.

onofreribeiro@onofreribeioro.com.br   www.onofreribeiro.com.br          



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