Pensando na responsabilidade social que cabe à indústria, o Sindicato das Indústrias de Frigoríficos do Estado de Mato Grosso (Sindifrigo-MT) criou um protocolo opcional em 24/03/2020, que passou a ser gerido e desenvolvido pelas empresas. Por se tratar de questões novas e de realidades específicas, as empresas desenvolveram e foram alterando em inúmeras etapas buscando sempre o aprimoramento na prevenção da doença.
O treinamento do pessoal com a criação de comitês, que se tornaram fixos e exclusivos, evoluiu objetivando a busca de novos conhecimentos e práticas no cuidado com a prevenção. Nesta evolução mostrou-se necessária a orientação não apenas ao funcionário dentro da fábrica, mas aos cuidados que seriam necessários a serem tomados fora dela. Instruções de ações, que atingiam a vida familiar e social dos colaboradores, foram desenvolvidas pelos comitês em muitas empresas.
Ainda que as empresas, com maior ou menor zelo, tenham adotado as medidas necessárias, a contaminação passou a ser comunitária. As empresas passaram a dispensar muitos casos suspeitos na recepção dos turnos de trabalho. Assim, com o passar dos dias, muitos associados encontram-se hoje inseridos em comunidades cercadas pelo vírus.
Diante da nova realidade, exercendo o papel que me cabe como presidente deste setor, quero convocar a indústria frigorífica de Mato Grosso para um esforço extra, que se torne extraordinário.
Não pode haver maior meta neste momento que não seja a prevenção e a vida de nosso colaborador. Todas as demais são fúteis e desprezíveis diante da urgência que o atual momento nos convoca. Resultados físicos com metas em volumes ou lucro devem respeitar a prioridade do momento, e estar a serviço da prevenção e da vida. Somente assim, será possível vencer os desafios impostos pela pandemia.
Dificuldades surgirão, mas com saúde e todos vivos, poderemos vencê-las amanhã. É insensatez mudar a ordem das prioridades quando é a vida e a saúde de todos que estão em jogo.
Em meio às discussões fúteis ou contraditórias, cabe ao empresário a tomada de decisão. Não querer buscar nos poderes constituídos, nas opiniões de terceiros ou em sugestões mirabolantes ou alarmistas de Whatsapp a solução para vencer a pandemia, pois o fim desse problema passa pela responsabilidade individual e por aqueles que têm em suas mãos o poder de decisão que pode preservar vidas.
A responsabilidade social passa por uma dose de sacrifícios, com equação da ganância e um mínimo de espírito cristão. Temos que fazer de nossas indústrias um local saudável, que promova a vida dos nossos colaboradores e de milhões de pessoas que dependem do fruto deste trabalho.
É preciso ampliar o tempo da instrução em detrimento à produção não apenas para mostrar a alguém, mas por consciência de que isso é necessário e o certo a se fazer. Temos que repassar instruções que faltam à população em geral para que nossos funcionários cuidem de si e de seus familiares sem questionar de onde deveriam vir essas instruções.
Temos muito a fazer não por força de lei, mas por dever cívico de quem quer construir uma sociedade justa e fraterna. Convoco você dono, diretor, gestor a somar com as pessoas de bem. Mais que intenções, nesse momento precisamos colocar em prática ações para a preservação da vida.
Paulo Bellincanta é presidente do Sindifrigo/MT.
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