Muitas vezes tentamos ser mais do que somos ou do que podemos ser. Esse pode ser um caminho para o sucesso, mas também pode redundar em imenso fracasso. O filme ‘Somente o mar sabe’, de James Marsh, traz à tona essa discussão muito atual, pois hoje tudo é feito para ter 15 minutos de fama.
A obra narra a história real de Donald Crowhurst, empresário britânico e navegante amador, que, ao participar da Golden Globe Race de 1968, tenta ser o primeiro homem a dar a volta ao mundo sem paradas. O objetivo não é só a glória náutica, mas obter um prêmio em dinheiro que lhe daria tranquilidade financeira.
A inexperiência no desenvolvimento do projeto, porém, e a dificuldade de cumprir prazos transforma a jornada num desastre sob todos os aspectos possíveis. Temeroso de voltar à terra falido e derrotado, Donald começa a dar informações propositalmente equivocadas sobre seu paradeiro, iludindo o patrocinador e a família que será vitorioso.
Coloca-se à frente dos concorrentes num universo ficcional do qual não consegue se libertar. Seu desaparecimento no mar em situação ainda hoje desconhecida, seja por suicídio ou acidente, alerta para um risco muito comum: o de tentar viajar além das próprias possibilidades. Tentar o aparentemente impossível é ótimo, mas sem um o talento necessário pode ser um desastre...
Oscar D'Ambrosio, mestre em Artes Visuais e doutor em Educação, Arte e História da Cultura, é Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.
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