Não é possível avaliar esse vírus tão improvável, sem levar em conta o papel do ser humano antes e depois dele.
Na verdade, vou deter-me no ser humano, porque quaisquer que venham a ser as mudanças, o alvo será um só: o ser humano!
No momento atual, as tecnologias vinham pautando a vida humana no planeta e distorcendo profundamente a formatação original do ser. O isolamento das pessoas por conta das tecnologias de comunicação. A lenta desformatação das famílias. A lenta desformatação das religiões, dos sistemas de educação, de saúde, de relacionamentos, até de alimentação e de relacionamentos sociais, somavam-se numa sequência completamente nova.
Sabia-se claramente que essas mesmas tecnologias mudariam os sistemas econômicos: sistemas financeiros, bancários, industriais, políticos, relações com o planeta, etc. Mas esperava-se que isso acontecesse numa lenta sequência de uns 20 ou 30 anos no futuro.
De repente, o vírus surge na China, o segundo e desconhecido coração econômico e financeiro do mundo, e atacou todos os países em altíssima velocidade. Pior. Alarmou o mundo como nada alarmou antes dele!
Os espiritualistas teria numa tese sobre a Itália, onde o vírus está causando grandes perdas humanas e demonstrou o despreparo pra se lidar com esse tipo de ocorrência. Diriam que lá foi a sede do império romano que causou profundas mudanças boas e ruins no mundo antigo. Mas as ruins foram muito ruins e estariam num arquivo de contas a pagar.
Porém, essencialmente passa a valer a indagação básica: como viverão as pessoas depois de todas as mudanças previstas: econômicas, financeiras, comportamentais, sociais, políticas, governamentais, etc?
No Brasil o governo federal antecipa medidas administrativas e econômicas que só se justificariam num processo de guerra total. Nos estados a mesma coisa. Até nos municípios a mesma preocupação com algo que não se domina pelos processos habituais ou tradicionais.
Nos próximos meses assistiremos dia após dia mudanças e transformações nos atropelando, como o confinamento em casa de milhões de pessoas no mundo inteiro. Outras mudanças no comércio, na indústria, na área dos serviços. Isso significa desconstruir uma economia tradicional em favor de uma situação fora de controle.
Por isso, não quero discutir o lado técnico do vírus. Preocupa-me profundamente os destinos dos seres humanos pós-catástrofe!
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso.
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