No mundo atual somos pressionados por resultados das mais diferentes formas e em vários níveis. É assim no trabalho, em casa, nos relacionamentos, no esporte. Isso ocorre também na educação e vem se acirrando à medida em que os exames nacionais criam, ainda que involuntariamente, um ranqueamento das escolas.
Uma boa posição traz visibilidade, atrai olhares e alimenta anseios. Cria nos pais a certeza de que a instituição “A” ou “B” são as ideais para garantir as melhores posições para seus filhos no futuro.
Os exames são importantes, não restam dúvidas, afinal são eles inclusive que servem de base para a avaliação da qualidade na educação do país. E gosto de pensar que é nesse sentido que eles se mostram mais importantes. Não se deve analisar os dados sob a perspectiva de posições, mas de nível geral de educação. Quer dizer, como uma maneira de fazer um diagnóstico de como anda o universo dos estudantes, em que matérias ou aspectos do ensino há uma deficiência e corrigi-la.
Os anos de experiência – que são muitos, por sinal – mostraram que são inúmeros os aspectos que podem ser determinantes nos resultados. Além disso, não se pode generalizar, acreditando que todos os estudantes têm os mesmos objetivos para suas vidas. É preciso, por exemplo, que haja uma preocupação com o desenvolvimento socioemocional do aluno, para que ele seja protagonista de sua formação, claro, sob o olhar atento do professor, do orientador.
O ensino não deve ficar restrito à sala de aula, aos livros ou ao que é transmitido pelo professor. Momentos de interação, de experimentação e até de descontração também são importantes para a produção de conhecimento. Acredito que assim eles estarão mais preparados e conscientes de sua capacidade e certamente se sairão melhor não só nos momentos de avaliação escolar, mas em toda a vida. Os reflexos são bastante amplos.
A busca por resultados e o desenvolvimento socioemocional não são excludentes. Podem caminhar lado a lado. O aluno protagonista de sua formação certamente estará muito mais preparado para mostrar a que veio nas mais diferentes situações. Estará muito mais seguro do que quer e do que é importante tanto para sua vida como a daqueles que o cercam.
As avaliações devem servir justamente para que se possa identificar pontos que precisam de uma atenção maior ou menor. E se um bom desempenho for necessário para que ele realize seus sonhos, que a escola esteja apta a proporcionar-lhe a base necessária. É preciso que o aluno saiba quais são as opções e possibilidades e tenha condições de decidir com segurança e consciência o que será melhor para ele. Lembrando, evidentemente, que nada é definitivo. Sempre há espaço para uma correção de rumo e ela é muito mais fácil quando se tem uma boa base e equilíbrio emocional.
Carlos Leão é professor e diretor geral do Colégio Maxi.
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