• Cuiabá, 03 de Julho - 00:00:00

Em nome dos trouxas

            A realização de jogos da Copa América em Cuiabá mostrou um antigo problema: a falta de centros de treinamentos para as diferentes seleções. No meio das conversas sobre esse assunto foi mostrado mais uma vez o COT do Pari. Aquele que deveria ser construído para a Copa do Mundo de 2014. Hoje deve ir para uma academia da segurança pública. 

             A obra inacabada do Pari trouxe de volta mais conversas sobre as obras da Copa do Mundo em Cuiabá. O da UFMT foi terminado anos depois com dinheiro que a instituição conseguiu em Brasília. Trincheira, avenidas, o hospital Júlio Muller para a Copa, nada andou. As obras do VLT também não.

            A CPI das obras da Copa da Assembleia Legislativa mostrou o descalabro nessa área. Dirigentes foram ouvidos na CPI, como também diretores de empresas contratadas para fazerem obras. Disseram, com todas as letras, que sabiam que as obras do VLT não seriam concluídas por vários motivos e, entre outros, porque o governo deveria fazer certas desapropriações e não fez.

             Mesmo assim comprou por cerca de 500 milhões de reais os vagões para o VLT. Para uma modal que sabia que não iria funcionar, a obra não seria concluída. Depois se soube que houve propina para dirigentes na compra desses vagões. Nem vamos entrar por aí. Fiquemos nas obras da Copa mesmo.

            A obra que terminou, e não podia ser diferente, foi a Arena Pantanal. Jogos tinham que ser realizados, não era possível não terminar o estádio. Mas e as outras? Como não terminaram nem os centros de treinamentos da UFMT e do Pari? As seleções iriam treinar onde? Naquela euforia pela realização da Copa na cidade, dirigentes faziam o que queriam, engabelaram a maioria das pessoas e me incluo.

            Contrataram uma empresa, Planservi, por 47 milhões de reais, para tomar conta das obras. Deram a um grupo, que não fez nada, uma mega sena e ficou tudo por isso mesmo no final. Você, como eu, não se sente um trouxa?

            Também tem muita fala em torno dos chamados órgãos de controles interno e externo. TCU, TCE, MPF, MPE, CGU, CGE que deveriam defender, cada um no seu canto de atuação, os interesses da sociedade. Ou pelo menos, mesmo depois do rombo ocorrido, punir quem deveria ser punido. Empreiteiros, governos, empresas, daqui e de fora, teve alguma punição?

           Cadê os resultados concretos da CPI das obras da Copa? Foi provado que houve malversação do dinheiro público. Sabem os nomes dos personagens que se beneficiaram e nada aconteceu. A não ser os converseiros pelos cantos da cidade. Como sempre.

           O que ocorreu com as obras da Copa do Mundo em Cuiabá deveria ter sido um exemplo para um controle mais efetivo sobre obras públicas no estado para o futuro. Foi uma aula de corrupção, de ineficiência administrativa e empresarial na cara de todo mundo. E ficou tudo por isso mesmo.

 

Alfredo da Mota Menezes é Analista Político.

E-mail: pox@terra.com.br



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