• Cuiabá, 28 de Setembro - 00:00:00

A fala infeliz do ministro Paulo Guedes não nos atinge

 

Hoje (10/2/2020) completo 50 anos de idade, e praticamente todos os sábados gosto de sentar na feira do porto em Cuiabá, de onde sou natural, para prosear e ter contato com pessoas de valor que ali ganham seu pão com muita luta e com pessoas em suas compras de subsistência, mas anteontem acabei não indo.

Não fui à feira do porto porque preferi me aprofundar na pesquisa a respeito da biografia do atual ministro da economia da República Federativa do Brasil, o menino de Chicago, senhor Paulo Guedes.

O homem foi dotado de poderes ilimitados, porque o presidente eleito não entende nada de economia e passou a lhe chamar carinhosamente de “posto Ipiranga”, onde o Brasil passou a ser o hospedeiro do projeto pessoal do ministro.

Na sexta-feira passada (7/2), mais uma declaração infeliz do atual governo, desta vez do ministro da economia Paulo Guedes durante encontro na Escola Brasileira de Economia e Finanças da Fundação Getúlio Vargas (FGV), no Rio.

Nestes últimos três dias que se sucederam recebi inúmeras mensagens de indignação por partes de vários colegas servidores públicos da carreira a que pertenço com muita honra (SUS) e de várias outras também.

Antes de me sentir ofendido com os termos vomitados pelo ministro em sua fala, preferi ler a respeito de sua trajetória de vida, afim de entender o porque de tanto escárnio, plantio de ódio e falta de equilíbrio emocional quando se refere a uma das principais e mais importantes frentes de trabalho do nosso país.

Essa pesquisa me trouxe muitos esclarecimentos, pois consegui enxergar além do hoje, não precisando ser sociólogo, psicólogo, psiquiatra, historiador ou analista político para entender que as atitudes do ministro lhe aproximam da insanidade e falta de sensibilidade.

Em linhas gerais para que este desabafo não fique muito extenso e cansativo, constatei que mesmo com pouco acervo a respeito da biografia do cidadão, que o mesmo estudou em escola militar e se graduou em economia por uma universidade pública, a Universidade Federal de Minas Gerais.

Meu primeiro questionamento é saber se o ministro se esqueceu desse fato e em sua fala de sexta-feira acabou chamando seus primeiros mestres de parasitas.

Será que o fato dele estudar de graça na UFMG durante cinco anos o tornou nesse período um parasita também?

Em 1974 o ministro foi estudar Economia nos Estados Unidos da América, na Universidade de Chicago, e sabe quem custeou seus estudos lá? Exatamente, o povo brasileiro.

O senhor ministro conseguiu uma bolsa do CNPq (instituição pública de fomento à pesquisa) para custear seu estudo e pesquisa, mas será que a época ele se imaginava um parasita?

Durante sua estadia subsidiada por anos no exterior já se demonstrava um pesquisador intransigente em seus apontamentos, com muita dificuldade em aceitar críticas ao seu trabalho, conseguindo concluir seu doutorado em 1978, mas sem ter sua tese publicada nos anais da Universidade e Chicago, como era a praxe para os alunos de destaque.

A VERDADEIRA RELAÇÃO HOSPEDEIRO E PARASITÁRIA

No seu retorno ao Brasil sentiu-se marginalizado, porque os economistas que estavam em ascensão não lhe deram nem o reconhecimento acadêmico e nem os cargos no governo que ele julgava merecer.

Guedes precisava de um hospedeiro para servir de abrigo aos seus experimentos regidos pelas teorias liberais econômicos que trazia na bagagem.

Foi aí que em plena ditadura militar no Chile é recrutado por Jorge Selume, diretor de Orçamento do regime de Pinochet e diretor da Faculdade de Economia e Negócios da Universidade do Chile.

O resultado dos experimentos junto de seus ex-colegas, os Chicago boys, estao aí no presente para quem quiser enxergar no país vizinho, um verdadeiro caos social no Chile.

Retornando ao Brasil seus experimentos passam a se consolidar a partir da década de 80, como um dos fundadores do Banco Pactual (Pactual DVTVM), mais tarde UBS Pactual.

São vários balões de ensaio e experimentos exitosos do economista especializado no mercado financeiro e macroeconomia, que lhe proporcionaram uma fortuna material, produto da especulação financeira e até de supostos privilégios de informação, através de transações bilionárias de empresas hospedeiras preparadas e vendidas posteriormente.

Foram várias transações bilionárias de compras e vendas de ativos executadas pelo ministro que lhe renderam o status de “posto Ipiranga” e que proporcionaram o casamento Bolsonaro Guedes ao final de 2017 e início de 2018.

Me pergunto, será que é isso que pensam para o Brasil? Preparar o patrimônio para vender em lotes?

Na sexta-feira passada o ministro em sua declaração infeliz se esqueceu de lembrar de seu motorista e seguranças, que lhe acompanham diariamente e que provavelmente são servidores públicos. Será que ele os considera parasitas também?

Será que o vidro fumê do carro oficial do ministro o impede de ver as viaturas das polícias, ambulâncias do SAMU, dentre outras dezenas de serviços públicos essenciais espalhados em sua volta, do Oiapoque ao Chuí.

Será que o ministro conhece o Brasil? Antes de falar besteira não se lembrou dos seus antigos educadores na UFMG e nem tão pouco dos milhares de servidores públicos envolvidos na detecção do problema da cerveja de BH e agora do brilhante trabalho para evitar a entrada do corona vírus.

Privatizar todo o patrimônio do povo brasileiro para concretizar seus experimentos no hospedeiro chamado Brasil é o seu pensamento?

Qual produto o mercado financeiro e bancos produzem? Não são apenas papéis e títulos valorados pelo sangue e sacrifício do brasileiro em seu cotidiano no trabalho e consumo de subsistência?

A fala do ministro da economia não nos atinge, porque o Estado Brasileiro é a nossa missão e nosso emprego, porque servir é a nossa realização.

O Brasil é o hospedeiro atual do menino intransigente de Chicago. Então antes de se sentirem ofendidos perguntem a si mesmos: Quem é o verdadeiro parasita auto imune?

Não se ofendam com algo que não nos serve. Ele é digno de misericórdia.


Oscarlino Alves é Presidente do Sindicato do Servidores Públicos de Mato Grosso - SISMA/MT



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