O pedido de recuperação judicial da poderosa holding da Odebrecht, vai muito além de uma simples medida jurídica. Junto vai pro ralo uma época de grandes conglomerados empresariais nascidos sob a sombra do dinheiro público fácil.
Bom lembrar algumas dessas aventuras empresariais nascidas do dinheiro público: Grupo JBS, Grupo Eike Batista. Sem contar, além das 11 do Grupo Odebrecht, outras empreiteiras poderosas como Oi Telecomunicações, Camargo Correa, Mendes Júnior, Queiroz Galvão, OAS, UTC Engenharia, Engevix, IESA óleo e gás, estaleiros navais, mais uma série de empreendimentos menores. Todos crescendo rapidamente através da distribuição generosa de recursos públicos via as malandragens do chamado “presidencialismo de coalizão”.
Na prática esse presidencialismo malandro, fez acordos com partidos e com caciques políticos pro loteamento do governo federal e a consequente distribuição de dinheiro via doleiros, obras superfaturadas, obras inexistentes, cargos estratégicos, consultorias de mentira, etc.
A Operação Lava Jato começou operar em Brasília na busca de um doleiro que funcionava num posto de gasolina. O véu foi se abrindo e chegou no coração infartado da República.
O pedido de recuperação judicial da Odebrecht mostra que esse tempo acabou. Claro que muito malandragem continua e continuará se fazendo. Mas não será mais a regra da política dentro da gestão pública.
Nasce um princípio de ética dentro da opinião pública. Com algumas vantagens: independente da vontade da mídia tradicional, dos partidos, dos políticos e das corporações públicas. Mas um país torto não se desentorta em poucos anos. Ainda mais que essa cultura veio importada da Coroa Portuguesa. Aqui, tem 519 anos. Em Portugal tinha mais de mil. Portanto, levará tempo.
Porém, diziam os chineses antigos, que o mais difícil numa caminhada de mil quilômetros é o primeiro passo. Logo, estamos na caminhada. Para os operadores e os operados use aprumam, ou cairão do cavalo.
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso
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