Em fevereiro de 2016, o povo boliviano, num referendo, votou contra uma quarta candidatura do atual presidente do país, Evo Morales. Ele está no poder desde 2006 e queria uma nova eleição para, se ganhasse, ficar até 2025 ou 19 anos no poder.
Antes ele mudara leis para ser candidato à reeleições. Chegou num ponto que não podia mais. Ele convocou o referendo e perdeu.
A Suprema Corte de lá, controlada pelo governo, derrubou o referendo. O argumento chega a ser hilário. Arguiram que a Declaração Universal dos Direitos Humanos diz que ser candidato é um direito do homem. Negar a candidatura dele seria ir contra principio de lei universal. A Suprema Corte decidiu que a tal lei de fora era superior à Constituição do país e não validou o referendo convocado pelo próprio governo.
A esquerda no Brasil não enveredou por caminhos tão absurdos para se manter no poder. Casos seguidos na Venezuela, Nicarágua, Equador, Argentina e Bolívia mostram desprezo pelo bom senso.
Rubens Costas, governador de Santa Cruz de la Sierra, será o adversário de Evo Morales. MT ganharia muito com a vitória de Costas. Ele, diferente de Evo, quer o asfalto de MT para os Andes.
Mais de oito mil médicos cubanos estavam no Brasil. Eles estão em 62 outros países do mundo. O governo cubano recebe dinheiro de 35 países. Só na América Latina, 24 países têm médicos cubanos. Uns pagam outros não.
Espanta a informação de que o rendimento de Cuba com os médicos suplanta o setor de turismo. Uma publicação mostra que Cuba estava recebendo mais de 10 bilhões de dólares por ano com esses médicos no exterior.
Dá até para acreditar se for feita conta com os oito mil médicos no Brasil que enviavam 70% do salário para o governo cubano. Seriam, numa conta grosseira, oito mil médicos vezes oito mil reais por mês, multiplicado por doze meses. Somem outros países, incluindo alguns fortes em petróleo do Oriente Médio, e talvez seja verdade que aquela quantia ali de cima entraria nos cofres do país.
Cuba tem cerca de 40 mil estudantes de medicina em 20 faculdades. Somente a Escola Latino Americana de Medicina, Elam, tem mais de 10 mil estudantes.
A maioria das formaturas é voltada para atenção primária na saúde. Um médico em Havana atende três ou quatro quarteirões somente. Ele conhece todas as famílias e as doenças que essas famílias têm. Sabendo disso, dizem os da área, se pode curar mais de 80% dos casos que ele atende.
O resultado mais positivo da saída dos médicos cubanos é reacender a discussão no Brasil sobre essa área de formação médica. Ter médico formado somente nisso.
É complicado para o médico brasileiro clinicar no Brasil profundo. Ele não tem a formação dos médicos cubanos e pedem exames para tratar o paciente. E a cidadezinha não têm laboratórios ou máquinas de diagnósticos. Duvido que a maioria dos inscritos para substituir os cubanos fique no Brasil longínquo.
Alfredo da Mota Menezes escreve nesta coluna semanalmente.
E-mail: pox@terra.com.br site: www.alfredomenezes.com
Ainda não há comentários.