Nunca confiei no eleitor brasileiro. Desconectado. Preguiçoso. Omisso. Vota de qualquer jeito. Sem foco. De tempos em tempos sofre ataques de lucidez e revela que se fôssemos uma nação bem educada seríamos uma ilha de prosperidade dentro do mundo. Nesses momentos compreendo porque a máquina do Estado tem tanto cuidado em desconstruir a educação. Povo analfabeto é povo submisso.
Porém, nas eleições de 2018 há muitas lições vindas justamente desse povo pouco confiável. A primeira delas foi não ter entrado no jogo suicida “deles” contra “nós”. Separou direitinho os extremos e votou num objetivo do inconsciente coletivo: pela paz da nação. Por paz entenda-se o país recuperar-se e recuperar a noção de cidadania tão desmontada na última década.
No caso específico de Mato Grosso as renovações parlamentares foram muito chiques! Velhas raposas e omissos parlamentares que deveriam estar mais na bolsa de valores do que no parlamento. A Assembléia Legislativa passa a ter a chance de voltar a ser um parlamento. Sair desse papel ridículo puxadinho comercial.
A bancada federal remodelada. Um único deputado reeleito. Mesmo assim estará dentro de uma camisa de força da sociedade que não confia. O Senado traz lições. Jaime Campos elegeu-se em segundo plano. Terá que ser um senador efetivo. Ao contrário do seu último mandato quando navegou pelos corredores do Senado e pouco propôs ou realizou de valor permanente. Selma Arruda entrará num momento de virada política. Tem tudo pra ser uma revelação. Só mesmo se não quiser o destino abre-lhe portas preciosíssimas. Chance de ser útil e proativa no cenário mais ativo do Senado.
Na esteira, aparece o terceiro mais votado ao Senado, Carlos Fávaro. Grata surpresa. Uma nova e importante liderança que nasceu no cenário político estadual. Levantou-se de uma base pequena e aproximou-se dos 500 mil votos. Um fenômeno!
E na cabeça do processo, Mauro Mendes eleito governador. Responsabilidades pesadas. Não gostaria de estar em seu lugar. Terá pela frente lutas contra a ambição e a vaidade dos chamados poderes, a corporação dos servidores públicos e o peso dos sindicatos politizados. Paralelo terá que planejar Mato Grosso pro seu inevitável futuro que acontecerá nesses próximos anos. Um fracasso agora será caríssimo pra todos nós.
O eleitor mostrou sabedoria. Mesmo contrariando tudo o que dele se esperava!
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso
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