Os sistemas de controle de abate, sanitário e de certificação brasileiros são muito eficazes. Grande parte das aberrações são oriundas de forma clandestina, porém, para consumo exclusivamente interno e, muitas das vezes, por força do hábito, pelas aquisições em feiras sem fiscalização ou comércio irregular.
Isso ocorre porque uma grande parcela da população consome produtos sem qualquer certificação de origem, com exceção de arroz, feijão, leite e seus derivados. Já a maioria das carnes, leguminosas, folhosas etc., não possuem controle até mesmo pelas dimensões continentais do país, tornando-os sem origem.
Ainda assim, fazendo um comparativo com os demais países da América Central e da América do Sul, estamos séculos à frente no quesito controle.
Isso sem falar no fator sustentabilidade e meio ambiente, pela rigidez das normas e pesadas penalidades impostas, o que nos coloca à frente de muitos países do mundo, inclusive, de primeiro mundo, e que são critérios restritivos de aquisição de produtos brasileiros em múltiplos países, especialmente europeus.
A possível nova crise decorrente da gripe aviária nos países vizinhos Argentina e Uruguai traz à tona essas assertivas, especialmente o fato de que o Brasil estava à frente, como se pode verificar até pelo próprio posicionamento do Ministério da Agricultura sobre os casos divulgados.
O momento mundial recomenda muito cuidado com as informações e, principalmente, com a comunicação em crise como a por ora anunciada. Um movimento em falso, uma palavra mal colocada, uma retração de produção podem ser informações catastróficas para o mercado internacional.
Por essas e outras seria recomendável e até responsável que se avaliem qualquer material informativo antes de propagá-lo, porque afinal, já somos muito vulneráveis a especulações do mercado internacional.
*Gilberto Gomes da Silva é advogado, especialista em Direito Civil e Processual Civil, com MBA em Direito Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). E-mail: gilberto.gomes@irajalacerdaadvogados.com.br
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