A entrada do conselheiro Antonio Joaquim como provável candidato a governador em 2018, abre pro governador Pedro Taques uma face nova na sua gestão: a oposição. Não que ele não a tenha atualmente. Mas é uma oposição parlamentar estadual muito descosturada e oportunista. Nunca fez oposição consistente e regular. Em 2016 ela foi mais forte por ocasião das discussões em torno da RGA: deputados Janaina Riva, Emanuel Pinheiro, Zeca Viana e Alan Kardec.
No mais, a oposição nunca agiu dentro de uma linha de determinação capaz de por o governo na defensiva todo o tempo e de ter que se defender de ataques concentrados. Falta de oposição é muito ruim porque afrouxa a gestão. Conto uma estória real que vem do Japão. Os japoneses apreciam peixe fresco. Os navios foram se adaptando pra não precisar congelar ainda na pescaria. Mas ainda assim reclamavam que o peixe não tinha a carne boa. Fizeram piscina de água salgada. Nem assim. Tiveram então a ideia de colocar alguns pequenos tubarões na piscina junto com os peixes. Resultado: a permanente defesa mantinha a carne rija e os peixes ao gosto dos consumidores. Ainda que os tubarões comessem muitos.
A oposição funciona mais ou menos igual ao tubarão. Come alguns peixes, mas deixa o governo rijo. O governo Pedro Taques precisou preocupar-se mais com os sindicatos do serviço público, com o Ministério Público Estadual e com o Poder Judiciário. É uma oposição burocrática. Governo precisa de oposição política. Isso o obriga a refinar a sua linguagem, a antecipar-se às críticas e a remendar decisões criticadas. Sem isso corre frouxo.
Todas as gestões políticas precisam de permanente refinamento da linguagem e das atitudes, sem falar no planejamento de todas as ações. Quem dá boa parte do tom de uma gestão é a oposição competente. Já conheci em Mato Grosso oposições marcadas e convictas. Os governantes gastavam boa parte do tempo se defendendo e consertando situações.
A entrada de Antonio Joaquim na disputa e a sua disposição anunciada de fazer oposição ao governador Pedro Taques vai ajudar muito mais do que atrapalhar. Na reta final da gestão e com muitas contradições, vai ter que aperfeiçoar a linguagem política que não construiu antes justamente por falta de oposição. Dizia-se antigamente que carro de boi apertado é que canta. O governo não é carro de boi, mas o provérbio popular cai direitinho.
Outra coisa: o jogo entre situação e oposição é um tipo de linguagem. Não é inimizade. É um tipo de compadrio consentido. Necessário.
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso
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