• Cuiabá, 12 de Outubro - 00:00:00

Mundos velho e novo

Os leitores já sabem da minha mania por datas. Explico. Escrevo artigos com freqüência registrando datas que considero relevantes. Hoje mais uma, porque esta permite algumas comparações interessantes. No dia 3 de fevereiro de 1973, há 44 anos, eu entrava na redação do Jornal de Brasília, em Brasília, pra começar a minha carreira de jornalista. Nunca mais parei. Entrei como repórter de cidade, que cobre os fatos do dia a dia.

Páginas e páginas de jornal depois, eis que em 25 de agosto de 1976 mudei-me para Mato Grosso. E hoje, 44 anos depois vejo uma longa estrada percorrida com altos e baixos, bons e maus momentos vividos. Saí da velha máquina de escrever “Remington” para um moderno notebook e a ajuda de um smartfone. Do velho dicionário Aurélio sujo e rasgado sobre quem tirávamos as nossas dúvidas de ortografia, pulamos para o corretor do Windows. Um milhão de anos de diferença. Do ritmo frenético de 20 máquinas de escrever martelando nos fins de tarde nas redações, ao silêncio dos teclados de computador.

Na época, 1973, regime militar e censura pesada sobre a imprensa. O clima nas redações era muito tenso. Quando um carro preto parava no estacionamento do jornal, criava-se um frisson: lá vem bomba! Quase sempre era um coronel do Exército com proibições ou intimações pra alguém comparecer ao temido Pelotão Criminal do Exército, o famigerado PIC. Tortura certa! Longas e sofridas prisões sem acusação formal e, na maioria das vezes, o acusado nem sabia porque estava ali. Nunca estive lá, mas confesso que tinha um medo enorme. Afinal, era casado e tinha dois filhos.

Em Mato Grosso construí uma carreira próxima de 41 anos. Outro tempo, outras aventuras, outros fatos, outra realidade. Mais perto de encerrar do que de começar a carreira, vejo a estrada percorrida. Se fosse o traçado de uma rodovia, mudaria algumas curvas e tirava muitos quebra-molas. Só não mudaria no destino da estrada.

Porém, o maior de todos os registros dessa longa carreira de 44 anos, foi ter visto o Brasil sair do regime político militar e chegar a uma sofrida democracia que se enrosca nas curvas e nas ciladas. O país mudou. Cresceu, transformou-se. Muitas coisas melhoraram, Outras pioraram. A política é campeã no item piorar. Vai levar tempo pra se reencontrar com a cidadania. Mas como tudo caminha pra frente, é só uma questão de tempo. Encerro lembrando que vi momentos dificílimos. Passaram. Como tudo na vida passam. Passo junto!

Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso

onofreribeiro@onofreribeiro.com.br    www.onofreribeiro.com.br        

 



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