• Cuiabá, 19 de Setembro - 2025 00:00:00

Culinária asiática tem espaço para crescer nos shoppings centers do Brasil


Marcelo Cordovil

Em um país tão diverso gastronomicamente quanto o Brasil, perceber tendências de mercado com potencial para consolidação não é tarefa trivial. Certos sinais, no entanto, apontam com clareza: a culinária asiática — englobando a gastronomia japonesa, chinesa, coreana, tailandesa, entre outras — já não é considerada uma "opção exótica" ou um nicho. Essas opções entraram de vez no cardápio cotidiano do brasileiro. Basta dar uma volta pelos shoppings centers de todo o país, ambientes que combinam consumo, lazer e conveniência. 

Acredito que há muito espaço para o crescimento desse segmento, especialmente via franquias e operações em centros de compras por uma série de fatores, a começar pelo desempenho do setor de alimentação no franchising brasileiro, que segue registrando desempenho positivo. No primeiro trimestre de 2025, o faturamento do segmento de alimentação alcançou cerca de R$?48,167 bilhões, um crescimento de 13,6% em comparação ao mesmo período de 2024. O número de unidades aumentou na ordem de 6,2%.

Além disso, segundo a Pesquisa Anual Setorial de Foodservice, feita em parceria pela ABF/GALUNION, 84% das franquias de alimentação relataram crescimento no faturamento no último ano e 41% dessas redes registraram aumento de mais de 10%. Nesse mesmo levantamento, das diferentes culinárias que compõem o segmento de franquias de alimentação, aproximadamente 13% das redes declaram culinária asiática como menu principal. Em anos anteriores, estudos feitos pela ESPM apontavam que o subsegmento "comida asiática" representava entre 6,8% e 9% das franquias de alimentação e estimativas mais amplas sugerem que, até setembro de 2024, os pedidos de comida asiática movimentaram R$?1,6 bilhão, um crescimento de 46% em comparação ao mesmo período de 2023.

Somado a esse cenário favorável, temos o comportamento de consumo dos brasileiros. Segundo o Food Biz Brasil, os consumidores entre 25 e 44 anos respondem por mais de 60% dos pedidos de comida asiática. O jantar lidera, com 41% desses pedidos, seguido pelo almoço, com aproximadamente 33%. Isso indica que o asiático não é só "uma saída para jantar especial", mas está sendo incorporado em refeições regulares.

Atribuímos esse avanço da culinária asiática no mercado a diversos fatores. Claro, que a variedade de oferta é um desses aspectos. Afinal, existem opções de culinária asiática tanto em restaurantes "low check" quanto em experiências mais premium, o que sugere amplitude de apelo para diferentes perfis de consumidores.

Nos shoppings, ambientes naturalmente competitivos para alimentação, uma vez que oferecem grande fluxo de pessoas, segurança, estacionamento, climatização, mix de oferta de serviços e entretenimento, as operações de alimentação são favorecidas. Justamente por isso, algumas redes asiáticas já aproveitam para crescer nessas localidades.

Diante disso, podemos destacar várias oportunidades concretas para quem atua ou pretende atuar com franquias de culinária asiática em shoppings. É possível, por exemplo, operar em formatos de quiosque, fast-casual ou "loja com menu reduzido", com menor custo de implantação, equipes mais enxutas e maior rapidez no retorno do investimento. Isso torna possível replicar mais unidades em diversas praças. O delivery segue sendo uma força motriz para esse crescimento. Formatos de retirada no balcão (takeaway) ou dark kitchens, que abastecem pedidos fora da loja física, geram receitas adicionais. Para shoppings, unidades que conjuguem serviço no salão, com retirada e integração com plataformas digitais têm vantagem competitiva.

Os números recentes são inequívocos: a culinária asiática já tem participação relevante no mercado de alimentação fora do lar no Brasil — tanto em faturamento, como em volume de pedidos — e cresce mais rápido que muitos outros segmentos. Quando se olha para shoppings centers, os fatores estruturais favorecem fortemente esse crescimento, visto que há fluxo constante de consumidores, ambiente seguro e estruturado, além de um mix de lojas que atrai público para alimentação.

Para redes especializadas em culinária asiática — e para investidores interessados — o momento é oportuno. Há espaço para expansão, especialmente no caso de franquias bem planejadas, que contemplem estratégia multicanal. Para prosperar, porém, é necessário rigor operacional, atenção ao custo, adaptação local e foco em experiência.

Como executivo de uma rede que atua nesse segmento, posso afirmar que investir nos shoppings brasileiros com a culinária asiática é mais do que uma aposta: é uma necessidade estratégica para acompanhar o mercado, agradar o consumidor e crescer de forma sustentável no ambiente competitivo atual.

 

*Marcelo Cordovil é sócio e CEO da Mei Mei – rede de franquias referência em culinária asiática com mais de 30 anos de mercado – www.meimeifood.com.br 




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