Alfredo da Mota Menezes
Começando pelo número de abates de bovinos no estado no mês de agosto que ficou em 667 mil cabeças, o maior até hoje. O estado abate algo como cinco milhões de cabeças por ano e tem um plantel que beira 32 milhões de cabeças, o maior do país.
Dois dados entram nas conversas sobre esse fato econômico. Um, como a coluna não cansa de bater, é saber se pelos menos parte do couro desses animais abatidos ficam no estado para algum tipo de industrialização ou se continua saindo in natura para outros lugares.
Não é interessante que esse detalhe importante da economia estadual quase não aparece em debates mais aprofundados? Saber como e por que não se industrializa o couro em MT. Não se está falando em sapatos sofisticados, como os produzidos em Franca, mas pelo menos outros bens do couro industrializado.
Outro item das conversas sobre a quantidade de gado no estado e também do abate diário ou mensal é que o preço da carne lá na ponta para o consumidor nunca cai. Está sempre num patamar como se aqui importasse carne de outros lugares do país.
O gado abatido viaja longe e por isso o preço não diminui para o consumidor? Mas e naqueles lugares em que o abate fica perto de cidades ou lugares compradores o preço também se mantem. Coisas do muno real, mas ficam as especulações.
Ligado a este assunto vem a lei estadual de incentivo ao aumento do gado no Pantanal. A norma tem a intenção maior de defesa do Pantanal, como não ter PCHs em rios que circundam o bioma. Não se pode plantar no estilo do agro estadual também ali e agora aparece a lei para incentivo para se ter mais gado no Pantanal.
Além de maior renda para o produtor tem, lá no fundo, a intenção de que, com mais animais naquela área, os incêndios podem diminuir, pois comem matos que, em tese, podem ser combustível para fogo aqui ou ali.
Outro assunto sobre a realidade econômica do estado é que se esta transformando em fato comum colher, em certos lugares, como Campo Verde, até três safras por ano. Em Campo Verde, como exemplo perto de Cuiabá, planta-se soja, depois milho e por fim algodão numa mesma área. É caso único no mundo.
Os EUA, grande produtor no agro, não tem condições de fazer isso por causa do clima. Na época do frio para valer não tem jeito de se plantar. Aqui o tempo ajuda e já está transformando em realidade. Tem produtor rural no estado colhendo três safras em mais de 40 mil hectares de suas terras por ano.
Mais um assunto: tentativa de lei na ALMT para que se diminuam as distâncias para éreas urbanas ou mananciais para se aplicar agrotóxico. Hoje essa distância fica em 300 metros, querem diminuir para 25 metros. Os que são contra mostram os malefícios para crianças ou anomalias em bebes ou até mesmo câncer infantil. Será que passa ali ou vão levar em conta o que diz a ciência sobre o assunto?
Alfredo da Mota Menezes é professor, escritor e analista político.
E-mail: pox@terra.com.br
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