Ricardo Padilla de Borbon Neves
Mato Grosso possui uma peculiaridade que chama a atenção: é um grande exportador de energia elétrica. Porém, paradoxalmente, ostenta a segunda tarifa de energia mais cara do Brasil. Essa aparente contradição suscita questionamentos sobre os motivos por trás dessa realidade complexa.
Em primeiro lugar, é crucial compreender o potencial energético de Mato Grosso. O estado possui abundantes recursos naturais, como rios caudalosos e vastas áreas propícias para a geração de energia, principalmente hidrelétrica. Esse cenário favorável impulsiona a produção excedente de energia elétrica, que é exportada para outros estados.
Conforme a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o estado tem 6,4 GW de potência outorgada – dentre os que estão em operação, em construção e o de construção não iniciada. São 3,3 GW do sistema hídrico, 1,3 GW do solar, 927,9 mil KW de fonte fóssil (termelétricas) e 885,7 mil KW de biomassa.
Mas a mesma Aneel cita que Mato Grosso possui a segunda maior tarifa do país com R$ 0,883/kWh, perdendo apenas para o Pará, que cobra R$ 0,962 kWh. Por outro lado, os catarinenses têm a fatura mais em barata do país de R$ 0,593/kWh.
A energia elétrica é, sem dúvida, um dos pilares fundamentais para o desenvolvimento econômico e social de qualquer região. No entanto, o desafio enfrentado por Mato Grosso reside na disparidade entre a capacidade de produção e os custos associados à distribuição e consumo dessa energia.
Um dos fatores que contribuem para a alta tarifa de energia elétrica no estado é a infraestrutura deficiente do sistema de distribuição. Mato Grosso possui uma extensa área geográfica, o que demanda investimentos significativos em linhas de transmissão e subestações para garantir o fornecimento de energia em todo o território. Esses custos operacionais são repassados aos consumidores, impactando diretamente nas tarifas.
Além disso, a carga tributária elevada sobre a energia elétrica também influencia no custo final para o consumidor. Impostos estaduais e federais representam uma parcela significativa da tarifa, tornando-a ainda mais onerosa para a população.
Outro ponto a ser considerado é a falta de diversificação na matriz energética do estado. Apesar do potencial para a geração de energia a partir de fontes renováveis, como solar e eólica, Mato Grosso ainda é fortemente dependente da energia hidrelétrica.
Diante desse cenário, torna-se evidente a necessidade de medidas que visem promover a eficiência energética e a redução dos custos de distribuição e transmissão de energia em Mato Grosso. Investimentos em infraestrutura, incentivos à diversificação da matriz energética e revisão da carga tributária são algumas das ações que podem ser adotadas para enfrentar esse desafio.
É fundamental que o poder público, as empresas do setor energético e a sociedade civil atuem de forma colaborativa na busca por soluções que garantam um fornecimento de energia seguro, sustentável e acessível para todos os mato-grossenses. Somente assim será possível transformar Mato Grosso não apenas em um grande exportador de energia, mas também em um exemplo de eficiência e equidade no setor elétrico brasileiro.
Ricardo Padilla de Borbon Neves é empresário.
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