Onofre Ribeiro
Esse é um tema recorrente. Os discursos nas solenidades públicas e privadas. Uma mistura de falatório com discurso.
Recentemente assisti em duas solenidades privadas e uma pública o desfile de discursos e de falatórios. Um pouco da história dessa instituição do discurso. O discurso sempre foi uma linguagem de outro tempo, quando os meios de comunicações eram escassos. Era através do discurso que alguma autoridade se comunicava com os seus ouvintes. Tanto, que havia um estilo dramático de representação. Voz alta, gritos, falas cheias de altos e baixos em tom intimidatório. Gestos nem se fala. Era um teatro.
A chegada da televisão dramatizou ainda mais o tom e a cena dos discursos políticos ou privados.
Nos três eventos que assisti os discursos se tornaram mais falatórios. Uma espécie de autodramatização pra impressionar assistentes supostamente ouvintes interessados. Os defeitos mais comuns são:
1- Falas longas. Ninguém guarda o que se disse. Engano pensar que agrada;
2- Palavreado rebuscado. Nada mais fora de época;
3- Tratamentos. Excelências pra e excelências pra lá, soam como arrogância no mundo moderno:
4- Nominações. Outro problema. O cerimonial cita no começo os convidados pro dispositivo dos convidados. Os demais oradores ficam dispensados de citar novamente um a um com os respectivos cargos e eventuais comentários a respeito de cada um. Soa como puxa-saquismo em vez de honraria:
5- Prestação de contas. O discurso não é instrumento de prestação de contas longa e chata. O ideal é citação do conceito da gestão em poucas palavras e indicar a fonte onde estão os dados completos;
6- Em tempo de redes sociais as falas estão cada vez menos necessárias. O que for dito deve ser curtíssimo e citar o breve contexto do momento.
Caberiam outras observações. Mas nada é mais chato hoje em dia do que um discurso longo e professoral. Numa dessas solenidades, ao ar livre, muitas senhoras com salto e de pé, ouvindo sucessivos oradores. Cada um perdido nas suas verdades. O murmúrio entre os convidados mostrava a desatenção geral. E os oradores orgulhosos das suas performances. Chatice ilimitada!
No mundo atual, quanto mais informalidade melhor! Ninguém está disposto a ouvir longas falas ou falatórios. É muita energia desperdiçada de quem fala e chatice pra quem ouve. Os políticos são os mais incorrigíveis. Pensam que o mundo se deleita em ouví-los. Será mesmo? Claro que não. Alguém precisa dizer aos oradores de discursos e de falatórios que precisam se modernizar para o tempo das redes sociais e da objetividade de todas as pessoas. Nada mais.
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso.
Ainda não há comentários.
Veja mais:
Bandeira tarifária de energia volta a ser verde, sem cobrança extra
Lula anuncia R$ 41,7 bilhões em obras de mobilidade e drenagem urbana
Fiscalização: Vigilância Sanitária notifica 48 supermercados de Cuiabá
Portão do Inferno: TCE lembra emergência e destaca ações para assegurar solução
Polícia Federal mira pedófilos e deflagra 1ª fase da Operação Kidemonas
Federação PSDB-Cidadania confirma apoio a Kalil no projeto à reeleição
Avallone cita experiência de Botelho e alinha sugestões para Plano de Governo
Como lidar com o transtorno de ansiedade
Operação Moeda de Papel da PF desmantela esquema em MT
Falhas e bugs são inaceitáveis: porque sua empresa precisa de uma fábrica de testes