Rafaela Maximiano
A recente vitória de Javier Milei nas eleições presidenciais da Argentina provocou uma reviravolta no cenário político e econômico do país, gerando discussões sobre as possíveis repercussões para o Brasil e a região sul-americana. Sobre o assunto o FocoCidade entrevistou os três analistas políticos: Alfredo da Mota Menezes, João Edisom e Onofre Ribeiro que compartilharam suas perspectivas sobre esse acontecimento e suas projeções para o futuro.
Alfredo da Mota Menezes enfatizou que a ascensão de Milei não foi surpreendente, dado o longo histórico de dificuldades econômicas na Argentina. Ele destacou a deterioração econômica ao longo das décadas, atribuindo-a ao populismo e à falta de diversificação econômica. Menezes sugeriu que a população, cansada dos peronistas, buscou uma mudança com Milei, embora expressasse ceticismo sobre a implementação de algumas promessas mais radicais do novo presidente, especialmente em relação ao comércio internacional.
João Edisom, por sua vez, observou que a escolha por Milei reflete a insatisfação popular diante da crise econômica recente na Argentina. Ele alertou para os possíveis impactos do estilo político do presidente eleito, descrevendo-o como "louco", e expressou preocupações sobre a propagação de ódio e confrontos sociais. Edisom também avaliou as relações entre Argentina e Brasil, sugerindo que embora Milei evite diálogo com o presidente brasileiro, as relações comerciais possam persistir com menor impacto do que se poderia temer.
Onofre Ribeiro, ao analisar a vitória de Milei, mergulhou na história argentina, destacando os ciclos políticos desde 1938 e a influência do peronismo. Onofre enfatizou a necessidade de Milei lidar com a herança do populismo, enxugando o Estado e tomando medidas impopulares para restaurar a credibilidade econômica. Ele também alertou para as implicações externas da mudança política, destacando o possível rompimento com o Brasil e a União Europeia, o que poderia afetar acordos comerciais em andamento.
No cenário externo, Onofre prevê uma mudança na dinâmica da América do Sul, com uma retomada da direita e um novo papel para a juventude na política. Ele ressaltou a importância da juventude na tomada de decisões eleitorais e a possibilidade de uma revolução cultural e política liderada por essa geração.
À medida que a Argentina inicia um novo capítulo com Milei, as incertezas pairam sobre as relações internacionais, enquanto o Brasil e a América do Sul observam atentamente os desdobramentos desse cenário político inédito.
Confira a Entrevista da Semana na íntegra onde aos três analistas foi feito o seguinte questionamento:
Como analisa a vitória do presidente Javier Milei na Argentina e reais possibilidades de reflexos político e econômicos para o Brasil?
Alfredo da Mota Menezes
A vitória do Javier Milei na Argentina, se for analisado com cuidado, não foi nenhuma surpresa. O que eu quero dizer com isso? É que a situação econômica da Argentina vem se complicando por décadas. Esse é o termo: por décadas. É só buscar números, eles não controlam a inflação e a renda caindo. A Argentina que já foi considerado um país rico, agora tem 40% da população na pobreza e 10 % ou mais na extrema pobreza. O governo tem que distribuir comida, etc. E, porquê a situação econômica foi deteriorando ao longo do tempo? Principalmente pelo chamado populismo, seja por governos de direita, governos de esquerda, até os governos militares atuavam dessa maneira no populismo e também foi esvaziando os cofres públicos. E também o país não buscou alternativa mais forte, além da produção no campo, para produzir e exportar. A industrialização da Argentina não cresceu. E a inflação é persistente. A Argentina, como o Brasil, teve a famosa hiperinflação. No Brasil, nós tínhamos inflação de 45 % ao mês. No governo Sarney, era de 1 ,5 % ao dia. A da Argentina era maior. Nós conseguimos controlar, a Argentina fez a paridade do dólar e do peso. E aí no governo de Carlos Menem, deu uma maneirada, mas aí voltou, não na hiperinflação, mas sempre uma inflação persistente. Cerca de 50%, 60% ao ano. Este ano, por exemplo, está com 142%.
Com isso tudo, volto ao Javier Milei. O povo argentino estava querendo alguém que tentasse resolver isso. E apareceu um cara da direita, dizendo: eu sou capaz, eu sou motosserra, eu vou resolver isso, eu vou fazer aquilo, eu vou acabar com a inflação, eu vou acabar com o Banco Central, eu vou dolarizar a economia, como já aconteceu lá atrás. O povo, como está cansado de votar nos peronistas, o Sergio Massa é peronista, o ministro do governo é Fernando Fernandes, que também é peronista. Não vou nem entrar em detalhe sobre o Domingo Perón, na história da Argentina e tudo mais... Então o povo queria uma mudança, e aí foi em cima para votar no Javier Milei, acreditando que ele possa ser algo diferente, porque todos aqueles governantes que o povo elegeu, ao longo de décadas, não conseguiram.
Esses governantes não conseguiram resolver o problema da Argentina, agora o Javier Milei, ele vai conseguir? É complicado, ele pode até fazer uma paridade do dólar e do peso e resolver o problema momentaneamente da inflação. Eu até acredito que ele vai fazer isso para ter um pouco de fôlego e dizer: “eu consegui, e tudo mais”. Mas lá atrás já foi tentado isso e a coisa se complicou depois. E ele dizer que vai fechar o Banco Central, não acredito. Ele dizer que vai romper o comércio com o Brasil, porque é comunista, com a China porque é comunista, também não vai. O Brasil é o segundo mais importante parceiro da Argentina em comércio, o primeiro é a China. E a Argentina para o Brasil é o terceiro maior parceiro comercial, o primeiro também é a China, segundo Estados Unidos, terceiro a Argentina. Como é que ele diz que vai romper um comércio dessa maneira?
Nós estamos exportando para a Argentina cerca de 18,19 bilhões de dólares por ano. Eles estão mandando para cá cerca de 13,14 bilhões de dólares por ano. Nós temos um pequeno superávit comercial. Como que alguém pode romper um comércio de 19, 20, 30 bilhões de dólares em ambas as direções por ano de comércio, acabando do dia para a noite? Também não acho que ele vai sair do Mercosul e tudo mais. Eu não acredito que ele vai tomar essas medidas extremas. Ele usou um discurso para ganhar a eleição. Ganhou a eleição. Mas eu acredito que a assessoria dele vai maneirar um pouco, vai fazer algumas coisas para dizer que fez algo diferente, mas não vai enfrentar o Brasil, não vai romper com a China, não vai chegar nesse ponto que seria uma maluquice total.
João Edisom
A vitória do Javier Milei, a gente tem que ter um olhar compreensivo sobre a situação. A Argentina no último mês sofreu uma pane de combustível de gasolina que praticamente parou o país durante uma semana. O Sergio Massa era o ministro da economia. Soma-se a isso, uma inflação de 120% ao ano, e o mês de maior inflação foi justamente esse mês agora de novembro. Então, como que a população ia votar nesse cara? Existiam duas possibilidades, uma mais liberal, que não tem nada a ver com o nosso liberalismo conservador, é uma direita não conservadora, uma direita progressista que tem na Argentina, que é representada pelo grupo do Macri e da candidata Patricia, e a loucura do Javier. Optaram pela loucura, porque consideram que o jeito que estava tinha chegado ao limite, então não é nem por uma relação de simpatia para sair daquilo, só que a gente já conhece isso, os loucos viciam, ele vai formar uma legião de pessoas em torno dele.
A gente já passou isso aqui no Brasil, então a gente tem mais ou menos uma compreensão dos resultados disso, que é a propagação do ódio, dos enfrentamentos, de perseguição, as pautas extremamente essenciais para a época que nós vivemos, como questão de pautas ambientais, direitos de minorias, tudo isso vai ser massacrado.
Com relação ao que ele prometeu - e ele prometeu muita coisa fora de contexto, não há condições para se viabilizar isso, é outra questão. Na Argentina o Congresso ainda funciona, ele não vai fechar o Congresso, então depende de uma negociação do Congresso que não é com ele.
Com relação ao Brasil, eu penso que é o tal do “faz e tipo”, ele vai evitar ao máximo falar com Lula, porém vai liberar os empresários argentinos para negociar com os empresários brasileiros, e é isso em si as relações que vão estabelecer.
Não vejo grandes impactos nesta questão, me preocupa muito mais uma eleição do Donald Trump nos Estados Unidos, que aí sim ela pode ter altos impactos aqui na questão do Brasil, mas na questão da Argentina ela é muito dependente do Brasil, como ela é dependente da China. Possivelmente “por seus asseclas” ele vai fazer muito de xingar, falar aquelas palavras que a gente conhece, agressivas, porque a política estabelecida por esse tipo de gente é a política baseada no ódio.
Mas na prática vai continuar os negócios e fala que até de repente pode até melhorar, porque quando o governo afasta do empresariado, aumenta o fluxo de negócio, então não vejo grandes impactos nesse sentido. Agora, pode ter impacto na questão da união do Mercosul, mas a gente já passou por isso, o governo anterior, Jair Bolsonaro, por exemplo, se distanciou do Mercosul, e nem por isso se dissolveu, ou seja, o mercado tem vida própria, apesar dos falastrões, e o Milei para mim, é mais um falastrão que vai modificar muito para terminar seu governo, se não modificar, termina perdendo o mandato no meio dele, porque o argentino é muito mais reativo que o brasileiro.
Onofre Ribeiro
Essa vitória do Milei na Argentina precisa ser considerada sob muitos aspectos, tanto internos como externos. Vamos começar pelos internos. Não se compreende a vitória do Milei se você não compreende o passado. Em 1938, a Argentina mudou de postura política interna e começaram as “convulsões”, troca de governo, brigas políticas, partido entra e sai, etc. Eles criaram uma crise política que nunca se resolveu até hoje, e com a eleição do Milei eu não creio que vai resolver, porque a tradição da Argentina nesses quase 100 anos é de derrubar governo, entra governo, derruba governo, entra governo. Mas a questão pior da Argentina começou nesse aspecto interno, em 1945 quando acabou a Segunda Guerra Mundial. Durante o período da guerra a Argentina exportou carne e trigo para o mundo inteiro em uma quantidade muito grande e formou um grande capital interno da balança de pagamentos, assim como o Brasil exportou muito café e fez um caixa fantástico. Na Argentina entrou, logo em 1950, o presidente Juan Domingo Perón, e o que ele fez com esse dinheiro, com esse caixa? Ninguém mais passou, ninguém mais pagou imposto, a energia toda ficou subsidiada, a água subsidiada, tudo subsidiado e distribuiu para os pobres um volume muito grande de auxílios, mesmo para a classe média tinha auxílio, para as indústrias, altos subsídios, para a agricultura altos subsídios, de tal modo que ele destruiu esse grande capital em poucos anos.
Aí ele cai por conta disso, a Argentina entrou em crise, estava altamente capitalizada, lá pela década de 50, 55, por aí, o Perón cai porque a Argentina estava inviabilizada. Aí ele foge para a Espanha. De lá ele volta na década de 70, como o grande salvador da Argentina, que o argentino estava muito saudoso do peronismo. O que era o peronismo? Era um fisiologismo de populismo com o dinheiro do Estado, esse dinheiro acabou, mas ficou no imaginário dos argentinos naquela fase maravilhosa de quando tudo era barato, de quando o governo dava auxílio para tudo. Como o dinheiro acabou, isso não tem mais, ficou o saudosismo. Porém, aí nesse intervalo de 1955 até 1970, que foi o período em que o Perón volta, a Argentina passou por crises imensas, inclusive o regime militar, que foi muito duro, um dos mais duros da América do Sul. E a transição do civil para o militar na década de 70 não foi pacífica, de modo que a sociedade argentina ficou muito despacificada e volta o Perón na década de 70, um homem antigo com ideias antigas, num país completamente quebrado. Ele assumiu e morreu em seguida e no lugar dele ficou a mulher que ele trouxe da Espanha, chamada Isabelita, uma completa louca, inexperiente de nada e a Argentina afundou mais. De lá para cá vem trocando de presidente e de planos e a Argentina entrou num movimento descendente incalculavelmente forte até agora.
No começo dos anos 2000 para cá entrou uma nova face do populismo esquerdista, que foi o populismo do Leopoldo Kirchner e agora da Cristina Kirchner, que terminou no governo faz 5, 6 anos e em seguida entrou o Macri, que é de direita, pelos anos de 2012, não conseguiu governar porque teve medidas amargas e ele não conseguiu governar porque ele mexeu no protecionismo da indústria, dos funcionários públicos, das instituições públicas, dos subsídios e foi derrubado. E aparece a Cristina Kirchner e ela cai e aparece agora esse que estava lá agora, Alberto Ángel Fernández, que é um substituto da Cristina Kirchner e acabou de afundar o país pelo populismo. E, mais uma coisa: de 1938 para cá, a Argentina “só desceu o morro”, teve uma grande oportunidade em 1945 com o balanço de pagamento com as exportações da segunda guerra, mas esse capital foi destruído pelo populismo peronista daquele momento e dos anos seguintes. Até hoje a Argentina tem um saudosismo ao peronismo, que é um saudosismo ao populismo.
O que o Milei vai enfrentar, a primeira coisa, é a herança do peronismo, qual é? O Estado super inchado, gastando uma fortuna, alguns setores da economia muito privilegiados, com subsídios, e o país não tem de onde tirar dinheiro. Internacionalmente, a Argentina é vista como se chama na economia financeira, enxergada como “um mico”. Então, ele assume, ele tem que dolarizar a economia e resolver a problemática da inflação e trazer de novo uma credibilidade. Mas ele não trará credibilidade se não destruir as corporações. O que é isso? Tirar a força do funcionalismo público, reduzindo o número e os salários, reduzindo os subsídios: a água, a luz que continua para as pessoas pagarem um valor real, porque o cofre do governo não tem mais dinheiro para pagar subsídio de indústria, de água, de luz, bolsas e etc. O trabalho foi muito desmerecido e em primeiro lugar vem as bolsas, as ajudas que é para poder manter o povo pobre debaixo de um discurso protecionista. Muito bem, então ele vai ter que diminuir o Estado, vai ter que fechar um monte de ministérios. Ele já prometeu que vai privatizar tudo que for possível privatizar. A Argentina iguala ao Brasil, que tem 38 ministérios, tem mais de 30 ministérios e não justifica. Então, esse enxugamento vai dar um problemão, porque ele mexe nos fornecedores desses ministérios, mexe nos funcionários, mexe nos parlamentares que têm interesses nesses ministérios que vão sair. Mas o papel dele, ou ele enxuga a máquina ou ele não governa, mas para enxugar a máquina ele vai ter muita dificuldade para governar.
Agora, uma outra coisa que eu considero muito importante é, do ponto de vista interno ainda, quem deu vitória ao Milei não foi o argentino tradicional. Esse argentino tradicional, gente com mais de 40 e poucos anos, ele está dividido entre o peronismo do Massa e o novo do Milei, em uma divisão igual ao Brasil, entre Lula e Bolsonaro, exatamente igual.
Mas os jovens se rebelaram contra essa polarização e preferiram apostar em um cara aparentemente louco, mas é uma possibilidade de quebrar a história peronista, que na Argentina é uma coisa estupendamente forte quando você vê a força do peronismo. Então, os jovens não querem saber de tradição do passado. Se foi bom, foi bom para as gerações antigas, não para eles que estão buscando o futuro.
Então, o Milei é uma aposta da juventude. Metade da população adulta votou no Massa, metade votou no Milei. A diferença do Milei veio da juventude. E a juventude tem uma coisa muito interessante, ela não é apegada, se ele se der mal, ela desapega dele e vai para frente. E, se considerar a próxima eleição daqui a pouco, entra mais uma camada muito forte de jovens que ainda não são eleitores e que serão, e que também não querem mais essa política velha. Isso é o ponto de vista interno, o país está se desconstruindo uma Argentina peronista, esquerdista, mas o peronismo é mais prejudicial do que o esquerdismo e, no lugar, nasce um projeto de uma nova Argentina, que, segundo o Milei, vai voltar a ser aquilo que já foi.
Só para registrar, no ano de 1900, a Argentina era a segunda maior economia do mundo, seguida à Inglaterra. Hoje, está fora do mapa financeiro mundial.
Vamos agora aos efeitos externos: dos países sul-americanos, oito países, seis são esquerdistas e quatro não. Com a vitória do Milei, aumenta um, e temos que considerar que a Uruguaia é de esquerda, mas não se afina com o socialismo, o Chile está praticando um socialismo diferente e os outros países não têm peso, é Bolívia, é Colômbia, é Venezuela, não tem peso. O peso da América do Sul é Brasil e Argentina e a Argentina, se ela entrar para a direita, está muito claro que já rachou com o Brasil. Que consequências tem isso? Rachando com o Brasil, racha também o Mercosul. Quem é o Mercosul? É um bloco comercial que nunca se consolidou muito bem, que representa todos os países. Esse bloco tem enfrentado muitas oposições na Europa, na União Europeia, e estava agora chegando a um consenso, estava, ainda não terminou, um consenso de um acordo com o Mercosul e a União Europeia. O Milei já disse que não tem acordo com o Brasil e não quer saber da União Europeia, ou seja, ele está levando a Argentina a seguir uma carreira solo. Provavelmente, na cabeça dele, tem aqui um lance de consolidação com outros países, numa leitura mais direita.
Outro fato da política externa: rompendo com o Brasil essa questão do Mercosul, rompe politicamente também. O presidente Lula, o governo brasileiro, botou muito dinheiro, botou assessores, botou marqueteiros para apoiar o Massa. Isso foi uma interferência brasileira na política da Argentina. Isso não pegou bem para o pessoal que ganhou lá. Isso vai ter retaliação. E um outro fator: a vitória do Milei tirando a Argentina do protagonismo no Mercosul, isola o Lula com países menores, esquerdas menores, que não tem força, como Bolívia, como Cuba, como Venezuela, como Colômbia, como Equador, juntando tudo não representa Brasil ou Argentina. Então, temos aí uma mudança na política da América Latina.
Outra consequência: começa na América do Sul uma retomada da direita. E agora eu vou dizer porquê tem importância isso, quando a juventude decide a eleição argentina por não concordar com a polaridade a juventude está dizendo para o Brasil que aqui também a juventude vai ser protagonista na próxima eleição.
E aí nós temos que voltar um pouquinho no tempo e lembrar que em 2018, a eleição do Bolsonaro foi obtida pelo apoio da juventude, aquela mesma juventude que começou em 2013 a fazer protesto de rua em São Paulo, ela vem e ela quis sair da polarização, que foi a eleição de 2014, Dilma versus Aécio, que foi uma polarização extrema. Então, a juventude chegou em 2018 e disse: “não, eu não quero saber disso, eu vou apostar num novo”, numa metáfora, é como se fosse o Milei, “vou apostar num novo, que é o Bolsonaro”, e o Bolsonaro se comunicou com essa juventude via redes sociais, porque ele não tinha tempo de TV pelo partido dele e ficou uma boa parte do tempo no hospital por conta daquela facada.
Então, a juventude já decidiu a eleição do Bolsonaro em 2018, porém em 2022 a juventude não votou em nenhum dos candidatos, aqueles 36 milhões de eleitores que não votaram nem no primeiro e nem no segundo turno, nem com Lula nem com Bolsonaro e quer algo novo. É similar com essa questão da Argentina agora, fica muito claro o recado.
Em 2024, a juventude brasileira vai dar um recado muito grande nas urnas, porque ela não quer mais saber dessa polarização. Os mais velhos, sim, cresceram vendo isso. Os mais novos não tomam conhecimento disso. Quem está menos do que 30 anos nunca quer saber de polarização, ele quer saber de resultado, de carreira, de certezas, “para onde é que vai caminhar a minha vida”. Então, numa revolução na América do Sul, em que a direita e a esquerda continuam se confrontando, mas tem uma força nova, que é a da juventude, que nem é de direita e nem é de esquerda, e vai cobrar resultados, coisas que os mais velhos não sabem cobrar.
A minha geração não sabe cobrar. A dos jovens sabe, porque eles estão num mundo diferente, em profunda transformação, e eles não têm certeza de nada. Eles sabem que o governo arrecada muito dinheiro e destrói esse dinheiro na roubalheira, na corrupção, e os jovens não toleram isso, eles querem esse dinheiro revertido para eles. Então, nós estamos falando de uma revolução cultural, política, econômica e comportamental, e que será conduzida pelos jovens.
Num olhar um pouco mais distante, eu acho que o Milei vai governar com profunda dificuldade, mas ele terá um apoio nessa juventude, que já identificou e vai identificar essa oposição que o peronismo vai fazer, numa tentativa de sobreviver. E essa juventude, seguramente, mais a outra metade que votou no Milei, vai blindá-lo para que a Argentina saia desse inferno astral que ela está desde o ano de 1938.
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