POR IARA LEMOS/PORTAL CONGRESSO EM FOCO
A Polícia Federal (PF) apreendeu na manhã desta quarta-feira (3) o celular do ex-presidente da República Jair Bolsonaro, suspeito de ter falsificado o certificado de vacinação. O mandado de busca e apreensão foi cumprido pela PF dentro da Operação Venire, que investiga crimes de inserção de dados falsos de vacinação contra a Covid-19 nos sistemas SI-PNI e RNDS do Ministério da Saúde.
O ex-presidente é investigado por falsificação do certificado de vacinação, segundo a Polícia Federal. Os policiais recolheram o celular de Bolsonaro na casa em que eles mora com a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, em uma área nobre de Brasília. A operação foi realizada por volta das 6h da manhã. Segundo a Polícia, Bolsonaro e seus familiares teriam falsificado a própria carteira de vacinação para poderem viajar aos Estados Unidos.
Michelle Bolsonaro diz que o seu próprio celular não foi apreendido pela polícia.
De acordo com as inserções falsas, que ocorreram entre novembro de 2021 e dezembro de 2022, tiveram como consequência a alteração da verdade sobre fato juridicamente relevante, qual seja, a condição de imunizado contra a Covid-19 dos beneficiários.
Com isso, as pessoas beneficiadas pela fraude, nas quais a Polícia investiga o próprio Bolsonaro e seus familiares, puderam emitir os respectivos certificados de vacinação e utilizá-los para burlarem as restrições sanitárias vigentes imposta pelos poderes públicos (Brasil e Estados Unidos) destinadas a impedir a propagação de doença contagiosa, no caso, a pandemia de covid-19.
“A apuração indica que o objetivo do grupo seria manter coeso o elemento identitário em relação a suas pautas ideológicas, no caso, sustentar o discurso voltado aos ataques à vacinação contra a Covid-19”, afirma a PF.
No começo deste ano, o ministro-chefe da Controladoria-Geral da União (CGU), Vinícius de Carvalho, confirmou que há um registro no cartão de vacinação do ex-presidente Jair Bolsonaro constatando a aplicação de uma dose de vacina contra a covid-19. O imunizante, fabricado pela Janssen, teria sido aplicado em 2021, primeiro ano da campanha vacinal no Brasil. A CGU, porém, ainda investiga se o registro é verdadeiro. Há uma suspeita de que ele possa ter sido inserido por hackers ou de alguma outra forma adulterado, até mesmo por ele mesmo para não enfrentar barreiras de outros países.
A aplicação, conforme o documento, se deu no mês de maio, poucas semanas antes da viagem de Bolsonaro aos Estados Unidos para participar do encontro da Cúpula das Américas. O período em questão foi um dos de maior atividade de Bolsonaro e seus aliados contra o uso das vacinas para covid-19, em que o ex-presidente chegou a alegar que participaria da reunião internacional sem o imunizante.
Tenente-coronel preso
A operação deflagrada na manhã desta quarta-feira pela Polícia Federal prendeu o ex-ajudante de ordem do ex-presidente Jair Bolsonaro. O tenente-coronel Mauro Cid, braço-direito de Bolsonaro, foi detido na mesma operação que apura fraudes no sistema do Ministério da Saúde, por meio da inserção de dados falsos de vacinação contra a covid-19.
Ao todo, estão sendo cumpridos 16 mandados de busca e apreensão e seis mandados de prisão preventiva, em Brasília e no Rio de Janeiro, além de análise do material apreendido durante as buscas e realização de oitivas de pessoas que detenham informações a respeito dos fatos.
Bolsonaro: “Não tomei a vacina”
O ex-presidente nega ter participado de falsificação do cartão de vacinação. Em frente à sua casa, disse a jornalistas: “Nunca me foi pedido cartão de vacina. Não existe adulteração da minha parte”. Também diz que nunca tomou o imunizante contra a Covid.
A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro publicou mensagem em redes sociais dizendo ter sido a única vacinada na casa. Declarou que seu próprio celular não foi apreendido e que não sabe o motivo da busca e apreensão da PF.
Valdemar Costa Neto, presidente do partido de Jair Bolsonaro, defendeu o ex-presidente em mensagem publicada no Twitter. Afirmou que o presidente é “uma pessoa correta, íntegra, que melhorou o país e procurava sempre seguir a Lei” e que “ficará provado que Bolsonaro não cometeu ilegalidades”.
AUTORIA
IARA LEMOS Editora. Jornalista formada pela UFSM. Trabalhou na Folha de S.Paulo, no G1, no Grupo RBS, no Destak e em organismos internacionais, entre outros. É mestranda na Universidade Aberta de Portugal e autora do livro A Cruz Haitiana. Ganhadora do Prêmio Esso e participante do colegiado de Inteligência Artificial da OCDE.
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