Alfredo da Mota Menezes
Acredito que, se Bolsonaro escolhesse uma mulher como vice em sua chapa, poderia ter ganho a eleição para presidente. Escolheu Braga Neto, da área militar, que não acrescentou votos à sua candidatura. Bolsonaro, com ou sem Braga Neto, tinha a maioria dos votos da área de segurança e defesa.
Se, por outro lado, tivesse uma mulher como vice poderia ter votos suficientes para ultrapassar o Lula. Lula teve um pouco mais de dois milhões de votos à frente de Bolsonaro. Se tivesse alguém do sexo feminino poderia tirar essa diferença.
Se essa mulher fosse do Nordeste a coisa ficaria melhor ainda para a candidatura do ex-presidente. Se essa vice fosse da Bahia ajudaria até mais. Lula teve ali 72% dos votos.
É óbvio que a campanha de Bolsonaro sabia do que ocorria no Nordeste, principalmente na Bahia. Sabia também que havia certa rejeição no eleitorado feminino contra ele. Qualquer candidatura a presidente tem pesquisas constantes sobre diversos aspectos de uma eleição.
Sabendo que o Nordeste era o lugar forte do candidato Lula e sabendo também que não estava muito bem no eleitorado feminino, o bom senso politico sugeria a indicação de uma mulher para vice e de preferencia do Nordeste.
Essa imaginada vice de Bolsonaro ajudaria ainda a diminuir a rejeição dele no eleitorado feminino. Durante a pandemia, ele falou coisas que não agradavam às mulheres. E não esquecer que tem mais eleitoras no Brasil que eleitor.
Ah, mas a escolha de Braga Neto era para mandar um recado ao Congresso para não tentar nada contra ele num segundo mandato porque se ele saísse, como saiu Dilma Rousseff, quem assumiria seria um general do Exército. Que o Congresso iria pensar duas vezes em fazer essa suposta mexida.
Pode até ter tido isso em mente, mas não ajudou em praticamente nada a candidatura de Braga Neto a vice. Uma mulher, do Nordeste ou não, teria dado mais votos à candidatura Bolsonaro. Tirava aquela pequena vantagem que o Lula teve para ganhar a eleição.
Outro dado que chamou atenção foi o longo silêncio de Bolsonaro depois da derrota eleitoral. Ele costumava falar com seus apoiadores naquele famoso quadradinho. Fazia também uma apresentação semanal e daqui a pouco silenciou.
Muitos bolsonaristas acreditavam que aquele silêncio era estratégico e que alguma coisa diferente aconteceria. Nada aconteceu e muitos deles se decepcionaram com o presidente.
Queriam uma ação maior contra a eleição do Lula. Qualquer coisa para que Bolsonaro continuasse na presidência. Hoje se vê muitos bolsonaristas não querendo que Bolsonaro se candidate em 2026.
Esse tempo de Bolsonaro no governo fez com que a direita brasileira se mostrasse politicamente. Aliás, pesquisa Datafolha recente mostrou que se tem hoje 32% de gentes que se intitulam de esquerda e 25% de direita. Bolsonaro ajudou nisso e, de agora em diante, a disputa para presidente será sempre entre alguém mais à direita e outro mais à esquerda.
Alfredo da Mota Menezes é professor, escritor e analista político.
E-mail: pox@terra.com.br site: www.alfredomenezes.com
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