• Cuiabá, 10 de Setembro - 2025 00:00:00

Gilmar decide que Bolsa Família pode ficar fora do teto de gastos


Por Edson Sardinha - Portal Congresso em Foco

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu na noite desse domingo (18) que as despesas com o pagamento do Auxílio Brasil (que será rebatizado como Bolsa Família) podem ficar fora do teto de gastos. Na prática, Gilmar autoriza o relator da proposta orçamentária, senador Marcelo Castro (MDB-PI), a incluir a previsão de recursos necessários para a manutenção do Bolsa Família de R$ 600 e o pagamento de outros R$ 150 por criança até seis anos de famílias beneficiadas pelo programa, conforme promessa de campanha do presidente eleito Lula.

O despacho do ministro permite que a verba seja garantida por meio de crédito extraordinário. Gilmar atendeu a um pedido da Rede Sustentabilidade, partido da base aliada de Lula no Congresso. A decisão representa um alívio para o futuro governo, que enfrenta dificuldade para aprovar a chamada PEC da Transição, que exclui as despesas com o Bolsa Família e outros investimentos e programas do teto de gastos do teto de gastos.

Depois de aprovar o texto em dois turnos no Senado, aliados de Lula esbarram na resistência do Centrão e do próprio presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que aproveitam a oportunidade para cobrar cargos no futuro governo. E ameaçam reduzir o valor e o tempo de duração da proposta. A liberação dos recursos por crédito extraordinário era uma das alternativas à PEC.

Congresso em Foco procurou o relator do orçamento e autor da PEC, senador Marcelo Castro, para comentar sobre os reflexos da decisão de Gilmar, mas ainda não houve retorno.

A proposta garante R$ 145 bilhões fora do teto de gastos nos orçamentos federais dos próximos dois anos e prevê a criação de uma nova regra fiscal, por lei complementar, que substituirá o teto de gastos no ano que vem. Também deixa fora do teto outros R$ 23 bilhões para investimentos.

Desse total, segundo o senador Marcelo Castro, R$ 16,6 bilhões poderão ir para políticas de saúde (como o programa Farmácia Popular), R$ 6,8 bilhões para assegurar o aumento real do salário mínimo e R$ 2,8 bilhões para reajuste salarial de servidores do Poder Executivo.

A versão original autorizava o governo a gastar acima do teto R$ 175 bilhões por quatro anos. Mas o período foi reduzido para dois anos, pelo relator, e o valor para R$ 145 bilhões, pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado.

O teto de gastos é um mecanismo aprovado pelo Congresso em 2016 para limitar o crescimento das despesas públicas à inflação registrada no ano anterior. Na prática, o teto congelaria os gastos públicos por, ao menos, dez anos, já que o aumento em despesas deve seguir a inflação.

Para facilitar a aprovação da proposta, a equipe de transição aceitou incluir na PEC um dispositivo que libera até R$ 22,97 bilhões que podem ser gastos ainda em 2022, dinheiro que servirá para pagar até 31 de dezembro de 2022 as chamadas emendas de relator, do chamado orçamento secreto.

A PEC também abre espaço para que a equipe de transição insira gastos no orçamento de 2023, através das emendas do relator-geral. Segundo o texto proposto, o relator poderá apresentar emendas relativas a pedidos da transição e elas não precisarão seguir os limites aplicáveis às emendas orçamentárias.

 

AUTORIA

Edson Sardinha

EDSON SARDINHA Diretor de redação. Formado em Jornalismo pela UFG, foi assessor de imprensa do governo de Goiás. É um dos autores da série de reportagens sobre a farra das passagens, vencedora do prêmio Embratel de Jornalismo Investigativo em 2009. Ganhou duas vezes o Prêmio Vladimir Herzog. Está no site desde sua criação, em 2004.

edson@congressoemfoco.com.br




Deixe um comentário

Campos obrigatórios são marcados com *

Nome:
Email:
Comentário: