Sonia Fiori e Rafaela Maximiano
As memórias da campanha 2020 de forma categórica: “a confiança sobre a vitória nunca foi colocada em dúvida”. A análise é do prefeito reeleito Emanuel Pinheiro (MDB), que nesta Entrevista da Semana ao FocoCidade discorre em tom pragmático sobre a conjuntura que envolve o Palácio Alencastro – sede da gestão da Capital.
Emanuel Pinheiro, enaltecendo a importância da política em sua essência – responsável pela gerência da vida da população no Estado Democrático de Direito – mantém o enfrentamento com o governador Mauro Mendes (DEM) ao criticar o Palácio Paiaguás em decisões como a recente, acerca do modal BRT.
Eleito presidente do Consórcio do Vale do Rio Cuiabá, Pinheiro amplia o campo de defesa do VLT – e consequentemente reforça a proposta de realização de plebiscito – sendo encampada pelo seu filho, deputado federal Emanuel Pinheiro Neto (PTB), Emanuelzinho.
O prefeito também assinala a seara do MDB, descartando eventual desfiliação e apostando na reconstrução do partido em sua vertente ideológica.
Pinheiro reafirma que “foi eleito prefeito para governar o município por quatro anos” – mas deixa brecha para uma discussão futura – em projeto pairando nos bastidores que mira o comando do Governo de Mato Grosso.
Nesta entrevista, o prefeito frisa ainda o desafio de superar sua própria administração à frente do Executivo da Capital – considerando o planejamento e resultados – e passando por revisão sobre o atual quadro de primeiro escalão.
O Plano de Ação do município à vacina contra a covid-19 é pontuado e nesse cenário, Emanuel Pinheiro assevera interpretação de que, mesmo com aumento de casos confirmados de coronavírus - dando sinais claros para o colapso do sistema de Saúde, cabe nessa fase principalmente ao cidadão os termos de “responsabilidade”.
O prefeito rechaça nesse momento decretar Lockdown e avisa que novas medidas poderão ser anunciadas – mas com foco no setor de promoção de eventos. “O comércio não é o vilão. Os maiores vilões são os grandes eventos.”
E marca o desafio: “seria uma industrialização de Cuiabá visando os próximos 30 anos, bem aquilo que chamei de Agenda 21, Cuiabá 2050”.
Confira a entrevista na íntegra:
Prefeito, se o senhor pudesse definir hoje o momento mais difícil da campanha considerando primeiro e segundo turno, qual seria?
A campanha foi história e memorável, onde todos se uniram contra nós. A elite política se uniu atendendo o governador do Estado para tentar destruir uma gestão popular, uma gestão próxima do povo de realizações e de entregas, tanto é que deixamos o mandato com o histórico índice de 86% de aprovação popular, segundo o IBOPE. Uma campanha onde a população cuiabana reagiu e optou pela responsabilidade, optou pela continuidade das mudanças que estão sendo implantadas na forma de governar a cidade, naquele modelo de gestão inovador e humanizado que implantamos em Cuiabá. A população cuiabana votou no equilíbrio, votou no bom senso, votou na postura de uma gestão que administra para todos mas respeita e prioriza os mais carentes.
Nessa linha, os momentos de maior dificuldade foram os que tivemos de combater a mentira, combater as Fake News, combater as ameaças, combater a forma sórdida, baixa e covarde com que nossos adversários agiram para tentar nos destruir, tanto é que eles “cantavam de galo” que eu não iria nem para o segundo turno, que eu já era um derrotado, que eu já tinha perdido as eleições. Nós mostramos que quem tem Deus e o povo nada teme.
O senhor manteve a confiança o tempo todo?
O tempo todo e inclusive todo o nosso grupo político, nossos apoiadores, nossa família, que também são testemunhas: em nenhum momento eu tive a menor dúvida de que nós ganharíamos as eleições. O único tropeço é que nós esperávamos sair em primeiro lugar no primeiro turno, como apontavam todas as pesquisas. Esses tropeços acontecem, nós não fomos ameaçados em momento algum para não ir ao segundo turno, a não ser na vontade desesperada dos nossos adversários que queriam nos tirar até do segundo turno e acabaram com essa união de todos contra um. Sete candidatos contra um, de toda a elite política contra um, acabou gerando um só vitorioso que é o atual prefeito de Cuiabá.
Então, todo o momento eu mantive a confiança por causa da gestão, pelo respeito à população, pela gestão de entregas e de realizações como eu disse, um modelo de gestão humanizado, inclusivo, moderno, uma gestão acima da média. Nunca na história de Cuiabá um prefeito da capital encerra um mandato com uma aprovação popular tão alta: 86% de aprovação popular, segundo o IBOPE, me colocando entre os prefeitos de capitais mais bem avaliados do país.
Nós mostramos que quem tem Deus e o povo nada teme.
O senhor colocou a questão de tropeço, entraria aí alguns desgastes que existiram dentro do partido, com a deputada Janaína Riva, uma questão que ainda se prolonga. Como o senhor viu esse desfecho dos líderes e ter que andar praticamente sozinho?
Infelizmente o empobrecimento, a baixa avaliação da classe política brasileira que prefere ficar debaixo das asas do poder do governador do Estado, que prefere fazer média com o governador do Estado e dar as costas para o povo. É uma linha de atuação, uma posição que está sufocando a maioria dos deputados estaduais, inclusive do meu partido. Preferem servir ao governador, enquanto o meu compromisso é servir ao povo. E a população está vendo isso. À exceção de Carlos Bezerra, nosso presidente, e do deputado Romoaldo Junior, todos deram às costas para o prefeito da capital que era do partido e foram se aliar ao governador numa traição que pegou muito mal para todos eles e foi desnudada e não adiantou. Uniram todos e acabaram perdendo as eleições onde eu tive ao meu lado Deus e o povo, e, agora nós temos que combater isso mostrando para a população, ajudando a fazer uma renovação completa de qualidade na Assembleia.
Dá para costurar essa situação de volta no MDB?
A renovação não é só a questão de mudar nomes ou de ser mais jovem ou mais velho cronologicamente, não me refiro à renovação da idade, digo de renovação na forma de fazer política, no compromisso com a população. Estou incentivando essa renovação na Assembleia como incentivamos na Câmara de Vereadores de Cuiabá e conseguimos. Hoje a Câmara está se mostrando muito mais bem alinhada, ainda cedo, apenas duas semanas, mas esses vereadores estão demonstrando muita sensibilidade. Tanto os de governo da base aliada, quanto os de oposição estão se mostrando maduros, responsáveis, equilibrados, de alto nível, com compromisso com a população, sem molecagem, sem irresponsabilidade. Numa relação institucional muito forte, sem um “toma lá dá cá” que a gente vê bastante nessas relações com o Governo do Estado. A nossa relação é institucional, republicana, de alto nível entre o Executivo e a Câmara, e estou gostando desse novo início de mandato e dessa relação institucional: vereadores muito alinhados com o sentimento popular.
Eu quero resgatar esse MDB e não um MDB adesista, um MDB governista.
Dentro do partido o senhor sente alguma mágoa? O senhor está com muitos convites, avalia ir para uma outra sigla, ou acha que dá para reconstruir dentro do próprio partido?
Não penso. São obstáculos naturais na vida pública. A minha vida é formada por embates, por resistências, com desafios, sempre com o povo ao meu lado, sempre defendendo a vontade popular, sempre sintonizado com as ruas e enfrentando esses desafios para resgatar a natureza, por exemplo do MDB, que é o partido da luta democrática, da resistência democrática. Um partido dos movimentos sociais dos movimentos do povo, que liderou as Diretas Já, um partido que tem essa história de causas populares ligadas intrinsecamente à história de vida de Carlos Bezerra. Eu quero resgatar esse MDB e não um MDB adesista, um MDB governista. Temos que resgatar esse partido e a história de vida e luta de Carlos Bezerra. Esse tem sido um desafio nosso e tem sido um desafio do MDB de Cuiabá. Portanto, no momento não penso em mudar de partido e pretendo ficar e lutar pelo MDB.
Agora, a nossa amizade com a família Campos nunca se abalou.
Como está a sua relação com o senador Jayme Campos? Passadas as eleições houve algum atrito pelo deputado Emanuelzinho ter disputado as eleições em Várzea Grande?
O senador Jayme é um democrata e o deputado Emanuelzinho é um jovem deputado federal, a maior revelação política dos últimos tempos em Mato Grosso que tem que formar seu grupo político e seu projeto político, juntamente com o seu partido e os seus companheiros. Então ele é um cuiabano que ama a nossa cidade, a terra em que ele nasceu, mas tem também uma relação muito forte com Várzea Grande na sua votação como deputado federal, na sua votação a prefeito chegou a quase 15% das intenções de votos e começa a trabalhar esse legado que está construindo. Ele deixa esse legado, criou uma intimidade maior com a cidade, quando você é candidato à prefeito você cria essa intimidade e agora ele vai continuar o seu excelente trabalho como deputado federal, ajudando Cuiabá, ajudando Várzea Grande, a Baixada Cuiabana, ajudando o Estado de Mato Grosso e vai poder consolidar; tem um patrimônio político hoje em Várzea Grande que é dele, como tem em Cuiabá e no Estado inteiro e vai decidir se pretende dar sequência a este sonho de servir à Várzea Grande como prefeito agora ou no futuro. Muito jovem, tem 26 anos apenas, ele tem esse tempo e essa trajetória que está construindo de uma forma muito digna, independente e madura. E, Jayme Campos sabe disso. Emanuelzinho não ganhou as eleições, mas ganhou experiência, maturidade e uma relação mais íntima com a sociedade várzea-grandense.
Agora, a nossa amizade com a família Campos nunca se abalou. Começou com meu pai e seo Fiote há 60 anos e manteve-se comigo e toda a nossa família. Já estive com Jayme, já falamos por celular, combinamos novas reuniões e ele se colocou inteiro à disposição do nosso segundo mandato e vamos precisar do nosso senador Jayme Campos, ao lado de Emanuelzinho, Wellington e Bezerra, da nossa bancada federal para conseguirmos recursos e emendas para nos ajudar a desenvolver Cuiabá.
O senhor está no início desse segundo mandato, mas nos bastidores o seu nome é colocado como via a eventual candidatura ao Governo do Estado. Descartaria hoje essa possibilidade?
Eu sou candidato a ser prefeito de Cuiabá por quatro anos, para isso fui eleito e consolidar os avanços e as mudanças da minha gestão no primeiro mandato, muito bem avaliadas, mas que precisa avançar muito mais. Nós precisamos consolidar esse novo modelo de gestão e essa virada de página na história da gestão pública de Cuiabá. Agora, eu sempre tive fé. Sou católico, cristão e sei que o futuro a Deus pertence. Da mesma forma que em 2016 eu era candidato da Assembleia Legislativa e virei prefeito de Cuiabá, se for plano de Deus na minha vida, ele vai saber mostrar para mim. Da minha parte eu vou trabalhar para fazer um mandato para ser prefeito os quatro anos, para fazer um mandato melhor ainda que o primeiro, e não é matéria fácil. Estou concorrendo comigo mesmo e não é matéria fácil você superar o primeiro mandato com 86% de aprovação popular.
Uma questão muito polêmica: no dia da sua vitória o senhor deu entrevista em frente à sua casa e o senhor colocou uma espécie de “bandeira branca” nessa relação com o governo. Na sequência, dias depois, já não houve um alinhamento. Como o senhor definiria a questão Prefeitura e Governo, é difícil um alinhamento institucional ou o senhor ainda confia, principalmente colocando nessa questão o embate do VLT x BRT?
Mexeu com Cuiabá, mexeu comigo. Isso foi um símbolo da minha campanha, um mote da minha campanha e é bem o que eu sinto; a minha devoção e amor por Cuiabá é muito grande e bem simbolizada nessa frase que eu usei muito na campanha e é uma frase que vai me acompanhar o resto da vida, então... mexeu com Cuiabá, mexeu comigo.
Eu mantenho a bandeira branca para a relação institucional, porque Cuiabá precisa de uma relação institucional respeitosa, de alto nível e que preze pelos interesses da população cuiabana, que preze pela capital do Estado de Mato Grosso, entre as duas maiores lideranças do Estado: o governador do Estado e o prefeito da capital. Nós não somos amigos e nem precisamos ser. Não precisamos almoçar juntos, tomar cerveja juntos e nem jantar juntos para discutir o melhor e de que forma podemos fazer mais pela cidade e pela população cuiabana. Eu levantei a bandeira branca para essa relação. E, os nossos secretários – tive inúmeros contatos com o governo do Estado, com as secretarias afins, e, temos tido resultados bons, avanços como por exemplo na Saúde, temos agora essa relação tripartite no enfrentamento à Covid, nesse momento de pré-campanha de imunização. Então é essa relação que queremos.
Tive acesso ao estudo parcial que é uma peça de ficção no papel.
Dá para dissociar a relação institucional da pessoal, enquanto existe um embate direto entre vocês dois?
Sim, dá. É essa relação que eu descrevi, que preconizo agora, mexeu com Cuiabá, mexeu comigo. Você vai mudar um modal de uma cidade que ele era prefeito e arrebentou a cidade inteira, deixou arrebentar a cidade inteira e agora você vem e muda o modal? Por que não falou na época em que ele era o prefeito. Ele deixou arrebentar a cidade inteira para dizer que hoje ele defende o BRT e depois de dois anos como governador do Estado. Então, vamos discutir uma possível mudança? Todos sabem da minha posição pró-VLT, eu quero o melhor para a população cuiabana, quero nivelar Cuiabá por cima, eu quero o melhor para quem depende do transporte coletivo, eu quero o que há de mais moderno, inovador, sustentável, que garanta mais conforto, mais comodidade, que garanta mais rapidez e respeite o usuário do sistema de transporte coletivo e que simbolize o desenvolvimento econômico que é o VLT. Mas nesse momento eu não luto pelo VLT ou BRT, eu luto pelo direito legítimo, legal e constitucional de que essa decisão não cabe isoladamente ao governador do Estado. Cuiabá tem que ser ouvida, a população cuiabana tem que ser ouvida, o município tem que ser ouvido através da Câmara Municipal e da Prefeitura com poder de decisão. A decisão não é unilateral, a decisão é compartilhada entre Estado com aval da União, por isso que eu defendo a bancada federal também nessa decisão, e os municípios de Cuiabá e Várzea Grande, no caso, mas eu falo por Cuiabá. E, o município de Cuiabá não só tomando conhecimento das decisões que o governador quer, mas sim participando como manda a lei, discutindo, debatendo e tendo poder de decisão. Porque quem sabe o que é melhor para Cuiabá, para o transporte coletivo é a população cuiabana, é o município de Cuiabá, é a prefeitura de Cuiabá.
Que leitura faz do estudo que é a base para a decisão dele (governador)? O senhor já teve acesso?
Tive acesso ao estudo parcial que é uma peça de ficção no papel. Depois de todo esse tempo, deixou arrebentar a cidade. Eu que vim consertei, urbanizei.
Por que o senhor fala que é uma peça de ficção?
Porque não discutiu com ninguém, sentou ele com um grupo do Governo do Estado, ligado ao governador – não sei nem quem são, sei que é um grupo pequeno e que não conhece a realidade de Cuiabá, que não discutiu com Cuiabá, que não fez nenhuma audiência pública, não sentou com técnicos da prefeitura, não ouviu a população cuiabana. Desconsiderou sete anos já decidido pelo VLT, bilhões de reais investidos e sozinho, de forma ilegítima tomou a decisão. Aí tempera essa decisão com uma peça de ficção, como eu disse papel aceita tudo para tentar convencer a sociedade, mas não vai convencer. Eu vou morrer atirando para defender Cuiabá e a população cuiabana. Já demos início a uma grande guerra política e jurídica em defesa dos interesses de Cuiabá. Eu quero que a população seja ouvida, não é pelo modal, eu quero que a população seja ouvida e a discussão se abra, discussão real, nada goela abaixo, nada de forma impositiva, isso eu não vou aceitar. E, a população cuiabana possa também discutir, debater e decidir de forma compartilhada qual o melhor sistema para atender os usuários.
Alguns especialistas defendem que a questão do custo poderia ser discutida com uma parceria na iniciativa privada. Seria uma alternativa a concessão?
Olha tem que haver discussão. Você encaminhar um monte de documentos dizendo que é o seu trabalho, que é um estudo técnico, não mostra uma boa intenção para a solução do problema. Se você tem um estudo técnico, debata. Faça aquilo que manda: vamos para uma audiência pública, vamos sentar os técnicos e debater: Estado, União, Cuiabá e Várzea Grande. Vamos esclarecer à sociedade, vamos chamar as forças políticas que têm que ser protagonistas nesse processo, uma bancada federal e os dois municípios através dos seus gestores, para poder tomar uma decisão. Fora isso não há uma amostra de que quer resolver, há uma amostra de que quer se livrar do pepino dizendo “olha eu tentei resolver não me deixaram... eu decidi por isso aqui”. O governador não tem autoridade legal para decidir sozinho a questão do modal. Então é isso que eu estou defendendo: o direito de Cuiabá.
O senhor vai continuar recorrendo na Justiça?
Vou continuar. Nós temos uma licitação que foi feita de forma democrática, transparente, séria, correta, foi um ano e meio para realizar essa licitação, debatemos com o Tribunal de Contas, com o Ministério Público, debatemos com a sociedade em audiência pública. Era para ficar 45 dias aberto o edital eu dei mais 15 para mostrar a isenção, transparência e honestidade, ficou 60 dias o edital aberto. O Estado nunca se manifestou, questionou, recorreu, fechamos a licitação, porque agora poderemos fechar o ciclo de mudanças e avanços no transporte coletivo iniciado na minha gestão, inclusive com a entrega de ônibus zero quilômetro, modernos, de uma frota com 50% com ar condicionado e gradativamente ao longo da minha gestão 100% da frota terá ar condicionado. Será a única capital do país com 100% da frota com ar condicionado. É uma virada de página no respeito ao cidadão, na comodidade, conforto, na humanização do sistema para atender quem mais precisa e que não tem dinheiro para pagar um carro e mantê-lo pelo alto custo do combustível. Então para aqueles que dependem do sistema a virada de página já está acontecendo. Em maio começa a se consolidar nos veículos de transporte, eu dei início na estruturação: estações climatizadas, pontos de ônibus, corredores exclusivos, ônibus articulados, mas agora eu chego aonde a população mais quer e precisa ou seja, a mudança dos veículos velhos acabados e sem ar condicionado por veículos mais novos e todos com ar condicionado a partir de maio de 2021. Eles querem parar com isso porque não andam de ônibus e nunca andaram, não tem sensibilidade com quem precisa. Não vou admitir, contranotifiquei o governador pois quem comanda a política de mobilidade urbana de transito, de transporte e de modal é o município.
Eu quero resgatar não só essa história, mas esse sentimento e importância e juntos, sem fronteiras geográficas representamos um município só chamado Baixada Cuiabana, para podermos nos ajudar mutuamente nos interesses comuns como é o caso do VLT.
Prefeito, o senhor acaba de ser eleito presidente do Consórcio do Vale do Rio Cuiabá, e sabemos que é uma lei vigente há algum tempo, mas também não se vê muitas ações na prática. Ele (Consórcio) também se torna um instrumento mais forte para o senhor colocar em debate a questão do VLT estando nesse comando?
Claro. É o interesse comum, é a região metropolitana do Vale do Rio Cuiabá, que eu gosto de chamar carinhosamente de Baixada Cuiabana. Somos um município só, somos 13 municípios, somos o começo de tudo, aqui estão os verdadeiros pioneiros, verdadeiros desbravadores de Mato Grosso que há três séculos lutam para fazer desse Estado a mola propulsora do desenvolvimento econômico do nosso país. Essa região durante séculos renunciou ao progresso e ao desenvolvimento para integrar Mato Grosso preparando esse círculo do maior produtor agrícola, preparando para a explosão do agronegócio. O Mato Grosso celeiro do Brasil só aconteceu por causa da Baixada Cuiabana, onde tudo começou, onde está a capital do Estado, a maior e mais importante cidade do Estado, centro das decisões Estaduais, onde está a segunda maior cidade do Estado e onde está o povo humilde, simples e trabalhador e o pioneiro que durante séculos carregou a economia do Estado nas costas.
O resgate dessa importância política, econômica, administrativa, cultural e social está enraizada na baixada cuiabana e eu trago o compromisso a prefeitos e prefeitas colegas da região para derrubarmos as fronteiras físicas, derrubarmos os obstáculos político-partidários e virarmos um município só, uma região só. Sem fronteiras, geograficamente um, indivisíveis. Somos um milhão e cem mil habitantes, somos a região mais populosa do Estado, o maior colégio eleitoral, a mola mestra da economia, a base da economia do Estado. Somos historicamente o Poder de decisão durante 3 séculos com influências positivas e incríveis no nosso país. Eu quero resgatar não só essa história, mas esse sentimento e importância e juntos, sem fronteiras geográficas representamos um município só chamado Baixada Cuiabana, para podermos nos ajudar mutuamente nos interesses comuns como é o caso do VLT para buscarmos outras associações, outras uniões e reuniões como por exemplo da agricultura famíliar, geração de emprego e renda, opção de novos mercados, de novos perfis econômicos para cada região que está bastante empobrecida ao redor de Cuiabá e Várzea Grande. Darmos as mãos e buscarmos a autoestima do nosso povo, daqueles que desbravaram nosso Mato Grosso, os pioneiros somos nós.
Como interpreta um plebiscito sobre o VLT?
Essa é a proposta do deputado Emanuel Pinheiro Neto, que ele já levou para a Assembleia. Tenho muita simpatia por essa proposta, principalmente depois dessa vergonha que se transformou esse imbróglio jurídico que se transformou o VLT, bilhões de reais já foram perdidos e agora querem voltar atrás e mudar. Já chegou em um patamar que só o governo não resolve, só União não resolve, só Cuiabá não resolve, só Várzea Grande não resolve. É respeitar a lei, a autonomia municipal e respeitar a população de Cuiabá e de Várzea Grande, as duas populações mais afetadas por esse desmando que se transformou o VLT. Quem está pagando o pato é o município, quem está sendo lesado é a população, a União e o Governo do Estado são abstratos, o povo vive no município. Nesse caso a população, a família cuiabana viu um desrespeito, uma baderna, escândalos que transformou aquilo que devia ser a realização de um sonho na qualidade de vida de quem depende do transporte público na nossa cidade e região. Mais do que nunca temos que ouvir um debate aberto, verdadeiro, imparcial, com amplas discussões técnicas mostrando vantagens e desvantagens do VLT, para que a população democraticamente e legitimamente os verdadeiros donos do poder decidam aquilo que é melhor para eles.
Secretariado: havia uma expectativa para o dia 8, depois dia 15. Até final deste mês de janeiro o senhor fecha seu staff?
É uma expectativa que eu mesmo criei, mas eu acho que não há necessidade. Nós viemos de uma reeleição, então não havia necessidade como foi em 2016, de exonerar todo mundo dia 31 de dezembro porque um pouco já assumiria dia 1º de janeiro. Além disso, uma reeleição de uma gestão muito bem avaliada, de uma gestão que possui números fora de série como já falamos, e uma gestão com secretariado acima da média. Então como maestro de toda essa equipe é não deixar o comodismo, o conforto, a falta de diálogo e de respeito com a população acontecer. Isso é o meu desafio. Eu quero a mesma garra, a mesma energia, vontade, o amor por Cuiabá, o mesmo perfil irrequieto de fazer, construir e integrar. Quero manter essas chamas acesas na minha equipe, porque o segundo mandato geralmente perde a velocidade, ele cansa e sou incansável por Cuiabá. Por isso acho necessário reoxigenar minha gestão, remanejando os secretários, utilizando o talento e experiência deles em diferentes possibilidades porque eu concorro comigo mesmo, eu tenho que superar a aceitação de 86% de aprovação que eu mesmo alcancei.
O senhor está falando que podem entrar novos nomes, atuais podem ser remanejados?
Ao atuais já estão sendo remanejados, a área meio que é a equipe econômica mantidos pela boa gestão fiscal, mas se precisar remaneja. Novos quadros virão para trazer sangue novo para a gestão com o mesmo perfil de entregas para a população, então eu não tenho um compromisso amarrado, eu posso fazer hoje ou até o final de janeiro, mas com muita calma conversando com as forças aliadas, aliando perfil técnico ao político, eu quero escolher os nomes porque o meu compromisso é com a população cuiabana.
A partir de fevereiro ou março a expectativa é de mais 30 milhões de doses e a partir de abril a expectativa é de mais 40 milhões de doses.
A notícia mais esperada e feliz nesse momento é o aval do governo federal para começar, e o senhor diz que já está analisando esse plano. Então qual é a perspectiva dentro do que o senhor conversou com o Ministro Pazuello de vacinação da população. Já conseguiu um mapa pelo menos para o primeiro semestre, além é claro dos grupos prioritários? A população fica na expectativa de quando a vacina vai chegar a todos?
Ao longo do ano. Nesse primeiro momento o que estamos autorizados a falar e mesmo assim depende da reunião da Anvisa neste domingo, dia 17 de janeiro, onde ela vai certificar ou não essas vacinas e vão abrir a campanha nacional de vacinação.
Os lotes de vacina...
Dependemos só da Anvisa liberar neste 17 de janeiro, o ministro Pazuello autorizou a falar, que ela liberou está previsto para começar a campanha nacional de imunização onde serão distribuídos inicialmente 8 milhões de doses, sendo 6 milhões do Instituto Butantan e 2 milhões da Fiocruz. Essas doses virão do governo federal para o governo estadual, já amarrado a distribuição por municípios por densidade populacional, ou seja, será um número de doses já estabelecido pelo controle que tem o Ministério da Saúde, de acordo com cada município e priorizando os grupos.
Acima de 60 anos, portadores de deficiência, profissionais da saúde e indígenas aldeados, não é o caso de Cuiabá além de mais algum grupo que possa ser incluído. Então nesse primeiro momento Cuiabá trabalha com uma meta, vai depender de quantas doses o Ministério da Saúde vai entregar porque a quantidade de doses para o Brasil não é significativa. Trabalhamos nesse primeiro momento com 125 mil pessoas nesses grupos em Cuiabá e o governo federal vai mandar as duas doses já para essas 125 mil pessoas, depois que for dada a primeira dose após 27 dias será aplicada a segunda dose na mesma pessoa.
Por exemplo, se Cuiabá tiver 100 mil pessoas nesses grupos prioritários o governo federal enviará 200 mil doses para Cuiabá. O plano de execução será todo municipal. É o município que fará o seu plano municipal de imunização. Um momento tão sonhado e esperado, trabalhamos muito para isso, vamos continuar paralelo à imunização com a campanha de conscientização da população, não pode aglomerar, não pode relaxar, cuidado com as medidas de biossegurança até que possamos vacinar a população como um todo. A partir de fevereiro ou março a expectativa é de mais 30 milhões de doses e a partir de abril a expectativa é de mais 40 milhões de doses. A partir daí vamos dar sequência à campanha nacional de imunização para vacinar toda a população.
Tem como estabelecer uma previsão... até o final de 2021 o governo federal pode passar todas as doses necessárias para atingir a maioria da população?
Precisa ser confirmado pelo governo federal, através do Ministério da Saúde, mas pelo número de pessoas a serem imunizadas, no Brasil um número muito grande em torno de mais de 100 milhões de pessoas. Só em Cuiabá por exemplo, dos nossos 700 mil habitantes, acho que 440 mil serão imunizados, então nessa proporção teremos mais de 100 ou 120 milhões de brasileiros sendo imunizados. Pelo contingente muito grande e as doses sendo dobradas e precisam respeitar o lapso de tempo, a logística e a infraestrutura dessa campanha deverá levar de um ano a um ano e dois meses para que toda a população brasileira esteja devidamente imunizada e com a graça de Deus vencermos essa guerra travada contra a Covid-19.
Muito se tem perguntado e o senhor tem reafirmado que não está pensando em lockdown. A gente vê no cenário paralelo um aumento substancial dos números de novos casos da covid e obviamente da taxa de ocupação dos leitos de UTIs. Se chegar na proximidade de 90% (UTIs) não é uma possibilidade reavaliar medidas em Cuiabá?
Eu não me arrependo de nada do que fiz, até porque fiz orientado, seguindo o protocolo da Organização Mundial de Saúde, do Ministério da Saúde, e do Comitê Municipal de Enfrentamento à Covid-19, tanto é que Cuiabá foi incluída entre as cidades que melhor se comportou no combate à Covid-19 graças à liderança, as medidas da prefeitura municipal sobre o comando do prefeito Emanuel Pinheiro. Se não fossem as nossas medidas nós teríamos o triplo de casos confirmados e o triplo de óbitos, a tragédia seria muito maior. Mas precisávamos naquele momento, ninguém sabia o que era a Covid-19, como combater, como se comportar e como enfrentar. Então de forma responsável seguimos o protocolo internacional: o distanciamento e o isolamento social, o chamado lockdown por causa de dois fatores basicamente: o primeiro era o inimigo oculto que ninguém conhecia, uma pandemia, então isola a população e vamos informar a população do que está chegando, a sua gravidade, como conviver, como se comportar, como defender assim a sua família. E o segundo, porque se decreta o lockdown, isola as pessoas e prepara a rede de saúde para aquele inimigo, para a pandemia que vai sobrecarregar o sistema e isso foi feito.
Já existia um fantasma da segunda onda, agora não há necessidade mais de decretar lockdown até porque as pessoas precisam trabalhar, precisam ganhar o seu salário, para poder até comprar os insumos para se proteger da Covid-19.
Mas e se houver um colapso no sistema?
Não vai ser trancando um marmanjo dentro de casa, nem por decreto, que vai segurar as pessoas dentro de casa. As pessoas precisam ter consciência. Agora, eu vou cobrar duro, inclusive através da mídia, a consciência e a responsabilidade da sociedade, da população. A responsabilidade com a sua vida, com a vida de quem você mais ama e com a vida de terceiros que você desconhece e não podem “pagar o pato” pela sua irresponsabilidade.
O comércio não é o vilão. Os maiores vilões são os grandes eventos. Eu vou dialogar com o setor, vou lançar medidas mais duras para evitar aglomerações. Por exemplo, eu já proibi qualquer tipo de aglomeração, eventos, nos parques, praças e qualquer logradouro público dentro de Cuiabá.
A minha parte já fiz, continuo fazendo e vou fazer, e assumo as consequências delas. Agora está na hora de cada um fazer a sua parte, não tem criancinha, não tem bebê. Os eventos privados são superlotados e são adultos, homens, mulheres, jovens, meia idade, brincando com a sua vida e a de quem mais ama.
Os valores de multas por descumprimentos também não podem ser revistos para coibir?
Os eventos privados estamos indo em cima. Recentemente fechei uma boate, cravamos uma multa de R$ 60 mil e interditamos a boate por 10 dias. E estamos estudando uma lei específica para o período da Covid, principalmente atuando em medidas duras contra os responsáveis por eventos privados porque públicos estão proibidos e que causam toda esse aumento na velocidade da proliferação do vírus. A responsabilidade de cada um será cobrada. Não venha culpar o prefeito, não venha culpar autoridade, primeiro veja se você está sendo responsável.
Como se lida prefeito com o movimento negacionista que ignora a pandemia?
Contra fatos não há argumentos. A segunda onda está vindo e graças a um comportamento inadequado desses negacionistas a situação vem agravando. Nós vamos cobrar duro deles. Mas a cobrança maior deve ser da consciência de cada um. Não vou aceitar crítica, não venha me culpar, não venha botar nas minhas costas a consequência da sua irresponsabilidade. A minha parte já fiz, continuo fazendo e vou fazer, e assumo as consequências delas. Agora está na hora de cada um fazer a sua parte, não tem criancinha, não tem bebê. Os eventos privados são superlotados e são adultos, homens, mulheres, jovens, meia idade, brincando com a sua vida e a de quem mais ama. Se fosse só a dele era responsabilidade dele. Mas pode estar contaminando e levando ao leito de morte quem ele mais ama e fazendo vítimas inocentes que pagam o preço da sua irresponsabilidade. Isso que vou cobrar duro e dividir responsabilidades. Lockdown é uma violência ao setor produtivo e eu preciso do setor produtivo trabalhando, gerando emprego e renda, até para que a população tenha como se proteger e defender a sua família nesse período crítico da pandemia.
O senhor disse no início da entrevista que precisa se superar. Como classifica esse desafio, considerando que lá atrás queria transformar Cuiabá em uma cidade mais moderna, mais industrializada. Então o que seria o desafio de Emanuel Pinheiro para o segundo mandato?
O desenvolvimento econômico. A geração de emprego e renda. O apoio ao setor produtivo principalmente as micro e pequenas empresas que pagaram um preço muito alto em virtude da pandemia. Faliram, fecharam as portas, geraram desemprego. Então a perspectiva econômica local, o atrativo de novos investimentos, ações coordenadas com a bancada estadual e federal, principalmente para que indústrias venham para Cuiabá e vejam a logística e infraestrutura que avançou bastante.
Seria uma industrialização de Cuiabá visando os próximos 30 anos, bem aquilo que chamei de “Agenda 21, Cuiabá 2050”. Preparar os pilares, a base desse desenvolvimento econômico. Cuiabá gerando emprego e renda, fortalecendo e diversificando a nossa economia, dando espaço e fomentando a agricultura familiar pois temos aqui o maior polo consumidor do Estado. Explorando e dando espaço para o turismo, que é um gigante adormecido. Cuiabá é o Centro Geodésico da América Latina, tem uma cultura, história e tradição fortíssimas, enraizadas que por si só se sobressaem. Uma culinária e gastronomia maravilhosa, além disso estamos estabelecidos em uma região privilegiada. Estamos a 100 km do Pantanal, a 60 km das maravilhas da Chapada dos Guimarães, a 85 km das águas limpas e claras de Nobres, a 200 km da Amazônia, estamos a 120 km dos esportes radicais de Jaciara, a 130 km das águas quentes de Juscimeira, então temos um potencial turístico extraordinário e somos um gigante adormecido nessa área. Criei uma secretaria de comum acordo com o trade turístico, acordo feito em 2016 ainda, para que possamos planejar o turismo e uma cidade com perspectiva de desenvolvimento econômico com forte potencial para gerar emprego e renda. Além de um serviço público de qualidade, sempre valorizando o servidor público, iremos desenvolver essas ações como esteio dessa gestão para que Cuiabá possa conhecer o crescimento e desenvolvimento econômico das grandes cidades.
Considerações finais...
Quero agradecer a oportunidade e desejar um feliz e próspero ano novo e de 2021 a todos, principalmente aos leitores do FocoCidade, que vençamos a pandemia, que vençamos as dificuldades, que nos unamos mais uma vez, o povo cuiabano mostrando o seu espírito de superação, o seu espírito de enfrentamento que marcou os 300 anos de história dos cuiabanos. Sempre saímos vitoriosos das dificuldades, dos desafios e obstáculos, mostrando que é um povo talhado para o sucesso, para liderar, talhado para ser referência. O povo cuiabano nasceu para ser cabeça, nasceu para liderar e não ser liderado, então esse espírito de renascimento dos cuiabanos para o orgulho de ser cuiabano, da sua história, cultura e tradições e também embasado na sua inabalável fé cristã é que vamos cada vez mais construindo e reconstruindo uma cidade vibrante, moderna, humanizada, bonita, inclusiva e muito melhor para se viver. Essa Cuiabá que vamos liderar e construir nos próximos quatro anos.
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