Rafaela Maximiano - Da Redação
“O Brasil hoje não tem controle da pandemia, inclusive Mato Grosso. A população não respeita leis e regras e os órgãos públicos que deveriam fazer cumprir as regras não têm poder para isso, muitos não respeitam nem mais a polícia. Carecemos de ter um choque de autoridade. Enquanto as pessoas tiverem a opção de fazer o que querem e não serem responsabilizados, nós estamos expostos”.
O desabafo é do médico Marcelo Sandrin, quando questionado sobre o aumento de pessoas infectadas pela Covid-19 nas últimas semanas, enquanto aglomerações, festas e a não utilização de mascaras pode ser flagrada em diversos municípios do Estado.
Enquanto as pessoas tiverem a opção de fazer o que querem e não serem responsabilizados, nós estamos expostos.
Para o médico, que vivencia o combate à doença na prática, a população tem dificuldade em enxergar que a doença estava sendo vencida. “Nós estávamos sendo vitoriosos, saímos de uma situação de mais de 90% da ocupação das UTIs para 28% aqui no Estado, chegamos a ter dias com mortes zero. E, agora voltarmos a uma situação preocupante com aumento diário na ocupação de leitos de UTIs e enfermarias”.
Além da falta de continuidade de fiscalizações pelo poder público para fazer cumprir as regras de proteção, Sandrin aponta que o aumento do número de casos teve sua origem na campanha eleitoral.
“Na minha opinião não eram para ter sido feito eleições, elas foram o ponto de largada para tudo isso. A população estava saturada, ansiosa por estar em casa vindo do lockdown e com as eleições foram às ruas. Isso somado ao relaxamento das regras. Talvez o governo contava com que a população estivesse preparada para o relaxamento de horários, serviços, etc, e, vemos agora que não estava”.
Marcelo Sandrin complementa “vivemos num país da leniência, com leis frouxas onde a população se acostumou a não obedecer porque não tem punição”.
Um ponto positivo apontado pelo médico é que na prática os novos casos de contaminação pela Covid-19 têm sido bem menos graves, segundo ele as pessoas estão procurando os serviços médicos precocemente o que diminui o impacto nos hospitais que tratam da doença.
Quanto a estarmos vivendo uma segunda onda da doença, o especialista refuta a ideia. “Não entendo que estamos em uma segunda onda de contaminação do novo coronavírus, mas um novo pico da doença. Isso porque não terminamos a primeira onda ainda. Os casos tinham diminuído devido ao distanciamento social, as medidas de proteção e de higiene, uso de máscaras e protocolo de medicamentos, mas não tinham acabado”.
Sobre as vacinas, Sandrin é enfático ao falar que vivemos uma disputa política com as medicações e as pessoas devem parar de polemizar o assunto e pensar na vida. “Vejo pessoas completamente alheias ao meio científico ou médico que passam a ter direito de defender na mídia A ou B, e afirmar o que tem que ser usado. Se a vacina possui eficácia, cientificamente é segura e aprovada pelos órgãos competentes, que tem que gozar da credibilidade da sociedade, pessoas leigas não têm como contestar as ações da Anvisa e do Ministério da Saúde”.
Governo
Questionado sobre a falta de controle das medidas de proteção, o Governo do Estado informou que a Secretaria de Saúde monitora os casos da Covid-19 com o objetivo de orientar os municípios em relação às medias de restrição que devem ser adotadas e que conforme decisão do STF, os municípios têm autonomia para decidir a respeito dessas medidas.
Ministério Público
Já o promotor de Justiça, Alexandre Guedes, informou através de sua assessoria que o Ministério Público Estadual ainda está analisando a situação.
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