Sonia Mazetto
O mês de setembro ganhou, ao longo dos anos, um simbolismo especial no calendário da saúde pública e da comunicação. Conhecido como Setembro Amarelo, ele traz à tona a importância de debater saúde mental e prevenção ao suicídio. Mas, para além das boas intenções, a forma como esse tema é tratado pelas empresas, pelos veículos de imprensa e pelas campanhas publicitárias é determinante para que a mensagem cumpra o seu verdadeiro papel: valorizar a vida.
Especialistas em saúde mental reforçam que a palavra “suicídio”, quando destacada de forma pesada ou repetitiva, pode reforçar estigmas ou até acionar gatilhos em pessoas vulneráveis. Nesse sentido, a comunicação deve assumir uma postura cuidadosa, substituindo expressões de peso por mensagens que promovam acolhimento, esperança e leveza.
A experiência de campanhas recentes mostra que trocar “combate ao suicídio” por “valorização da vida” é mais do que uma escolha semântica: é um ato de responsabilidade social. As palavras moldam percepções e podem fortalecer ou fragilizar quem as recebe.
Nas empresas, o Setembro Amarelo precisa ser encarado não apenas como uma pauta para posts em redes sociais, mas como parte da cultura organizacional. A comunicação interna deve ser pensada de forma a criar um ambiente seguro, onde colaboradores possam se sentir à vontade para buscar ajuda, sem julgamentos.
Já nas campanhas publicitárias, a responsabilidade é dupla: informar sem romantizar e sensibilizar sem chocar. Criar peças que mostrem o valor da vida, com mensagens positivas e representações diversas, é uma forma de transformar a comunicação em aliada da saúde mental.
No jornalismo, o debate sobre noticiar ou não casos de suicídio é antigo. A orientação predominante é que a cobertura seja feita com discrição, sem detalhar métodos e evitando sensacionalismo. O mesmo raciocínio vale para a publicidade: menos ênfase na tragédia, mais foco em recursos de apoio e no valor da vida.
Campanhas eficazes têm apostado em frases curtas e marcantes, associadas a cores vibrantes, imagens que transmitam serenidade e informações claras sobre onde buscar ajuda. É a comunicação se tornando não apenas um canal de informação, mas também um fator de proteção social.
Mais do que slogans e artes bem produzidas, Setembro Amarelo é um convite para que empresas, jornalistas e publicitários repensem sua linguagem. Cada palavra carrega energia e impacto. Em um tema tão sensível, a comunicação deve ser vista como ferramenta de acolhimento e prevenção, capaz de oferecer serenidade a quem luta silenciosamente.
No fim, como reforçam os especialistas, não se trata de evitar o tema, mas de falar sobre ele de forma responsável, com luz, leveza e esperança. Porque valorizar a vida é, também, uma forma de comunicação.
Sonia Mazetto é Gestora de Potencial Humano, Terapeuta Integrativa, Fonoaudióloga e Palestrante.
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