Silvinei Toffanin
Não é difícil encontrar quem encare a jornada empreendedora como uma verdadeira montanha-russa emocional. Afinal, entre a paixão por uma ideia e os desafios da execução, muitos empresários acabam negligenciando um dos pilares mais críticos para chegar ao sucesso: a saúde financeira do negócio. Pior do que isso, uma parte significativa desses empreendedores passa a evitar deliberadamente os números. Isso se dá, na imensa maioria das vezes, por falta de conhecimento, sensação de inadequação em relação ao universo administrativo ou mesmo pela crença de ser incapaz de compreender esse tipo de dado. Essa realidade tem nome. Trata-se da Síndrome do Impostor Financeiro.
Esse fenômeno psicológico ocorre quando indivíduos, mesmo tendo sucesso, duvidam constantemente da própria competência e vivem com o temor de serem "descobertos" como uma fraude. No campo financeiro, essa sensação se manifesta quando o empreendedor se sente incapaz de entender ou gerir as finanças do próprio negócio, acreditando que "não foi feito para lidar com números" ou que "alguém mais competente deveria estar cuidando disso".
Vemos empresários talentosos em marketing, vendas, inovação e liderança, que muitas vezes travam diante de um demonstrativo de resultados ou de um fluxo de caixa. Essas pessoas costumam evitar reuniões com contadores, postergam análises financeiras e ignoram indicadores por medo de enfrentar realidades desconfortáveis, como se os dados fossem um atestado de fracasso. Isso não apenas prejudica a tomada de decisão, como também perpetua um ciclo de insegurança e desinformação.
Claro, é possível evitar cair nessa armadilha emocional adotando algumas recomendações práticas. A primeira delas é buscar por educação financeira empresarial. Não é necessário se tornar um expert em contabilidade, mas é essencial dominar os fundamentos da gestão financeira. Entender como funciona o fluxo de caixa, a diferença entre lucro e faturamento, os conceitos de margem e rentabilidade é fundamental. Investir em cursos, mentorias ou conteúdos voltados a empreendedores pode transformar a relação com os números.
Também indicamos a criação de uma rotina financeira, com o estabelecimento de uma rotina semanal ou mensal para revisar indicadores financeiros, mesmo que com apoio de um contador. Isso ajuda a criar familiaridade e confiança. Em paralelo, é recomendado trabalhar com profissionais que estejam preparados para educar. Isso significa escolher profissionais que tenham paciência, que saibam traduzir os números e que contribuam para o crescimento do empresário. Boas parcerias técnicas podem ser libertadoras. E, claro, na sequência, indica-se a separação entre identidade pessoal e realidade financeira.
Se o empreendedor se identifica com esse cenário, é importante aceitar a realidade sem culpa. Afinal, essa síndrome é mais comum do que se imagina. Diante da constatação, é importante agir. Para começar, vale conversar com o seu contador e estabelecer uma relação de confiança. Também é indicado buscar apoio psicológico ou um coaching especializado, que possa auxiliar no processo de lidar com os números, especialmente caso isso paralise sua tomada de decisão. Outra orientação está relacionada à implementação de pequenos hábitos de controle, como registrar receitas e despesas diariamente, revisar o saldo semanalmente e entender seus custos fixos e variáveis.
Por fim, tenha em mente que superar a Síndrome do Impostor Financeiro não é apenas uma vitória pessoal, mas uma transformação estratégica. Afinal, números são bússolas. Ignorá-los por medo é como navegar em um barco sem olhar o mapa. Com conhecimento, suporte adequado e coragem para encarar a realidade, qualquer empreendedor pode se tornar financeiramente confiante e levar seu negócio a outro patamar.
*Silvinei Toffanin é sócio da DIRETO Group - empresa reconhecida por sua integridade e solidez corporativa, acumuladas em quase 30 anos de mercado, oferecendo serviços que incluem consultoria, contabilidade, controladoria, assessoria fiscal, tributária, trabalhista, legal, societária, BPO Financeiro, planejamento financeiro estratégico, gestão e administração de Family Offices, criação de Offshores, além de soluções de tecnologia, ciência de dados e inteligência artificial a fim de otimizar custos e aumentar a produtividade dos negócios.
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