• Cuiabá, 12 de Julho - 2025 00:00:00

Wellington Fagundes: solução para dilema saúde x economia é tarefa de todos


Rafaela Maximiano - Da Redação

Com a pandemia provocada pelo coronavírus, as eleições municipais foram adiadas para 15 de novembro e, a proposta para unificação das eleições que tramita no Congresso Nacional não deve ser aprovada ainda este ano. A avaliação é do senador mato-grossense Wellington Fagundes (PL-MT).

Na Entrevista da Semana ao FocoCidade o senador, que é rondonopolitano, fala sobre as próximas eleições, avalia as ações dos governos Federal, Estadual e de Cuiabá em relação à pandemia do novo coronavírus.

Destaca que o Congresso Nacional foi protagonista nas aprovações de medidas econômicas emergenciais à sociedade, faz uma leitura sobre o dilema saúde x economia devido ao lockdown decretado em diversas cidades e afirma que realmente houve demora para socorrer povos indígenas da Covid-19.

Médico Veterinário, Wellington Fagundes contabiliza seis mandatos como deputado federal - 1990, 1994, 1998, 2002, 2006 e 2010. E, em 2014, foi eleito senador da República.

Confira a entrevista na íntegra:

Senador, que leitura o senhor faz das ações do Governo Federal sobre o combate à Covid-19, considerando que muitos municípios preferem seguir decreto presidencial do que Estadual, como já ocorreu em relação a Cuiabá?

O Governo Federal definiu vários programas para socorrer a população e os municípios neste momento de pandemia. Mas coube ao Congresso Nacional o protagonismo principal. Podemos citar o auxílio emergencial de R$ 600,00 para trabalhadores, a aprovação do Pronampe (Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte), do auxílio de R$ 15 bilhões para o setor do turismo. Enfim, são vários programas que contaram com a aprovação do Congresso Nacional para que fossem implementados.

Mas existe muita coisa para ser aperfeiçoada e estamos trabalhando firme nisso. Faço parte da Comissão Mista destinada a acompanhar a situação fiscal e a execução orçamentária e financeira das medidas relacionadas ao coronavírus e acompanhamos esses programas diuturnamente.

Quanto aos municípios, a ajuda financeira está chegando. Pode não ser o ideal, mas está chegando. E cabe aos prefeitos definirem que rumo dar na questão do enfrentamento da Covid-19. Essa autonomia foi confirmada pelo Supremo Tribunal Federal já que são os prefeitos que estão enfrentando essa situação no dia a dia e ninguém melhor do que eles para saber qual rumo tomar.

Quanto aos municípios, a ajuda financeira está chegando. Pode não ser o ideal, mas está chegando.

Em relação às ações do Governo Federal nessa pandemia para socorrer micro e pequenos empresários. É geral a reclamação da burocracia do sistema e milhares não têm acesso. O senhor cobrou isso recentemente, mas como vê essa prática que continua?

Essa reclamação é geral. Já tratamos desse assunto com o ministro da Economia, Paulo Guedes, com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e, com vários setores do governo. Os empresários reclamam de informações desencontradas, burocracia excessiva e garantias inviáveis. Tenho dito que, para conseguir prata, você precisa levar ouro. Isso é desanimador. Principalmente para o micro e pequeno empreendedor. Há pelo menos 700 mil empresas que fecharam as portas por causa da pandemia e, segundo o Sebrae, 90% são pequenas e microempresas. Existe o compromisso do Governo em facilitar esse acesso ao crédito e estamos acompanhando para ver se isso realmente acontece. E tem que ser imediato, ou pode ser tarde demais.

Qual a sua leitura sobre o empenho da bancada federal nessas ações de apoio à Mato Grosso e municípios?

O empenho é intenso. Nas ações maiores, atuamos em conjunto para garantir os recursos para vários setores. Sou um municipalista convicto porque sei que é no município que as pessoas moram e é lá que estão os problemas e as soluções. Estamos em contato permanente com os prefeitos ouvindo suas demandas e buscando o caminho para as soluções. É lógico que a prioridade, neste momento, tem sido a questão da saúde, salvar vidas. Posso citar um exemplo: recentemente, consegui no Ministério da Saúde dezenas de respiradores para Mato Grosso onde os casos de Covid-19 estavam crescendo, ameaçando de colapso toda a estrutura de saúde.

Há pelo menos 700 mil empresas que fecharam as portas por causa da pandemia e, segundo o Sebrae, 90% são pequenas e microempresas.

A questão indígena: em que pesem as últimas ações do Governo Federal para socorrer os povos, elas são suficientes? Foi uma falha do Governo Federal?

Há 40 dias, temos alertado para a situação da Covid-19 nas aldeias, principalmente na região do Araguaia, onde estão pelo menos 22 mil xavantes em aldeias muito próximas às cidades. Os casos estão crescendo assustadoramente. Alguns fatores concorreram para que a situação chegasse ao ponto que chegou, como é o caso do hábito dos indígenas de se deslocarem em grupo para as cidades. Com isso, formaram aglomerações e favoreceram a contaminação pela Covid-19. Levei o assunto, junto com a bancada federal, principalmente a deputada Rosa Neide, ao Ministério da Saúde, Funai, Casa Civil, Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. Enfim... alertamos para a situação que já ameaça a existência de vários desses povos. Houve, sim, uma demora do Governo Federal em tomar algumas providências. Nesta semana, o secretário Robson Santos da Silva, da Secretaria Especial de Saúde Indígena, esteve em Barra do Garças e já está tomando algumas providências, como a distribuição de medicamentos e equipamentos de proteção para os indígenas. Um hospital de campanha e barreiras sanitárias devem ser implementadas nos próximos dias.

Vemos no país alguns estados, como Mato Grosso, com avanço sistemático da Covid-19, mas as ações de gestões públicas para a contenção da pandemia se deparam com uma insistente resistência de parcela da população. O que pode ser feito nesse sentido além dos alertas que já são pontuados. Tornar as normas mais rígidas seria uma via?

Creio que devemos insistir na orientação da população e, da mesma forma, adotar medidas restritivas. Não há outra forma. É isso que vem sendo feito em todos os países do mundo. É claro que é muito difícil você se acostumar ao isolamento social, uso da máscara e tantas outras medidas. Mas isso é necessário. Essa resistência é compreensível. O brasileiro está acostumado ao convívio social. É um povo alegre, comunicativo. Mudar esses hábitos de uma hora para outra é muito difícil.

Creio que devemos insistir na orientação da população e, da mesma forma, adotar medidas restritivas.

A posição da Justiça em relação a quarentena em Cuiabá e Várzea Grande é acertada?

Decisão da Justiça sem cumpre. Acho que por trás dessa decisão está a mesma preocupação em salvar vidas, que é o que mais importa neste momento.

Como se chega a um consenso no dilema: saúde x economia?

Esse é o principal dilema que se impõe hoje não só a Mato Grosso e ao Brasil, mas ao mundo. E a busca da solução para esse dilema deve ser tarefa de toda a sociedade. Quem está preocupado em manter sua empresa e seus funcionários tem razão. Assim como tem razão também aquele que está preocupado em manter a sua saúde. Enfim, cada setor da economia deve ser analisado porque tem as suas especificidades e as ações para preservar a saúde e salvar a vida da população. Também devem ser implantadas com muito bom senso.

Como avalia o desempenho do governo Mauro Mendes nessas ações de combate ao coronavírus?

Acredito que ele tem feito um bom trabalho. Tem estado em contato com os prefeitos e se empenhado em atender às demandas, principalmente em relação à compra de insumos e medicamentos.

A mesma análise sobre a gestão Emanuel Pinheiro?

Sim. Cada prefeito tem as suas responsabilidades, que estão ainda mais difíceis neste momento. Acho que ele tem feito tudo o que é possível para garantir a saúde da população de Cuiabá.

Mas a proposta de unificação das eleições deve continuar a ser discutida pelo Congresso Nacional.

O senhor é defensor da unificação das eleições, como está a tramitação da proposta e quais as chances de passar pelo Congresso?

Não acredito que isso possa ser aprovado neste ano. A data das eleições municipais já está marcada – será dia 15 de novembro. Mas a proposta de unificação das eleições deve continuar a ser discutida pelo Congresso Nacional. Há posições divergentes e posições favoráveis. Eu vou continuar defendendo essa proposta porque acho que isso representa redução de despesas e contribui para que as gestões municipais, estaduais e federais possam trabalhar de forma mais harmoniosa, já que todas estarão no mesmo estágio cronológico.

As eleições foram prorrogadas, mas a pandemia ainda é um ponto preocupante para o pleito. Como analisa?

A Justiça Eleitoral ouviu vários especialistas sobre o assunto antes de sugerir a nova data. O assunto foi bastante debatido no Congresso e acredito que todas as medidas devam ser tomadas para evitar que o momento do voto seja oportunidade para a proliferação da Covid-19. Existem muitos passos pela frente, como é o caso do treinamento dos mesários. Até o momento, a Justiça Eleitoral não conseguiu fazer isso. Assim como não conseguiu fazer a licitação para a compra de novas urnas eletrônicas.

Quais os planos do PL para as eleições em Mato Grosso?

Ter candidatos na maioria dos municípios. O Partido Liberal cresceu muito em todo o Brasil e, aqui em Mato Grosso, não foi diferente. Temos bons nomes que já se apresentaram para disputar as prefeituras e câmaras municipais. Acredito que teremos um bom resultado nas eleições de novembro.




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