• Cuiabá, 02 de Setembro - 2025 00:00:00

Esse falatório não é bom para a economia brasileira, analisa Alfredo da Mota Menezes


Da Redação

O campo de ações e reações desencadeadas pelo presidente Jair Bolsonaro pode resultar num cenário sombrio sobre o pleno desenvolvimento da economia nacional – e com efeitos nefastos a Mato Grosso.

Nas observações assinaladas ao FocoCidade, o analista político Alfredo da Mota Menezes acentua os efeitos que devem ocorrer sobre a política internacional – tomando como base declarações de Bolsonaro – e que podem atingir em cheio o desempenho comercial do país – e do Estado.

Menezes se atém a tópicos como o meio ambiente e ainda o comportamento do presidente na ótica da política que tem arranhado a “boa vizinhança”. Confira:   

Reflexos a MT

“Vou espichar isso para dois tópicos que do meu ponto de vista está mais forte. Primeiro, essa questão, claro de devolver dinheiro, de dizer que a Amazônia é nossa, mandando a Merkel (Angela Merkel – chanceler alemã), a primeira ministra levar esse dinheiro para reflorestar a Alemanha, etc. A Embaixada da Alemanha agora soltou um vídeo mostrando como eles reflorestaram e tudo mais. Isso é importante, esse dinheiro e tudo mais. Mas eu creio que o problema principal do Bolsonaro nessa fala toda, nesse comportamento todo sobre o meio ambiente é o que pode acontecer para o agronegócio no Brasil. E o Estado de Mato Grosso que é dependente do agronegócio a coisa pode ser gravíssima.”

Reações

“O Blairo Maggi que tem empresa nessa área, ex-ministro da Agricultura deu uma entrevista recente no Valor Econômico caminhando nessa direção, que é aquela do bom senso de dizer, eu, você, ele ou qualquer um que se o mundo lá entender que está havendo uma negligência com o meio ambiente, pode deixar de comprar produtos brasileiros. Na União Europeia, a França já não queria muito o Mercosul lá, principalmente o Brasil, por causa da questão agropecuária, porque a França é o país na União Europeia que mais tem desses produtos. Qualquer coisa que o Bolsonaro apertar nessa direção, a França pode dizer para os seus parceiros lá para não complementar a integração europeia. Isso é ruim. “

Quadro grave

“É um momento que o Brasil quer se abrir, competir, a indústria nossa com a vida dos europeus e tudo mais. Então além disse essa questão de dizer isso e aquilo, e ah, o mundo não vai comprar, o mundo é mau. Não. Os compradores, as pessoas desses países, para dizer lá para eles, nós não vamos comprar produtos que vocês estão comprando do Brasil, porque o Brasil não está preservando o seu meio ambiente. E olha o que pode acontecer para Mato Grosso. Nós vivemos disso na exportação. Isso é gravíssimo, ou ele modifica o discurso ou nós teremos consequências muito graves.”

Terreno do vizinho

“Outro item, essa da Argentina. Ora meu Deus do céu. A Argentina se lá na eleição escolheu de esquerda ou de direita, é decisão interna e soberana de um país. Nós historicamente, nunca tivemos uma pinimba, me permita dizer assim, muito grave com a Argentina. Aliás a Argentina esteve com o Brasil na guerra do Paraguai. Ah sim, futebol, uma coisa ou outra, mas com o Chile, Argentina teve problemas, mas nunca tivemos um problema maior com a Argentina historicamente falando. A Argentina é hoje o maior parceiro do Brasil na compra de produtos industrializados. Quem compra geladeira, fogão, carro, autopeças etc. é a Argentina. O comércio com a Argentina temos superávit de US$ 5, 6 a R$ 7 bilhões. O ano passado foi menor por causa da recessão do problema econômico lá. Mas no anterior foi de US$ 8 bilhões de superávit comercial para o Brasil. Arrumar confusão lá no terreiro do parceiro: E aí está dizendo a questão do Mercosul, isso e aquilo.”

Discurso arriscado

“O Bolsonaro chegou a dizer num discurso, não sei se foi na Paraíba, ou Sergipe, as televisões mostraram ele dizendo: bandidos da esquerda agora querem voltar ao poder na Argentina. Deus do céu, entende. É uma país soberano, eles escolhem lá quem eles quiserem. Isso pode outra vez afetar a economia brasileira, no caso de Mato Grosso nem tanto, porque somos competidores no campo e não temos produtos industrializados. Mas o restante do Brasil pode perder muito se a Argentina, digamos, resolver virar a cara para nós. Esse falatório não é bom nem o do meio ambiente, nem esse dos nossos vizinhos, para a economia brasileira.”




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