• Cuiabá, 15 de Setembro - 2025 00:00:00

Não defendo a unificação entre Legislativo e Executivo porque está aí o berço de toda corrupção, afirma João Edisom


Da Redação

Os argumentos dos defensores da unificação das eleições, leia-se prefeitos e vereadores que formam forte corrente para pressionar o Congresso a aprovar o texto, encontram “ressalvas”, no mínimo, acerca de reflexos que a mudança pode provocar.

Analista político João Edisom pontua alerta sobre esse cenário, destacando outro formato de eleição, separando Legislativo e Executivo – sendo uma ótica diferenciada e não observada em projetos de parlamentares.     

“Eu sou a favor da unificação mas não do formato que está sendo feito. Primeiro, eu tenho dúvidas se cinco anos é um mandato perfeito, talvez fosse seis anos, porque daí a gente poderia criar uma outra situação. Explico porquê: primeiro, estender mandato ao qual o cara não foi eleito para estender, acho ilegal e ruim esticar mandato hoje de prefeito, vereador. Mas também não acredito que vai ser esticado e explico o porquê. Nós temos hoje 98 grandes municípios no Brasil, considerados pelos critérios estabelecidos pela ONU. Desses 98 tem pelo menos 80 futuros candidatos à prefeito que estão lá no Congresso. E eles não vão deixar de ter uma eleição no ano que vem para ter daqui praticamente três anos, as coisas mudam. E esses caras que estão lá eles são líderes de bancada. Então eles não vão deixar passar. Então não vejo a questão que vai esticar. Como vai ser feito isso, aumenta um ano aqui, tem que terminar até 2030, então aumenta um ano aqui, um aumenta na próxima eleição, alguma coisa assim, cria-se uma eleição para chegar à unificação”, considerou.

João Edisom acentua em sua defesa de um novo modelo de eleições o contexto das negociatas na esteira da corrupção.  

“Agora, o que eu não defendo é a unificação entre legislativo e executivo porque está aí justamente o berço de toda corrupção. Só que o que vou defender aqui não tem projeto nenhum lá pra isso, que é fazer uma eleição só de executivo, presidente, governador e prefeito e um senador, já que senador vota duas vezes, e na outra eleição, fazer a eleição do vereador, deputado estadual, deputado federal e a outra eleição do outro terço do senador. Por que eu defendo a separação do legislativo e executivo? Primeiro é assim que todo país evoluído trabalha, porque boa parte da corrupção nasce na campanha, aonde o prefeito vai lá e já negocia com o vereador, o governador já com o futuro deputado, o cara que tem voto, a parte da presidência da República com os federais, pra serem suas lideranças, e aí fazem um grande conluio.”

Separação e “fim” da interferência

“Então quando termina a eleição, já está montada a maracutaia. E separando não se teria a interferência de uma relação de poder na outra. Agora, tem que reconhecer que quatro anos é muito pouco para um gestor e oito anos é excessivo. Cinco ou seis anos, tem proposta de seis, tem proposta de cinco, até acho que seis anos seria melhor, mas passando de cinco está OK. Agora, no formato que está é muito ruim. No formato que estão pretendendo fazer vai ser uma loucura. Você imagina, se nós temos dificuldade de diferenciar um cargo do outro hoje na macro eleição, onde você vota pra cinco, imagina uma eleição que nós vamos ter que votar até para oito: um vereador, um prefeito, um governador, um deputado estadual, um deputado federal, um presidente, dois senadores numa eleição. Você imagina o cara escolher oito para votar num país analfabeto. Então sou a favor de se criar uma unificação, legislativo separado do executivo, mas volto a dizer, essa proposta não tem.”




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