Da Redação - FocoCidade
Um campo de dificuldade extrema para resolução do desafio de reconquistar o pleno equilíbrio das contas públicas de Mato Grosso, leia-se sobre o impasse dos salários atrasados, mas com dinâmica, que se adotada na devida medida, deverá resultar no esperado resultado ao Estado.
A leitura sobre o contexto da grave crise financeira nos cofres públicos de Mato Grosso, a polêmica da taxação do agronegócio e o possível enfrentamento do governador Mauro Mendes (DEM) sobre a necessidade de participação de todos os Poderes e órgãos na revisão orçamentária e cortes de despesas, é pontuada pelo jornalista e analista político, Onofre Ribeiro nesta entrevista ao FocoCidade. A entrevista segue temas abordados recentemente entre os principais analistas políticos do Estado.
Onofre Ribeiro também assinala alerta ao governador sobre o formato de gestão, devendo ficar atento aos riscos de uma administração concentradora no âmbito das decisões.
O analista político assevera ainda a urgência de posição do Executivo sobre a questão dos atrasos com o funcionalismo, mas destaca o ambiente de “capital político” conferido a Mauro Mendes para buscar entendimento – dentro das possibilidades e realidade financeira do Estado.
A perspectiva sobre governos também é observada, em relação a um horizonte promissor do ponto de vista da injeção de políticas eficazes para o desenvolvimento socioeconômico – devendo nesse sentido o Governo do democrata impulsionar o planejamento voltado à agroindústria.
Confira a entrevista na íntegra:
O governador eleito Mauro Mendes assume um Estado esfacelado. Quais as consequências políticas nesse processo de recuperação?
O Mauro Mendes assume o Estado bem complicado financeiramente e diante de um país que também está complicado financeiramente. O que tem que fazer em Brasília, tem que fazer em Mato Grosso, reajustar as contas públicas para elas viverem dentro do que arrecada. Aí tem que reduzir despesas, e não só cortar despesas dentro do Executivo, reduzir funções de comissões, reduzir gastos, não é só isso. Tem que cortar geral, reduzir nos Poderes que vivem fora da realidade, especialmente a Assembleia Legislativa, completamente fora da realidade. Para se ter uma ideia, o orçamento anual da Assembleia que tem 24 deputados é muito maior do que o orçamento de Sinop, que tem 140 mil habitantes. Tem que cortar isso aí.
O que tem que fazer em Brasília, tem que fazer em Mato Grosso, reajustar as contas públicas para elas viverem dentro do que arrecada.
Risco de desgaste?
Isso vai dar desgaste político, porém, o desgaste político vem no momento em que o governador assume o Estado e tem capital político para queimar. Se não fizer agora, no segundo ano não faz mais. Essa é a questão.
Mendes acerta com a escolha de sua equipe anunciada até aqui de preferência pelo perfil técnico ou deveria pesar mais a articulação política, considerando o campo na Assembleia Legislativa?
A equipe do governador, estou vendo que está muito ajustada ao perfil dele, um perfil de comando. Eu acho delicado isso, porque se ele ficar só no perfil de comando, vai ter o mesmo erro do Pedro Taques que é de centralizar nele toda ação política. Não pode, ele não pode cair nessa tentação de ser o porta-voz, de ser o cara que decide tudo, de ser quem manda em tudo. Não pode. Isso não produz bons resultados. É preciso que seja uma equipe, não importa se é mais nova ou mais velha. Tem que ter uma sensação de equipe em que trabalhe coletivamente e que o governador não seja o dono da equipe, seja o coordenador da equipe. Estou falando de autonomia para os secretários pensarem, proporem e trabalharem sob uma coordenação política. Me preocupo muito com a questão da coordenação política, é o único caminho.
Eu acho delicado isso, porque se ele ficar só no perfil de comando, vai ter o mesmo erro do Pedro Taques que é de centralizar nele toda ação política.
A proposta de taxação do agronegócio deve ser refletida ou soa mais como abacaxi, já que as vozes contrárias também possuem forte peso político?
A questão da taxação do agronegócio é uma coisa que tem que ser conversada, conversada e muito conversada. O setor já vem contribuindo para o Governo do Estado não é de agora, é do ano 2000 com o Fethab 1, do Governo Silval com o Fethab 2, lembrando, e é preciso que se lembre que já no Governo do Silval o Fethab 1 foi transferido para pagar salários e obras da Copa. O que sobrou para efetivamente aplicar em transporte e habitação foi irrelevante. O Governo Silval foi medíocre em obras de transporte e habitação. No Governo Blairo Maggi, quando o Fethab efetivamente funcionou, ele fez quase 4 mil quilômetros de estradas, fez 43 mil casas, então funcionou. Mas o Silval já desvirtuou, veio para fazer folha de pagamento e obras da Copa. No Governo Pedro Taques criou-se o Fethab 2, para complementar o Fethab 1 que está definitivamente distorcido para salários e custeio do Estado. O agronegócio vem sustentando o Estado não é de agora. Mas cabem aí ajustes e concordo que cabem ajustes. Agora, taxar o agronegócio mais do que taxa não pode, porque você mata a galinha dos ovos de ouro. Tem que sentar o governador com o setor do agronegócio e conversar. O Pedro Taques perdeu esse contato, ele teve uma ruptura ali, então ele não tinha condições de conversar com o agronegócio sobre taxação, porque o setor não queria mais conversa com ele. Já o Mauro Mendes está começando o Governo e tem a oportunidade de conversar com o agronegócio e sentarem de comum acordo. O setor saber que pode contribuir um pouco mais, mas não além do número racional.
O setor saber que pode contribuir um pouco mais, mas não além do número racional.
O dilema dos salários atrasados soa na sua opinião como crise à vista?
Os salários atrasados é algo que há muito tempo não havia. O último salário atrasado, o Dante de Oliveira pegou em 1995. O Jayme Campos deixou atrasados cinco salários e o Dante resolveu. Em 2005 o Wilson Santos pegou uns 10 salários atrasados na prefeitura de Cuiabá com o Roberto França. Depois não se atrasou mais salários. No Governo Pedro Taques, por conta dessa crise, passou o pagamento há dois anos do dia 30 para o dia 10 do mês subseqüente. Isso não é atraso no mercado privado, 10 dias úteis é tempo permitido. Agora, a questão é o desgaste político. O funcionário público, e eles têm uma corporação de sindicatos muito forte e tem um poder de opinião pública grande, porque é a maior categoria organizada dentro do Estado, e está muito concentrada na Capital. É uma fonte de problema. O Mauro Mendes vai ter que conversar com eles também. Eles estão entendendo que a posição deles não é mais tão boa como era antes, no tempo de discussão da RGA com Pedro Taques, a sociedade não está vendo com bons olhos o serviço público, porque eles são uma bolha separada, que grita muito, tem vantagens e não devolve os serviços que se espera na proporção devida. Eles sabem que estão fragilizados. Os sindicatos estão fragilizados, então os funcionários terão que conversar com o governador na mesma altura, e não subindo no salto alto mais. E o Mauro terá que ter a autoridade de conversar com eles com números na mão e coragem de confronto. Se precisar vai ao confronto. A sociedade apoiará o governador e não apoiará os funcionários, pela análise que eu já disse.
E o Mauro terá que ter a autoridade de conversar com eles com números na mão e coragem de confronto. Se precisar vai ao confronto.
Perspectiva sobre o Governo Mauro Mendes.
A perspectiva frente ao Estado, país e mundo é boa. A tendência do mundo é cada vez mais a urbanização, que significa mais renda, estou falando do mundo inteiro. Quanto mais renda, mais se consome e a primeira coisa que se consome é a comida. E tem a questão da industrialização que é preciso que o Governo do Estado tenha um planejamento para agroindustrializar. Quero acreditar piamente que o Governo Bolsonaro entendeu que a questão da economia brasileira está baseada fundamentalmente no agronegócio e que ele vai a partir disso, dedicar ao agronegócio primazia no tratamento da economia brasileira. Isso significa que nós vamos ficar numa posição boa, porque Mato Grosso é que garante o básico do saldo da economia brasileira. E o Estado tem uma perspectiva muito boa mas o que depende de gestão pública, vai depender do Mauro. A iniciativa privada caminha por caminhos próprios.
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