Carla Moreira
Ao ouvir a expressão "meio ambiente", quais imagens surgem em sua cabeça: um lugar inóspito e distante, regido por uma paz bucólica? Ou uma floresta, que ecoa sons de pássaros e de outros animais silvestres? Talvez a imagem da queda de uma cachoeira, seguida por corredeiras que produzem um som permanente de água em movimento?
Se sim, em algum momento, pessoas estavam presentes nessa imagem mental? Ou ainda, de alguma maneira, uma paisagem urbana, bairros, ruas, apareceram como elementos pertencentes ao meio ambiente? Se em nenhum momento você considerou as relações humanas como pertencentes ao meio ambiente, precisamos conversar. Afinal, qual distância você estabelece entre você, seu cotidiano e o meio ambiente?
Pensar em meio ambiente como algo distante, longe da condição humana equivale em apagar toda a rede invisível de suporte à vida que garante existência humana neste planeta. A expressão "meio ambiente", de forma simplificada, pode ser definida como o conjunto de processos que rodeiam os seres vivos e que garantem sua existência, ou seja, a vida precisa de um meio e de condições para se manifestar, logo, as condições de suporte à vida são dadas por esse meio, o meio ambiente.
Nessa rede de suporte à vida, os seres vivos interagem com elementos externos a ele próprio, portanto, existe uma troca constante entre o meio ambiente e os seres vivos. Entender que o meio ambiente não é algo externo à humanidade, mas sim, que está intrinsicamente conectado com nossas condições de vida em nível local e global, é fundamental para questionarmos que tipo de vida queremos enquanto sociedade.
O Polo Socioambiental Sesc Pantanal, desde a sua criação até os dias de hoje, entende essa interdependência e fortalece ações integradas para conservação da biodiversidade, sem renunciar ao estímulo ao desenvolvimento local, com um olhar atento às questões sociais, afinal, o ambiental e o social caminham juntos. O diálogo permanente com a sociedade permite identificar as fragilidades e os riscos ambientais dos territórios atendidos pelo Polo, e sobretudo, possibilita investir na emancipação dos sujeitos como meio de superação às desigualdades e injustiças socioambientais.
Sou educadora ambiental e, cada vez mais, acredito que um dos maiores desafios da humanidade neste tempo histórico é promover uma educação capaz de mostrar essa interdependência e revelar o quanto de meio ambiente existe em cada um de nós. A educação em tempos de mudanças climáticas precisa afirmar que juntos, somos sim, capazes de vencer as adversidades, quando a sociedade exigir que no centro de todas as decisões políticas e econômicas, o direito a um meio ambiente em equilíbrio para todas as formas de vida deve ser priorizado.
Carla Moreira é bióloga e educadora ambiental do Polo Socioambiental Sesc Pantanal.
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