• Cuiabá, 11 de Setembro - 2025 00:00:00

“O PT criou essas condições. Bolsonaro é fruto do próprio PT”, destaca João Edison


Da Redação - FocoCidade

O contexto que levou à vitória de Jair Bolsonaro (PSL) na corrida presidencial ganhou reforço considerável da forma de se fazer política à cargo do PT. Ao pontuar essa conjuntura, o analista político João Edison destaca: “Bolsonaro é fruto do próprio PT”.

João Edison é categórico ao frisar que “não acredita em salvador da Pátria”, e que “Bolsonaro é uma incógnita”.

Sobre os resultados nas urnas, destaca na leitura do quadro que “a forma a qual a esquerda fez do Brasil, mas especificamente o PT, resolveu fazer política principalmente do Governo Dilma para cá de uma forma muito acusatória, o PT nunca perdoou ninguém, sempre foi um partido muito ácido, quanto às pessoas que descordam deles como pessoas de subconhecimento, por isso sempre rotulou as pessoas lá atrás, há muito tempo, chamavam aqueles que não concordavam de pelegos, nefastos e veio o período do entreguismo, ‘fulano é entreguista’ no período de Fernando Henrique Cardoso. Depois nasceram os coxinhas, depois rotulou de golpistas, agora questão de nazistas”, considerou.

Nessa ótica, assinala que Jair Bolsonaro ganhou do PT os holofotes que colaboraram para sua trajetória.

“O PT sempre escolheu seus adversários, como assim  durante a primeira parte dessa década e no final da década passada escolheram o PSDB para ser seus adversários, escolhiam para bater, escolhem porque sempre tiveram que ter opositor, inimigo, eles também precisariam de um e surgiu o Bolsonaro, com essa alavanca de que a população estava de saco cheio dessas rotulações, apontar coisas, um punhado de coisas, sendo que é um partido que não é diferente dos outros, existe uma forma diferente de fazer política, mas com relação à corrupção, às benesses do poder, exatamente o mesmo, e o Bolsonaro encarnou o antipetismo”.

Condições ideais

“Então todas as pessoas adquiriram nojo do PT, inclusive ex-petistas e enxergava nele (Bolsonaro) o cara que batia no PT, aquilo que o cara tinha vontade de falar a hora que perdia a paciência, era aquilo que dizia, acusando alguns tipos de políticas que são necessárias mas não podem ser abusivas, mas se tornaram abusivas. Criou-se todo um processo, isso antes das fake news, antes da mentiras. O PT criou essas condições, criou o monstro e o resultado foi o que? O monstro comeu ele”.

Governo Bolsonaro

“Primeiro eu não acredito em salvador da Pátria. E o Bolsonaro é uma incógnita. O eleitor optou em a certeza que iria continuar aquele formato do PT, e a incerteza. Na realidade, eleitor, eleitora do Bolsonaro são poucos, muitos eleitores fizeram opção de última hora pela raiva que tem em relação ao PT e o PT precisa repensar isso, porque tem gente que ouviu e até concorda que ele é machista, que é racista, que é uma série de coisas mas prefere ter ditadura do que ter o PT de volta. O PT precisa ver isso, o quanto fez mal para as pessoas ou quanto faz mal esse discurso raivoso o tempo todo, e encontrou outro discurso raivoso do outro lado, os dois ódios se encontraram.”

Sem "salvador da Pátria" 

Então não dá para imaginar que um governo que nasce nessas condições, seja um governo que venha a ser um salvador da pátria. Salvador da pátria não existe e nessas condições pior ainda. As entrevistas que sucederam durante o processo eleitoral, o dia da eleição e o pós eleitoral, até hoje, quarta-feira, demonstra claramente que o Bolsonaro não tem a menor noção do que seja uma presidência da República. Mas está acontecendo uma coisa paralelo a isso, justamente por desconhecer, ele não se preparou para ser presidente da República, se preparou para derrotar o PT, mas não se preparou para ser presidente. Nesse meio está direcionando algumas coisas, ele vai e volta, ele mesmo usa um termo: dei canelada. Ele só dá canelada, uma atrás da outra. E agora está se cercando de um secretariado até agora, razoável para bom. Eu tenho uma certa admiração quando se fala de política liberal, do Paulo Guedes, eu gosto das ideias do Paulo Guedes, mas todo professor tem um problema que não pode colocar em prática, uma questão séria isso. Gosto da ideia da ciência e tecnologia estar com Marcos Pontes, acho que é um cientista mas não sei da relação prática. Vai ser uma incógnita, e nós não sabemos. E estamos falando de 15 ou 16 secretarias mais um corpo técnico em volta, em torno de 4 mil pessoas que se monta uma presidência da República e tudo é novato, acho que teremos grandes coisas e coisas terríveis.”

Cenário de expectativa

“Mas uma coisa que me incomoda verdadeiramente é a questão da violência. O Brasil saiu muito mais violento do que já era ao entrar nesse período. Então vamos ter um 2019 muito pesado, economia não se faz milagre. Acho que teremos até um boom econômico e o mercado gosta disso, mas o resultado é muito ruim, até porque quem perdeu a eleição já montou campana de oposição. Já tem grupo de resistência, e ele ainda vai assumir em janeiro. Acho uma bobagem isso. Diz que defende a democracia, como democracia? Perdemos. Nunca fui Bolsonaro, e quem é do PT não é Bolsonaro também. Também nunca fui PT mas minha ideia não era essa, eu perdi a eleição no primeiro turno. Votei de forma triste, tristonha no segundo turno mas a maioria do povo brasileiro optou por um time de governo. Só pode rejeitar esse governo quando as práticas desse governo começarem. Por discurso não dá para fazer rejeição já. É óbvio que vamos ouvir coisas e vamos ficar revoltados, não tem como. Mas será que o andar da carruagem vai valer o discurso, ou terá uma prática moderadora conhecendo o Brasil, sabendo como está estruturada, a questão da Constituição, dos Poderes, um presidente pode muito mas não pode tudo. Então vai ter muita coisa, tem que negociar com o Congresso. É precipitado a gente nesse momento falar alguma coisa. Confesso para você que não estou nada otimista, mas também não quero ficar manifestando pessimismo antes de ver o trem andar.”




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