Oscar D’Ambrosio
A capacidade da arte de se multiplicar das mais diversas formas por todos os lugares é uma das metáforas presentes na instalação do espanhol Antonio Ballester Moreno montada na 33ª Bienal de São Paulo, SP. Intitulada ‘Vivam os Campos Livres’, reúne milhares de cogumelos modelados em barro por crianças de escolas da cidade de São Paulo sob orientação de funcionários da Bienal e grandes pinturas.
Os quadros ficam em volta dos cogumelos e mostram de maneira sintética e colorida forças da natureza, como sol, chuva e árvores. São elementos essenciais que auxiliam na produção e reprodução de tudo o que existe no planeta. Como forças primordiais, impulsionam a vida. É nesse campo de ação que os cogumelos proliferam.
Os cogumelos feitos de barro são extremamente simbólicos. A sua matéria-prima indica questões ancestrais de diversas procedências culturais sobre a origem da vida. Seu formato ascensional e diversidade na natureza, além de indicar vitalidade, apontam para a ampla variedade de formas, cores e tamanhos que as peças têm.
De fato, feitos por crianças, são livres representações de frutificações de fungos dos filos Basidiomycota e Ascomycota, pertencentes ao Reino Fungi. O que têm em comum são o corpo frutífero composto por uma base e o fato de se alimentarem de outros seres vivos, com os quais se associam.
O cogumelo é, cabe lembrar, um decompositor que se alimenta de árvores e troncos. O fato, no contexto da instalação, ganha múltiplos sentidos, pois cada pequena escultura se alimenta das outras para existir e compor um todo repleto de intensidade. Ao observar os cogumelos, de distintos tamanhos e resoluções visuais, a nossa mente é levada para outras dimensões, além das conhecidas pela biologia.
É assim que a arte sobrevive. Pela sua capacidade de agregar criadores e observadores num jogo eterno de existências dialogadas em que as forças da natureza e a capacidade criadora interagem. Trata-se de uma complexa interação em que o maior desafio é estar em permanente movimentação mental.
Oscar D’Ambrosio é jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.


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