Lourembergue Alves
Uma onda parece dominar o cenário político-eleitoral. Onda antiga. Pois há muito já se vê falar dela. Na época do voto impresso, o rinoceronte “cacareco” recebeu uma votação expressiva no Rio de Janeiro. Votação que se repetiu em São Paulo. Assim, o “cacareco” foi o preferido de mais de cem mil eleitores. O macaco “Tião” e o “mosquito” foram igualmente bem votados. Votos de protestos, em razão do descontentamento com a política, com os políticos. Insatisfações que não diminuíram. Ao contrário. Fizeram-se aumentar. Mas, com a urna eletrônica, o “Tião”, “mosquito” e o “cacareco” saíram de cena. Ficaram tão somente os votos brancos e nulos e as abstenções.
Aliás, em eleições recentes no Amazonas e em Tocantins ficaram claras a intenção de uma porção de votantes. Mesmo nestas eleições, é preciso não se fazer uma leitura apressada, pois muitos dos eleitores se sentiram desestimulados em comparecerem as suas respectivas sessões, em razão do caráter das disputas, com o fim de governo “tampão”, Completar os atuais mandatos. Nada mais que isso. Ainda que os eleitos tenham o direito de sair à reeleição, e, por certo, sairão, com a máquina na mão. Portanto, nem todas as abstenções têm a força de protestos. Mas grande parte dela sim, que se somada aos nulos e brancos chegam a um índice bastante alto. Altíssimo. E não é de hoje, uma vez que em eleições anteriores, tal índice chegou a 30% do total do eleitorado, um pouco mais ou um pouco menos. Isto em todo o país. É desta onda que se está a falar aqui. Uma onda que vem desde a década de 1950, sobreviveu ao regime burocrático-militar, marcou presença no período pós-ditadura e se encontra no presente.
A insatisfação é cada vez maior. Não são poucas as decepções, o envolvimento de políticos e partidos em falcatruas, em recebimento de propinas e desvio do erário. Tudo isto se junta a mordomias de toda ordem, sem que o trabalho parlamentar seja voltado na integralidade ao bem coletivo. Predomina o interesse individual. Crescem as mágoas. Crescem em igual proporção a recusa de não participar das eleições ou a preferência pelo branco e nulo. O que já aparece em todas as pesquisas de intenção de votos para presidente da República e para governadores. Esses eleitores têm razão de registrar seus descontentamentos. Mas o votar em branco, anular ou mesmo deixar de comparecer as urnas não resolvem coisa alguma. Ao contrário. Pois favorecem aos políticos que já se encontram nos Parlamentos. Políticos que muitos votantes gostariam que estivessem longe dos cargos e das disputas. Não estão porque os partidos continuam a lhes oferecer legendas, e parte do eleitorado distribui seus votos a eles. Esta é uma verdade que não pode, nem deve ser ignorada.
Por outro lado, eleição alguma é anulada pelo alto índice de votos nulos. Até porque, tanto na majoritária quanto na proporcional, só se leva em consideração os votos válidos. São com esses votos que se elegem chefes dos Executivos e integrantes das Casas Legislativas. É a aritmética dos votos válidos, e não dos votos nulos e brancos, tampouco das abstenções. Portanto, (e) leitor, é preciso se dirigir a sessão e escolher quais os nomes entre os candidatos propostos ou que venham a ser propostos. Este é melhor dos caminhos, é a melhor das iniciativas e soluções. Ainda que se saiba que haverá sempre desapontamentos, insatisfações e descontentamentos. Pois não existem candidatos perfeitos, ideais. É isto.
Lourembergue Alves é professor e analista político.
E-mail: Lou.alves@uol.com.br.


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