Onofre Ribeiro
Desculpe-me o leitor se pareço repetitivo nesses artigos nos quais cobro a ausência da História na história recente de Mato Grosso. Começo recordando mais uma vez a célebre frase do historiador cuiabano, Estevão de Mendonça, pai de Rubens de Mendonça, também historiador: “morre pra sempre quem morre em Cuiabá”. Parece um eufemismo, já que morreu, morreu pra sempre. Na verdade, Mendonça criticava o esquecimento dado a quem morre em Mato Grosso.
O inconsciente coletivo contenta-se com a honraria duvidosa de atribuir o nome da personalidade a uma escola na periferia, a uma ponte aqui e ali, no máximo a um prédio público de gosto arquitetônico duvidoso. Semana passada escrevi um artigo sobre o Marechal Rondon, onde questionava que embora fosse um dos três maiores exploradores do século 20, nunca mereceu o respeito que merece. No passado, a Universidade Federal cultuava esses heróis. Rondon ganhou um museu. Hoje...!!! Depois as ideologias tomaram conta da academia e tem-se como duvidoso o hábito de homenagear pessoas. A mediocridade atingiu a educação de modo geral, e de fato, morrer em Mato Grosso é morrer pra sempre mesmo! Aliás, a História vem morrendo de inanição cívica!
Neste mês morreram três personalidades: Aecim Tocantins, o jornalista Jorge Moreno e o agrônomo Rômulo Vandoni. Aecim teve reconhecimentos anteriores. Era uma personalidade exuberante difícil de não ser notada. Vandoni mais quieto, mas não menos relevante e Moreno, uma celebridade no jornalismo nacional. Todos candidatos a serem nomes de um prédio qualquer e de ter constando nos arquivos do Diário Oficial do Estado que lhe foi creditado o luto oficial de três dias. Aliás, coisa inútil tai.
Quero falar um pouco sobre o amigo Rômulo Vandoni. Típico desbravador dos sertões nos tempos de jovem agrônomo. Ouvi muitas estórias suas a respeito. Vi-o secretário de Agricultura no governo Frederico Campos, entre 1979/1982. Um gigante pra trabalhar. Exagerado! Bom contador de causos e de paciência curta. Honradíssimo! Víamos de tempos em tempos depois disso. Vi-o no Senadinho por muitas vezes. De lá ele sumiu depois de ficar viúvo e de ser postado numa cadeira de rodas. Retirou-se do convívio público. Típico dos homens fortes. Não queria ser visto em posição fragilizada.
Com o amigo Rômulo Vandoni morrem muitas estórias e parte da História do velho Mato Grosso que aos poucos vai empobrecendo a sua memória sem que as universidades e a escolas se interessem em vida por pessoas desse gigantismo cívico. Vão se as pessoas e junto a História! Uma pena...!
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso
Ainda não há comentários.
Veja mais:
PC: homem é preso com quase 3 mil arquivos de pornografia infantil
TCE: parecer favorável à aprovação das Contas 2024 do Governo de MT
CPMI do INSS: senador pede legislação que dê segurança aos aposentados
Assalto violento em fazenda: TJ nega redução de pena
Após incêndio em veículo, Justiça condena empresa de ônibus
Polícia Federal desmantela grupo acusado de crime de moeda falsa
Operação Ruptura da Polícia Civil mira facções em Mato Grosso
Câmara pauta projeto que regula redes sociais para crianças
Decisão: intimação eletrônica equivale à pessoal em processos
42 anos da FCDL-MT: uma trajetória de fortalecimento do comércio e desenvolvimento para Mato Grosso