Alfredo da Mota Menezes
Quem é mais corrupto, o politico ou o empresário de obras públicas? Tem gente honesta e desonesta em qualquer profissão, mas nas discussões sobre este assunto o que se vê são bordoadas para os dois lados.
Tem os que acham que os políticos puxam o carro da desonestidade com a coisa pública. Alguns até dizem que o empresário seria o “coitado” do esquema. Que se ele não participa não ganha obras ou não vende serviços para o setor público. Sem intermediação dos políticos, é a alegação, não conseguem nada junto ao poder público.
Afirmam também que, para receberem o dinheiro do contrato, ainda precisaria da ajuda do político. Essa dependência é que faria do empreiteiro o tal do coitado. E ainda fica com a pecha de realizador de obra ruim ou de entregar material fora do estipulado na licitação, mas que a culpa seria do político.
É que, para pagar a propina ao politico, precisa fazer obras de segunda categoria e realizar outras artimanhas para ganhar alguma coisa. Por aí vai o rosário de reclamação do empresário ou dos que defendem essa classe como supostamente coadjuvante nessa equação.
Muitos, por outro lado, apontam o dedo para o empresário com variados argumentos. Mostram que quem sempre financia a eleição do político é o empresário. Que ele não quer investir em candidatos honestos ou que possa contrariar o jogo dos seus interesses com a coisa pública.
Se são achacados, por que não se uniam e elegiam gentes diferentes, com a promessa de que eles não iriam fazer o que comumente fazem os políticos com os empreiteiros? Que os empreiteiros querem mesmo é eleger o malandro para lucrar através das artimanhas montadas com o dinheiro público.
Os empreiteiros têm mais culpa no cartório porque, em tese, são mais preparados que a maioria dos políticos. Que um Zé Mané qualquer, com um discurso raivoso ou oportunista, pode se eleger. Sabe usar palavras que engambelam gentes.
Que, continua o argumento, na vida empresarial é mais difícil aparecer os tantos Zé Arruelas que aparecem na politica. A profissão é mais competitiva e o pari-gato é maior. Como são mais preparados, se sobrepõem à classe política em espertezas e malandragens e acaba a usando mais do que são usados.
As recentes delações premiadas tem mostrado à socapa como a classe empresarial manipula e até faz chacota da classe politica. Usa como quer até mesmo figurões da política. O ponto de vista final desse argumento é que os mais sabidos seriam os empresários. E se são, seriam mais culpados que o outro.
Tem ainda os que, para não encompridar discussão, dão 50% para cada lado nas malandragens. Mas todos concordam que, no fundo, nenhum dos dois grupos perde. Quem perde é a maioria da população ao ser engambelada por muitos que se acobertam em sociedade secreta e clubes de serviços. E, acobertados, cantam de galo no terreiro da impunidade. Ou cantavam?
Alfredo da Mota Menezes escreve nesta coluna semanalmente.
E-mail: pox@terra.com.br site: www.alfredomenezes.com
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