Alfredo da Mota Menezes
Entre as matérias que a Assembleia Legislativa vai apreciar neste início de ano a mais polêmica será o estabelecimento de um teto de gastos para a administração estadual, nos moldes daquilo que ocorreu no governo federal. Não seria um modelo único para o país inteiro, cada estado tem suas peculiaridades e o teto dos gastos deve obedecer a isso também.
O governo Temer acena com alguns benefícios aos estados que cumprirem essa regra, como deixar de pagar a dívida por dois anos ou ter alguma facilidade para conseguir empréstimos.
No caso de Mato Grosso, os planos de cargos e salários, a maioria aprovado no governo Silval Barbosa, devem receber atenção especial. Poderá também não haver aumento salarial por dois anos. Assunto polêmico será o pagamento ou não da RGA. Se passar, como o teto dos gastos atingiria os três poderes, todos não pagariam a RGA.
Os funcionários vão fazer barulho sobre esse assunto, o que é natural. Mas seria preciso levar em conta o que pensa também a população do interior e não somente da capital. Mexer em salário aqui dá até para ganhar eleição. No interior veem de forma diferente.
Já tem muita gente, principalmente em regiões do agro, reclamando que se gasta muito com o funcionalismo e que sobra pouco para investimentos. Essa história parece aquela antes da divisão do estado. Gentes do hoje Mato Grosso do Sul, com Campo Grande à frente, reclamavam que o dinheiro que eles pagavam de imposto era para pagar salários em Cuiabá e não para aplicar em obras de onde saía o dinheiro.
Foi o mote mais forte que a elite do sul do estado da época usou para ganhar a atenção e apoio da população dali para a divisão. Não se quer dizer que fato igual ou uma separação ocorreria agora por causa disso. O que se argui é que outros lugares reclamam do quanto se gasta do orçamento com pessoal no estado.
Pulando para outro assunto. Fala-se que a empresa que administra a ferrovia que está em Rondonópolis estaria interessada em trazê-la até Cuiabá. Antes, ela abrira mão disso. Mudou de ideia, é a nova informação. Também se fala que ela poderia ir até Diamantino para levar a produção de soja e milho do Médio Norte para porto de Santos. Sei não.
É que os mais entendidos em logística de transporte dizem que uma ferrovia cobre algo como 400 quilômetros ao seu redor. No caso, se ela chegar até Diamantino, cobriria boa parte do Nortão. Acontece que se fala também na Ferrogrão ou aquela ferrovia que iria de Sinop a Miritituba no Pará. Uma ia tomar carga da outra se observado aquele argumento de 400 quilômetros ao redor de cada uma. E aí, como é que fica?
Ficaria mais complicado ainda se aquela que vem de Roo subisse até portos do Pará também. Sem contar a ferrovia dos chineses, não?
Alfredo da Mota Menezes é articulista
E-mail: pox@terra.com.br site: www.alfredomenezes.com
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