Vivemos presos num ciclo: trabalhar, consumir, postar. E o tempo — que é vida — se esvai em parcelas, vitrines e redes sociais.
José Mujica acerta em cheio: “Pobre não é quem tem pouco. É quem precisa de muito.” Vivemos precisando demais. E esse “demais” esconde o essencial: paz, vínculo, propósito.
Zygmunt Bauman chamou isso de vida líquida — tudo escorre, nada se sustenta.
Byung-Chul Han mostra que somos nosso próprio capataz. Trabalhamos até a alma cansar, chamando isso de liberdade. “Quando você compra algo, paga com o tempo da sua vida.” (Mujica)
Chaplin já mostrava: o homem virando peça da máquina. Einstein alertava: o capital concentra poder e mata a democracia. Marx denunciava: o trabalho virou alienação. Paulo Freire sonhava com uma educação que libertasse.
Papa Francisco não tem dúvidas: “Esta economia mata.”
E se o mercado decide tudo, como diz Michael Sandel, abdicar do debate moral é abdicar da humanidade. Giorgio Agamben alerta: estamos reduzidos à sobrevivência. Frantz Fanon lembra: a opressão que adoece por dentro explode por fora. José Martí ensina: liberdade exige cultura, coragem e sacrifício pelo outro.
E Jesus — o galileu subversivo — diz com firmeza: “Você não pode servir a dois senhores: Deus e o Dinheiro.”
Liberdade não é promoção de fim de semana. É escolha real. É tempo com sentido. É vida com raiz. Se tudo virou pagar, parcelar e posta… a quem pertence sua vida?
Paulo Lemos é advogado especialista em Direito Público-administrativo e Eleitoral, entre outros, articulista de opinião e defensor de uma sociedade onde o afeto valha mais do que o dinheiro.
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