A ascensão feminina aos cargos de liderança deve estar no centro das discussões estratégicas de qualquer empresa que busque longevidade e sucesso. No entanto, a realidade atual ainda é desanimadora: menos de três em cada dez cargos de diretoria são ocupados por mulheres. Esse dado, que reflete desigualdades históricas, é também um indicador do grande potencial subaproveitado nas organizações.
Estudos demonstram que a presença de mulheres em posições de liderança impulsiona o desempenho financeiro das empresas. Companhias que priorizam a diversidade de gênero não apenas veem um aumento na rentabilidade, mas também uma maior inovação, pois a diversidade de perspectivas, especialmente a que as mulheres trazem, fomenta abordagens mais criativas e eficientes na resolução de problemas.
Além disso, empresas com maior representatividade feminina constroem uma reputação sólida e são percebidas como comprometidas com a equidade de gênero. Isso atrai e retém talentos diversos, fortalece o engajamento das equipes e cria uma cultura organizacional mais inclusiva. Em ambientes corporativos mais equilibrados e colaborativos, práticas sustentáveis e responsáveis prosperam, contribuindo para os desafios sociais e ambientais.
Os números falam por si: nas empresas que estão entre as 10% melhores em resultados financeiros, 29% dos cargos de liderança são ocupados por mulheres, enquanto nas empresas de baixo desempenho, esse número cai para 23%. No entanto, mesmo nos grupos de alto potencial que preparam futuros líderes, a participação feminina é apenas de 23% em média. Isso revela que, apesar das inúmeras vantagens, as barreiras para o avanço das mulheres no topo da hierarquia corporativa são persistentes e não são fruto do acaso.
Essas barreiras resultam de uma combinação complexa de fatores históricos, culturais e sociais que moldam as expectativas e oportunidades no mundo do trabalho. Muitas mulheres enfrentam desafios significativos, como a dupla jornada de trabalho, que envolve responsabilidades domésticas e familiares que ainda recaem desproporcionalmente sobre elas. Além disso, a discriminação salarial e o assédio, que continuam a ser realidades em muitos ambientes corporativos, dificultam ainda mais a ascensão das mulheres.
Entretanto, para as empresas que desejam mudar esse cenário, as soluções estão disponíveis e devem ser implementadas de forma coletiva. Programas de mentoria e desenvolvimento focados em mulheres, redes de apoio dentro das empresas e a criação de uma cultura inclusiva que combata estereótipos de gênero e promova a equidade salarial são caminhos que podem ser seguidos.
As organizações devem também adotar políticas que garantam flexibilidade na jornada de trabalho, facilitando a conciliação entre vida pessoal e profissional, além de comunicar claramente os objetivos dessas iniciativas para que todas as pessoas que nelas trabalham se sintam envolvidas no processo de mudança. Essas medidas são fundamentais para garantir que todas as vozes sejam ouvidas, especialmente quando se trata de liderança.
Para aqueles que ainda duvidam ou questionam a presença de mulheres na gestão das empresas, posso afirmar que ser CEO ou líder não é uma questão de gênero. Liderança é sobre visão, compromisso e a habilidade de inspirar pessoas. Tive o privilégio de vivenciar o impacto positivo de uma liderança feminina.
Na GFT Technologies, sou testemunha do brilhante trabalho de uma mulher que tem transformado nossa empresa desde que assumiu como CEO global. Ela não apenas lidera com uma visão de inovação, mas também com uma empatia contagiante. Sob sua liderança, expandimos nossa presença para 20 países, com mais de 12.000 consultores e engenheiros entregando soluções de ponta em modernização de arquitetura e inteligência artificial. Ela me ensinou a importância de liderar com transparência, otimismo e, sobretudo, confiança nas pessoas.
Para as mulheres que desejam trilhar essa jornada, é essencial manter o foco em viver seus sonhos, sem deixar que os obstáculos de gênero as desanimem. Contudo, é necessário ser proativa: pedir e reivindicar seu espaço, enquanto as organizações precisam abrir caminhos para essa mudança. A liderança não é um presente; é uma conquista que deve ser acessível a todos. Por isso, é fundamental desenvolver habilidades para conquistar e manter uma posição de liderança.
A Inteligência Artificial (IA), por exemplo, já se tornou uma aliada para muitas mulheres. Um recente relatório mostrou que 90% delas acreditam que a IA generativa está ajudando no crescimento de suas carreiras, especialmente em áreas de tecnologia, onde a mão de obra feminina é escassa. A IA pode ser uma ferramenta poderosa para eliminar preconceitos e criar novas oportunidades de ascensão, mas é crucial que esse avanço seja acompanhado por uma representação mais significativa das mulheres, especialmente em setores como ciência, tecnologia, engenharia e matemática (STEM), onde elas representam apenas 29% da força de trabalho. Empresas e governos desempenham um papel fundamental nesse processo, criando políticas que promovam a diversidade e a inclusão de maneira efetiva e comprometida.
O futuro pertence às organizações que reconhecem que a diversidade de gênero não é apenas uma questão de justiça, mas um fator decisivo para competitividade e inovação. Na GFT, estamos comprometidos com um futuro mais inclusivo, aumentando a presença de mulheres em nossa alta gestão e criando um ambiente de trabalho que valoriza suas contribuições, com a meta de alcançar 50% de mulheres em cargos de liderança.
Ao promover a diversidade, as organizações se tornam mais inovadoras e resilientes, capazes de atrair os melhores talentos. Essa abordagem não só impulsiona o desempenho das empresas, mas também contribui para a construção de um ambiente de trabalho mais justo e equitativo, beneficiando a sociedade como um todo.
*Alessandro Buonopane é CEO Brasil da GFT Technologies.
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