Não tem como ignorar o grau de desconstrução política do país. As chamadas lideranças políticas históricas morreram fisicamente, como Ulysses Guimarães, Leonel Brizola, Mário Covas, Antonio Carlos Magalhães, entre outros. Restam vivos Fernando Henrique Cardoso, José Sarney, Lula e poucos mais. Todos muito feridos e incapazes de construir projetos políticos sequer de médio prazo.
Contudo, tem eleição no ano que vem. Os líderes com assento no Congresso Nacional estão quase todos muito feridos moralmente ou desacreditados pela sociedade. As demais instituições públicas e privadas, incluindo aí os poderes, estão desarticulados ou desacreditados. Isso quer que montaremos um quadro muito vasto de concorrentes aos seguintes cargos pra 2018: 513 deputados federais, 54 senadores, 27 governadores, 1 presidente da República. Nos estados serão eleitos os deputados estaduais que são em número proporcional á população e de acordo com o número de federais. No caso de Mato Grosso, 3 vezes os federais.
Numa lavagem da escadaria política brasileira, não sobrarão muitos nomes. Operações como a Lava Jato destroem reputações todos os dias. Discute-se hoje com insistência quem será candidato a presidente da República. Já surgem nomes. Dois nos extremos. Lula à esquerda. Bolsonaro, ex-militar, à direita. Há duas semanas o general Hamilton Mourão disse na Maçonaria em Brasília que o Exército está planejando uma tomada do poder político no país caso o mundo político não dê garantias de estabilidade à nação. Deu muita confusão. O comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, não puniu e nem condenou o companheiro de farda. Ficou no ar: os militares querem, podem ou não, tomar o poder político no Brasil e governar como fizeram de 1964 a 1985?
O assunto é complexo. Vou retornar amanhã, mas antecipo que não existe clima político no país pra uma tomada de poder pelos militares. Nem as Forças Armadas estão prontas pra tarefa. Primeiro, não possuem líderes com perfil de estadistas. Em 1964 tinham. Vinham de uma longa preparação iniciada lá em 1922, através do movimento dos tenentes do Exército, conhecido como Tenentismo.
Volto ao assunto amanhã.
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso
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