O Brasil vive – mais uma vez- um dos seus maiores desafios na área da saúde pública com o aumento de dengue e da COVID-19. Com isso, temas importantes e que precisam de atenção vão ganhando foco, falam-se de vacinas, usos de repelentes e máscaras, além de dicas de especialistas para que a população faça a sua parte – que já ajudará e muito, a área da saúde do país – mas com tudo isso, pouco ou nada, na verdade, fala-se sobre o impacto que a falta de saneamento pode causar para a proliferação de doenças para além das citadas neste texto.
O que pode parecer talvez desconexo em um primeiro momento, é traçar a relação entre a falta de saneamento básico com doenças como a COVID-19 e a dengue, mas isso tem muito mais sentido do que parece. Afinal, com as fortes chuvas e calor extremos, cenários perfeitos para essas doenças são gerados.
De acordo com o Painel de Monitoramento de Arboviroses, do Ministério da Saúde divulgado no último dia do mês fevereiro deste ano, o Brasil atingiu a marca de um milhão de casos de dengue somente em 2024. Classificada como arbovirose viral grave, onde a transmissão ocorre por meio de mosquito (fêmea do Aedes Aegypti) –, a falta de saneamento básico - uma realidade na vida de muitos brasileiros – favorece o aumento dos casos da doença, já que os mosquitos se reproduzem em água parada, seja ela limpa ou suja.
Sendo assim, esgotos à céu aberto, saídas de água, poços descobertos ou qualquer outro espaço em uma comunidade – cito como exemplo comunidades, pois infelizmente é onde ocorre tais problemas em maior quantidade - que tenha água parada independente se ela é insípida, inodora, incolor ou não, pode ter focos de dengue.
Por isso o saneamento básico é tão importante, sendo o responsável pelo tratamento adequado de água e esgoto nas comunidades e assunto que deve estar sempre em alta como uma das principais medidas para o combate de doenças.
Por outro lado, no tema Covid-19, segundo o relatório do CONASS - Conselho Nacional de Secretários de Saúde, 2024 já soma mais de 310 mil casos da doença. O coronavírus tem um modus operandi de contágio, sendo possível a sua proliferação através de contato com pessoas infectadas e até em excrementos humanos e para essa última questão, acende-se o alerta da necessidade do saneamento básico de saúde.
O contágio do vírus por meio de excremento é possível e tem até nome para isso, contágio fecal-oral, quando pessoas são expostas a tais fatores presentes em áreas onde não há tratamento de água e esgoto.
A falta de saneamento no país é uma realidade gritante, comprovada através do Censo Demográfico Brasileiro 2022 divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) no final do mês de fevereiro deste ano. São cerca de 49 milhões de habitantes sem atendimento adequado de esgoto sanitário e 4,8 milhões de pessoas não tem acesso a água encanada.
Mesmo com todo o crescimento do serviço de saneamento pelo país, os números comprovam que ainda há muito a ser feito, afinal, ouso dizer que contra dados não há argumento e já passou da hora de falarmos na solução Saneamento Básico no combate de doenças e na geração de qualidade de vida digna para os milhões de brasileiros que desconhecem o que é tal tratamento.
*Francisco Carlos Oliver é engenheiro, e diretor técnico e comercial da Fluid Feeder, empresa fornecedora de equipamentos para tratamento de água e efluentes, com soluções de alta tecnologia para medição, transferência e dosagem de produtos químicos sólidos, líquidos e gasosos. www.fluidfeeder.com.br
Ainda não há comentários.