Dois dos maiores filósofos do século XX, Martin Heidegger e Jean-Paul Sartre empregaram seus conhecimentos para explicar, em pensamentos característicos de cada qual, a existência e a condição humana, além da ontologia.
Martin Heidegger, um pensador alemão, é conhecido por sua filosofia existencial e sua crítica à tradição filosófica ocidental. Heidegger argumenta que a compreensão do ser humano como um objeto separado do mundo é inadequada e que devemos nos concentrar em como os seres humanos estão envolvidos no mundo. Mas isso não se ligava às questões de sobrevivência (como a política ou a economia). Ele acredita que a existência humana é fundamentalmente marcada pela ansiedade e pela busca por significado. Heidegger também é conhecido por sua análise da linguagem como um meio pelo qual nos relacionamos com o mundo.
Na sua obra mais famosa, Ser e Tempo, o filósofo alemão afirma: há no Dasein (guardião da verdade do ser) uma constante não-totalidade indelével até que com a morte encontra seu final. E completa: “O faltante ainda não está disponível”. Sem adentar na definição ontológica das categorias de ser e ente, a morte estabelece a completude daquele ser que ainda não o era enquanto ser da suprema universalidade, ou seja, ser é um conceito indefinível. E ainda se acredita, em um sentido mais comum, que as coisas são “coisificáveis” por definições fechadas e determináveis.
Jean-Paul Sartre, francês, também é um expoente da filosofia existencial e um crítico da tradição filosófica ocidental. Sartre argumenta que os seres humanos são livres e responsáveis por suas escolhas, mas também são condenados à liberdade e à angústia que vem com a responsabilidade total por suas ações. Ele também acreditava que a existência humana é caracterizada pela busca por significado e autenticidade.
Heidegger foi um dos principais pensadores da Escola de Frankfurt, da metafísica e do existencialismo, enquanto Sartre foi o criador do existencialismo francês. O primeiro foi famoso por seu trabalho sobre a ontologia, enquanto o segundo se concentrou mais na ética e na filosofia política.
Sobre a liberdade, Heidegger escreveu muito sobre a "existência autêntica" e a “liberdade humana”, Sartre se concentrou na "condição humana" e na “liberdade como um dever”. Heidegger acreditava que a liberdade humana poderia ser alcançada através da compreensão do significado do ser humano, enquanto Sartre argumentou que a liberdade era apenas algo que devia ser aceito como responsabilidade.
O que dizer do próprio ser e do mundo? Heidegger acreditava que o ser humano deveria se concentrar em descobrir o significado de seu próprio ser, em vez de se preocuparem com o mundo externo. Para ele, a ênfase principal deveria estar em encontrar a "essência" da existência humana, ao invés de se preocupar com questões políticas, econômicas ou sociais. Sartre, por outro lado, acreditava que a liberdade e a autenticidade só podiam ser alcançadas, simultaneamente, em que os seres humanos aceitavam suas responsabilidades para com a sociedade.
Quando a análise envolvia a moral, Heidegger acreditava que a verdade era mais importante do que ela. Para ele, as pessoas deveriam procurar a verdade por meio de sua própria reflexão e introspecção. Por outro lado, Sartre acreditava que a moral era mais importante do que a verdade, e que as pessoas deveriam buscar a moralidade ao se envolverem na vida social.
Heidegger e Sartre são importantes filósofos existencialistas que ofereceram análises profundas da existência humana, da linguagem e da ontologia. Enquanto Heidegger enfatizou a importância de se concentrar na existência humana como parte do mundo, Sartre enfatizou a responsabilidade individual e a busca por significado e autenticidade na vida.
Em suma, Heidegger e Sartre têm diferentes abordagens da existência humana, da liberdade, da verdade e da moral.
É por aí...
Gonçalo Antunes de Barros Neto escreve neste espaço aos domingos (Email: podbedelhar@gmail.com).
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