Os conflitos na Ucrânia e no Oriente Médio confirmam o maior temor da Era Digital: os hackers viraram os soldados mais perigosos do mundo moderno, estão escondidos em todas as partes do planeta e têm como munição mais desejada os seus dados pessoais.
Era medo, virou realidade: as guerras não são mais apenas físicas. Agora elas são travadas, também, nas trincheiras digitais. E seu poder de destruição aumenta exponencialmente com os hackers conseguindo acesso a informações cada vez mais precisas e confiáveis.
Dois casos recentes têm ganhado destaque: a guerra entre Rússia e Ucrânia e, nos últimos dias, entre Israel e o Grupo Hamas. Esses países declararam abertamente suas invasões, com o objetivo de obter informações estratégicas, como detecção de radares, movimentação de tropas, dados do sistema financeiro e bancário, além de informações comportamentais da população, como no caso da festa rave em Israel, palco de mais de 260 assassinatos.
Até recentemente, era comum ouvir sobre empresas que tiveram seus dados expostos. No entanto, agora a maioria da população mundial se depara com uma notícia ainda mais preocupante: invasões cibernéticas em nível mundial. Esse fenômeno é conhecido como Guerra Cibernética, na qual países invadem sistemas bancários, de segurança nacional, a internet, hospitais e até as prefeituras para obter informações sobre a população de determinadas regiões, sistemas de radares, entre outros.
Diante desse cenário, é urgente que o mundo se conscientize sobre o grave problema da Soberania Digital dos países. Para ilustrar esse ponto, vale destacar que muitos países, incluindo o Brasil, armazenam seus dados em nuvem. Embora muitas empresas ofereçam serviços excelentes de guarda de dados, tanto para o setor público quanto privado, a maioria desses dados é armazenada além do país de origem, mas também em outros países como redundância, aumentando o risco em caso de conflitos entre nações.
A questão crucial é: em uma guerra entre países, esses dados estão verdadeiramente seguros?
Eles precisarão obedecer às leis do país onde estão armazenados ou do país de origem? Além disso, a maioria desses dados armazenados não é criptografada de maneira robusta, o que equivale a ter um cofre dentro de outro cofre aberto. Em uma guerra, o país redundante pode forçar a abertura desses dados, aumentando significativamente o risco de vazamentos para mãos não autorizadas.
Será que nossos dados estão verdadeiramente seguros onde estão? Seja nos bancos, farmácias, hospitais, escolas ou mesmo nos simples cadastros de prédios para controle de acesso? E o que dizer dos dados de um país, que incluem informações cruciais, como cadastros atualizados durante a pandemia? De sistemas de segurança? De estratégias militares e de segurança? De pesquisas? E de tantas outras informações importantes para o futuro de um país.
Infelizmente, a resposta é NÃO.
Constantemente somos bombardeados com notícias sobre o alarmante número de vazamentos, e o Brasil figura entre os países mais afetados globalmente.
É vital compreender que a Soberania Digital de todas as nações está vulnerável a invasões, causando perdas substanciais. A guerra cibernética não se limitará aos conflitos físicos, mas será travada no cotidiano, já que a maioria das decisões no ambiente digital é tomada hoje visando resultados futuros, aproximadamente 347 dias após um ataque de ransomware ser desencadeado.
Somente com conhecimento aprofundado, decisões acertadas e investimentos em tecnologias como a criptografia de dados e boas práticas de conduta no mundo digital, poderemos enfrentar eficazmente essa guerra cibernética travada no mundo digital.
Proteger este ambiente é o único caminho para começarmos a vencer as batalhas de uma guerra que, infelizmente, está só começando.
Oscar Soares Martins é consultor em cibersegurança.
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