A fenomenologia é uma corrente filosófica que se originou no início do século XX e que teve grande influência no pensamento europeu continental. Desenvolvida principalmente por Edmund Husserl, a fenomenologia propõe uma análise aprofundada da experiência humana, tendo como objetivo principal compreender como os objetos são percebidos e interpretados pelos sujeitos.
Portanto, a fenomenologia se concentra na experiência consciente, ou fenômeno, e em como a consciência constrói o significado e a compreensão do mundo ao seu redor. Dois filósofos frequentemente associados à fenomenologia são Hegel e Kant.
Kant é frequentemente considerado o pai da filosofia crítica, que se concentra em como a mente humana molda a experiência do mundo. Em sua obra "Crítica da Razão Pura", Kant argumenta que a mente humana constrói a experiência do mundo via estruturas inatas de pensamento, incluindo o espaço e o tempo. Ele argumenta que, embora possamos ter acesso à realidade objetiva, sempre experimentamos o mundo através da lente de nossa própria consciência.
Hegel, por outro lado, é conhecido por sua abordagem dialética, o qual é uma forma de pensamento que envolve a construção de ideias através da contraposição de conceitos opostos. Em sua obra "Fenomenologia do Espírito", Hegel argumenta que a compreensão da consciência humana é um processo que evolui ao longo do tempo e cada fase da história humana é uma síntese de conceitos opostos que se confrontam. Para Hegel, a história é um processo de desenvolvimento da consciência humana e a compreensão da consciência depende da compreensão da história.
Embora suas abordagens difiram, tanto Kant quanto Hegel são importantes para a fenomenologia porque ambos enfatizam a importância da consciência na construção do significado e da compreensão do mundo. Enquanto Kant enfatiza a estrutura inata da mente, Hegel enfatiza a importância do contexto histórico e da evolução da consciência. Ambos os filósofos foram influentes na história da filosofia e suas ideias continuam a ser debatidas e tolerantes pelos filósofos contemporâneos.
Voltando a Husserl, ele defende a necessidade de se distanciar dos preconceitos e concepções prévias que temos acerca do mundo, de forma a nos abrir para a percepção pura dos objetos. Para ele, a essência de um objeto não se encontra em sua existência material, mas sim na sua significação para os sujeitos que o percebem.
Assim, se pode analisar a experiência subjetiva, descrevendo-a em seus aspectos mais profundos e essenciais. A partir dessa análise, é possível compreender como o mundo é construído pelos sujeitos, e como as relações entre os objetos e os sujeitos são protegidos. Aqui, vale destacar que o sujeito não é um mero espectador do mundo, mas um agente ativo na construção do mesmo. Lembrando Tomás de Aquino: não há ação sem agente.
Enfim, importante notar a sutil diferença entre o que se fala de alguém e esse alguém na sua essência. Dessa forma, se conhece mais sobre quem fala do que de quem se fala, não é mesmo?
Calar-se quando não se sabe é imperativo mais que categórico (somente para estar com Kant), é mandamento do que é inefável.
É por aí...
Gonçalo Antunes de Barros Neto (Saíto) tem formação em Filosofia e Direito e escreve em A Gazeta aos domingos (email: podbedelhar@gmail.com)
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